O percurso identitário da baiana
A vendedora ambulante foi parte integrante da paisagem brasileira e, principalmente, de cidades como Rio de Janeiro, Salvador e Recife no passado, embora essa tradição persista nos dias atuais, por ser uma atividade capaz de garantir a subsistência para uma parcela significativa da população de baixa renda, excluída do processo produtivo convencional. Esta vendedora ambulante, no entanto, segundo Pierre Verger,[1] desenvolveu no Brasil atividades que já lhe eram familiares na África e ele explica também, que, a partir de meados do século XVIII os africanos importados para a Bahia e Recife eram originários do golfo do Benin ou da Costa dos Escravos, enquanto que as outras regiões do Brasil continuavam a receber escravos do Congo e de Angola.
Segundo esse autor, esse pormenor tem importância fundamental visto que a procedência dos escravos desembarcados na Bahia contribuiu para a originalidade da vida local e para justificar porque a Bahia tem características diferentes de outras cidades brasileiras. Verger alerta ainda para o fato de que é imprescindível conhecer o espaço ocupado pelas mulheres da sociedade iorubá, na África, onde a organização da família nessa etnia é polígama, o que colabora para que a mulher desfrute de maior liberdade, em oposição às ligações monógamas. Estas mulheres são vistas apenas como progenitoras, capazes de preservar a linhagem familiar, não se integrando totalmente à família do marido, fato que lhes confere, também, uma certa independência. Nas sociedades nagô-ioruba, por exemplo, estas mulheres podem circular livremente e participar dos mercados das cidades vizinhas sendo, inclusive, boas comerciantes o que lhes permite amealhar somas consideráveis, até superiores àquelas ganhas por seus cônjuges.
Verger acrescenta que no Brasil existe uma situação análoga entre as mulheres de descendência africana, embora já não haja espaço para a grande família que gira em torno do pai polígamo. São as mulheres que mandam em casa e criam os filhos, geralmente de pais diferentes. E Verger conclui que, “elas vendem nos mercados e nas ruas, alimentos cozidos idênticos aos da África, tais como os acarajés”[2]… explicando que essas mulheres, descendentes dos nagôs preservaram o mesmo espírito de iniciativa do seu país de origem e as mesmas tendências dominadoras, tanto na família como nas suas relações com os outros. Essas observações permitem, em contrapartida, identificar características próprias das “baianas de acarajé” a trabalhadora das ruas da Bahia, que veremos no decorrer desse trabalho.
A venda ambulante de produtos diversos não é uma atividade recente; no passado, era uma atividade característica das escravas e libertas que, segundo Vilhena[3], era financiada pelos patrões, o que lhes garantia a liberdade de preços e a não interferência de terceiros em seus negócios. A atividade dessas vendedoras remonta, segundo vários pesquisadores à época colonial, quando as escravas de ganho se deslocavam pelas ruas das cidades com o objetivo de vender mercadorias diversas. Kátia de Queirós Mattoso[4] explica que no século XIX a maioria das mulheres brancas não exerciam atividades fora dos limites de suas casas; porém, quando eram obrigadas a reforçar o orçamento familiar, realizavam trabalhos de bordados, costuras e doces para serem vendidos nas ruas pelas ganhadeiras. Estas senhoras, oriundas das classes médias, não se expunham a vender o fruto do seu trabalho na rua, delegando essas tarefa às suas cativas,[5] que, exercendo essa atividade, conseguiam por vezes comprar a própria liberdade utilizando a quota de lucro que lhes cabia como recompensa do trabalho que executavam. Tânia Gandon,[6] num trabalho sobre a comunidade de Itapuã, recolheu preciosas informações, através da memória coletiva do bairro, sobre as antigas vendedoras de peixes, conhecidas também como ganhadeiras, mostrando a trajetória dessas mulheres, que foram, certamente, as predecessoras das baianas dos dias atuais.
As três baianas: personagens do passado, da rua e da canção
No sentido dicionarizado, a palavra baiana é identificada como “feminino substantivado do adjetivo baiano”, e como designação da “negra mestiça da Bahia, em especial a vendedora de quitandas, cuja indumentária consta de saia rodada, bata de renda, turbante, pano da costa, colares e balangandãs”. Um olhar sobre as fontes iconográficas que retratam as escravas do passado, confirma que a indumentária usada pelas vendedoras atuais quase não sofreu transformações e muitos testemunhos sobre a elegância dessas mulheres chegaram até nós através de viajantes e visitantes que percorreram as terras brasileiras[7].
Pierre Verger[8] esclarece que esse traje típico das mestiças baianas certamente seria originário das etnias nagô-ioruba,[9] cuja presença na Bahia do passado era considerável. Ele observa ainda que as pessoas dessa etnia africana vivem sobretudo em meio urbano, levando uma existência permeada de relações quotidianas, não só com vizinhos, mas também em encontros de caráter social nos mercados das cidades, atitudes que contrastam dos habitantes mais próximos do Daomé, onde a vida tinha, geralmente, um caráter rural; logo, a origem urbana da maioria dos escravos trazidos para a Bahia, poderia explicar o esmero no vestir das negras baianas que, ao que tudo indica, era mais evidente nessa cidade do que nas demais cidades brasileiras.[10]
Apesar de considerado como luxuoso e bonito, esse traje, no entanto, era peculiar às negras e mulatas, sendo utilizados ocasionalmente pelas brancas tidas como “sem sorte”, ou seja, pelas brancas pobres. Na realidade, ser uma “mulher de saia” – em oposição à “mulher de vestido”[11] – representava determinar simbolicamente a origem social dessas mulheres pertencentes às camadas pobres da população. Esta marca de distinção entre as camadas sociais não impediu, no entanto, à princesa real brasileira, Dona Isabel, de vestir-se de “preta baiana” num baile à fantasia realizado em 07 de fevereiro de 1865, em Londres, fato que foi comunicado por carta ao seu pai, o imperador Pedro II e que provocou surpresa e comentários da corte brasileira da época.[12]
Nina Rodrigues, descrevendo os usos e costumes das escravas baianas também faz alusão às roupas observando, por exemplo, que as trabalhadoras negras usavam saias largas e coloridas, batas de algodão e pano da Costa; as negras ricas, porém, acrescentavam ricos adornos à sua indumentária: as saias, nesse caso, eram de seda, a camisa de alvo linho e o pano da costa de rico tecido. Além disso, enfeitavam-se com braceletes de ouro que cobriam os braços até à metade e na cintura traziam uma penca de berloques com a imprescindível figa. Esses berloques são os famosos balangandãs, palavra que se tornou popular nos aos 30 graças à canção O que é que a Baiana tem?,[13] de Dorival Caymmi.
Segundo o historiador baiano Cid Teixeira a denominação “baiana” designando a vendedora ambulante é recente e ele explica que a sua geração, oriunda dos anos 20, não conhecia outra forma senão “crioula,” para designar a vendedora de pratos típicos daquela época. E ele acrescenta: “Ora, baiana ela já era, antes de qualquer coisa! Nós importamos a designação “baiana”, que era utilizada sobretudo no Rio de Janeiro.”[14] Em 1939, quando Dorival Caymmi, grava a canção A preta do acarajé,[15] que conquista um grande sucesso em todo o país, a vendedora que oferece os seus petiscos mercando em nagô, também não é identificada por Caymmi como a “baiana” e ele esclarece em o Cancioneiro da Bahia,[16] que aqueles versos faziam parte das lembranças da sua infância, quando escutava na rua em que morava, o canto triste da negra vendedora de acarajés: “ô acarajé ecô, olalaí ó”[17]… tendo inclusive, conservado na canção que compôs as mesmas palavras e a mesma música do pregão.
Thales de Azevedo[18] em trabalho publicado em 1953, também discorre sobre o assunto o que reitera a declaração de Cid Teixeira. Eis aqui as informações do antropólogo baiano: “Aos filhos de africanos nascidos no Brasil, chamava-se de crioulos, termo ainda hoje aplicado na sua forma feminina às pretas e mulatas que se vestem como “baianas”, com torso à cabeça, saia muito ampla, camisa alva bordada e muito decotada e um chale de cores nos ombros… As crioulas típicas baianas são figuras típicas das ruas das cidades, onde podem ser vistas ao transitarem para os centros de culto fetichistas ou sentadas junto a tabuleiros em que expõem à venda, especialmente durante as festas populares, os manjares da famosa cozinha local, em grande parte de origem africana”.
Existe porém, outra forma de designar as mulheres naturais da Bahia, extensiva às vendedoras das ruas da cidade, muito utilizada nos textos das canções; trata-se do substantivo iaiá, uma deformação da palavra senhora – sinhá – que no sentido dicionarizado “é um tratamento dado às meninas e às moças, de largo uso no tempo da escravidão e hoje quase abolido”.[19] Ora, sinhá, ou iaiá, era portanto a “senhorita” e não a escrava. O uso, entretanto, banalizou o termo, sendo o mesmo utilizado para expressar a naturalidade das filhas da Bahia, como forma de tratamento carinhoso e mesmo como diminutivo, quando utilizado como apelido, de uso freqüente ainda nos dias atuais, principalmente nas cidades do interior do estado. Certo é que o número de canções cujos versos fazem referência às “Iaiás da Bahia”[20] é extenso, sendo a forma utilizada também no masculino – ioiô. Em canções como O coco de Iaiá,[21] fica claro o propósito afetuoso: “Quero provar minha iaiá/ doce de coco açucarado”… Já em canções como Iaiá formosa,[22] Iaiá baianinha,[23] Iaiá, ioiô e a cuíca[24], Iaiá da Bahia[25] e Iaiá do Cais dourado[26], fica evidente a designação da mulher natural da Bahia, embora haja alusões à vendedora visto que o traje da baiana é evocado, da mesma maneira que algumas das especialidades culinárias locais preparadas por ela. Essas evocações parecem, no entanto, querer reforçar a imagem da “iaiá”, a filha da Bahia que usa saia rodada, bata rendada e sandália dourada, talvez conhecedora da cozinha típica, uma vez que a sua imagem é sempre associada a ela, mas sobretudo, exímia conhecedora dos segredos dos feitiços e requebros capazes de conquistar corações, como confirmam os versos da canção : “baiana é aquela que entra no samba de qualquer maneira, que mexe e remexe dá nó nas cadeiras e deixa a moçada com água na boca”…
Pode-se deduzir, no que concerne a indumentária e às denominações dadas à baiana que existe uma estreita afinidade entre os nomes – crioula e baiana – e a profissão dessas mulheres, ou seja, a de vendedoras ambulantes urbanas de comidas típicas, que se tornaram figuras obrigatórias das ruas da cidade, conquistado o status de símbolo da Bahia e até do Brasil.[27] Desse modo, a “crioula” e a “preta do acarajé”, do passado personificam a “baiana do acarajé” dos dias atuais, com algumas variantes do traje que as identifica e do comportamento, no que diz respeito às obrigações e preceitos de cunho religioso, pois nem todas as mulheres que exercem essas atividades, no presente, estão vinculadas ao candomblé, fato que era comum no passado.[28]
Quanto à iaiá, ela seria a “baiana ideal”, a imagem exótica do cartão postal, e da letra da canção popular, estereotipada e superficial, mas que tem boa aceitação junto ao público consumidor; a iaiá, na realidade, não tem traços afins com a baiana tradicional, a comerciante, trabalhadora de longas jornadas, capaz de enfrentar os desafios das intempéries e as dificuldades comuns àqueles que trabalham na rua.
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Artigo publicado:
DAVID Maria Lenilda Carneiro S. A Baiana do acarajé : imagens do real e do ideal, Revista da Biblioteca Mário de Andrade, v. 57, São Paulo, jan./dez., 1999, p. 147-155.
[1] – VERGER, Pierre Fatumbi. Artigos, São Paulo, Corrupio, Coleção Baianada, Vol. I, 1992.
[2] – VERGER, Pierre Fatumbi. A contribuição especial das mulheres ao candomblé do Brasil, in Artigos, op. cit. p. 98-101.
[3] – VILHENA, Luís dos Santos. A Bahia no século XVIII. Salvador, Itapuã, 1969, p. 237; citado por Tânia Gandon, Un parcours de femme dans la ville. L’Itinéraire de la ganhadeira dans la culture bahianaise, in Les femmes dans la ville – Un dialogue franco-brésilien, (Centre d’Etudes sur le Brésil), Presses de l’Université de Paris – Sorbonne, 1997, p. 65.
[4] – QUEIROS MATTOSO, Kátia. Bahia, século XIX – Uma província no Império, 2a ed., Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira, p. 536.
[5] – QUEIRÓS MATTOSO, Kátia. História da vida privada no Brasil (coleção dirigida por Fernando A. Novais, vol. organizado por Luís Felipe de Alencastro), São Paulo, Companhia das Letras, 1997, p. 163.
[6] – GANDON Tânia. Un parcours de femme à travers la mémoire de la ville – L’itinéraire de la ‘ganhadeiras’ dans la culture bahianaise, in Les femmes dans la ville, un dialogue franco-brésilien, Centre d’Etudes sur le Brésil, Presses Universitaires de Paris – Sorbonne, 1997.
[7] – São muitos os comentários sobre a elegância das negras baianas, deixados por viajantes estrangeiros, entre eles, BARBINAIS Le Gentil de la. Voyage autour du monde, Paris, 1728, Tomo III, p. 203; AVE-LALLEMENT Robert. Viagem pelo norte do Brasil, Rio 1961, Tomo I, p. 21: WETHERELL James. Notes from Bahia, Liverpool, 1860, p. 72. Citados por Pierre Verger, in Artigos, Ed. Corrupio, Coleção Baianada, São Paulo, 1992.
[8] – VERGER Pierre Fatumbi. A origem africana da elegância das mulheres negras da Bahia, in Artigos, op. cit, p. 106-107.
[9] – Existe uma polêmica em torno da origem do traje da baiana; alguns autores atribuem a sua origem ao Daomé, divergindo deste pesquisador.
[10] – Por volta de 1830, Debret assinalava que « com as perturbações políticas ocorridas na Bahia em 1822, verificou-se uma grande imigração de trânsfugas… elas distinguiam-se pela sua ‘toilette’. As negras da Bahia reconhecem-se facilmente pelos seus turbantes e ela largura dos seus lenços de seda; quanto ao demais do vestuário, ele é composto por uma blusa de musselina bordada, sobre a qual elas colocam uma baeta bordada cujas riscas caracterizam o fabrico da Bahia. O valor da blusa e a quantidade das jóias em ouro são os principais objetos da sua coqueteria” .DEBRET Jean-Baptiste. Voyage pittoresque au Brésil, Paris, 1834, Vol. II, p. 223.
[11] – VIANNA, Hildegardes. A Bahia já foi assim, 2a ed. São Paulo, GDR / Brasília, Instituto Nacional do Livro, 1979, p. 146, citado por Tânia Gandon, op. cit. p. 66.
[12] – AULER Guilherme. « A Redentora e o Recife », Arquivos 21, 47 e 84, Secretaria de Educação e Cultura, Recife, 1925-1965, citado por Luís da Câmara Cascudo, Dicionário do folclore brasileiro, Rio de Janeiro, Ediouro, 1972, p. 126.
[13] – O que é que a baiana tem ? Canção de Dorival Caymmi, gravada pelo autor em parceria com Carmen Miranda, disco Odeon 11.710a, em 1939.
[14] – Cid Teixeira concedeu-me uma entrevista, que foi devidamente registrada em fita cassete, no dia 7 de agosto de 1996 em seu escritório no bairro da Pituba em Salvador, entre 9h e 13.30h.
[15] – A preta do acarajé – Música e letra de Dorival Caymmi, disco Odeon n° 11710b, gravada em 1939 e cantada pelo autor e por Carmen Miranda. “Dez horas da noite / Na rua deserta / A preta mercando / Parece um lamento… (Iê abará) Na sua gamela / Tem molho cheiroso, Pimenta-da-costa / Tem acarajé – Todo mundo gosta de acarajé / O trabalho que dá pra fazer é que é / Todo mundo gosta de acarajé – Todo mundo gosta de abará / Ninguém quer saber o trabalho que dá / Todo mundo gosta de abará / Todo mundo gosta de acarajé… Dez horas da noite / Na rua deserta / Quanto mais distante / Mais triste o lamento (Iê abará)”
[16] – CAYMMI Dorival. Cancioneiro da Bahia, prefácio de Jorge Amado, 5a ed., Rio de Janeiro, Record, 1978, p. 160.
[17] – O pregão das vendedoras ambulantes das ruas da Bahia era cantado em iorubá; “ô acará jê ecô”, que significa “vem comer acará”; à palavra acará acabou sendo incorporado o verbo “jê” – comer – resultando hoje em acarajé. Esclarecimento de Cid Teixeira em entrevista concedida à autora em 07/08/96.
[18] – AZEVEDO, Thales. As elites de cor numa cidade brasileira : um estudo de ascensão social & classes sociais e grupos de prestígio, apresentação e prefácio de Maria de Azevedo Brandão, 2a ed., Salvador, EDUFBA – EGBA, 1996, p. 37; título original da 1a edição, Les élites de couleur dans une ville brésilienne, Paris, UNESCO, 1953.
[19] BUARQUE DE HOLANDA, Aurélio. Dicionáriio da Língua Portuguesa, Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1979, p. 254. Verbete: iaiá – (ià-iá)[De sinhá.] – S. f. Bras. Fam. 1. Tratamento dado às meninas e às moças, de largo uso no tempo da escravidão e hoje quase abolido; nhanhá, nhanhã, nanã.
[20] – Repertoriei cerca de oitenta canções onde são encontradas as palavras iaiá e ioiô.
[21] – O coco de Iaiá, composição de Américo Jacomino, cantada por Pilé, disco n° 10.015a, Odeon, 1927.
[22] – “Que iaiá formosa / teu ioiô eu hei de ser… Com sandália cor de ouro / Saia cheia de babado / Oh baiana és um tesouro, quando dança o requebrado”… Iaiá formosa, samba de A de Souza Rego, cantada par Silvio Pinto, disco Colúmbia, N° 22.260, 1934.
[23] – “Iaiá baianinha, pimenta de cheiro,/ Cheirando a leite de coco, arruda e manjericão / Machuca, machuca meu coração / Sacode mulata a saia engomada”… Iaiá baianinha – Humberto Porto, cantada pelo Trio de Ouro ; disco Odeon n° 11.611a, 1938.
[24] – “-Pimenta de cheiro, com vatapá!/ -Pra quem iaiá?/ -Pra você ioiô”… Iaiá, Ioiô e a cuíca –Fausto Vasconcelos e F. Martins, cantada em dupla por J. B. de Carvalho e Nena. Robledo, disco Odeon n° 11.882a, gravado em 1940.
[25] – “Iaiá da Bahia chegou/ Batuque não pode parar/ Levanta a poeira do chão/ Bate surdo o pandeiro e o ganzá“…Iaiá da Bahia. Ary Barroso, cantada por Deo, disco Sinter n° 00000080a, 1951.
[26] – « No cais dourado da velha Bahia/ Onde estava o capoeira/ a Iaiá também se via / Juntos na feira ou na romaria, no banho de cachoeira e também na pescaria/ dançavam juntos em todo fandango e festinha »…Iaiá do Cais Dourado, samba-enredo de Martinho da Vila e Rodolfo de Souza, apresentado pela Escola de Samba Vila Isabel no carnaval de 1969, gravado pelo selo Arabela BMG, disco n° 60034335, 1972.
[27] – O samba exaltação que ocupa um lugar de destaque na música popular dos anos 30-40, canta o Brasil e sua natureza, sua riqueza, suas mulheres e tradições, focalizando na Bahia através da imagem de Carmen Miranda e com a ajuda dos baianos, uma série de valores ideológicos que são sistematicamente exploradas para a propaganda do Brasil no exterior, sendo inclusive, incentivados pelo DIP, enquanto o Brasil escuta ao pé do rádio, as proezas do Brasil mulato e da baiana de saia rendada. A este respeito, consultar: Música – O nacional e o popular na cultura brasileira, Enio Squeff e José Miguel Wisnik, São Paulo, Brasiliense, 1982; Afonso Romano de Santana, Música popular e moderna poesia brasileira, Petrópolis, Vozes, 1986.
[28] – Sobre as práticas e preceitos religiosos das “baianas de acarajé”, ver LODY, Raul. Santo também come, 2a ed. Rio de Janeiro, Editora Pallas, 1998. (Prefácio de Gilberto Freyre para a 1a edição (1978) e de Maria Stella de Azevedo (Mãe Stella, do Axé Opô Afonjá), para a 2a ed.