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Dia dos Pais no SESC
DIA DOS PAIS SESC COM ZÉ LEZIN
Em homenagem aos pais, o SESC traz a Feira de Santana o melhor do humor brasileiro. Zé Lezin, que com seu fino bigodinho, seu chapéu de couro e sua mala a tira colo, resolveu passar pelo SESC Feira de Santana para distribuir gargalhadas em seu show “A Saga do Matuto”, com novos causos e piadas, contados ao estilo bem nordestino e de forma natural, aumentando a irreverência do show e com os temas de sempre: políticos e a política, relações conjugais, presepada de matutos, bêbados e como não poderia faltar, a loira e a sogra.
“Tem gente que pensa que a criação do personagem Zé Lezin e os repertórios, que venho apresentando há décadas, não passam de uma brincadeira, mas se enganam”, observa Nairon, criador do personagem. E se enganam mesmo. Quem o conhece de perto sabe que ele vive pesquisando, que já atuou em grupos folclóricos da Paraíba e que já gravou CDs nos quais alternava seus causos com registros de forró. “Sou um apaixonado pela arte do povo nordestino, que considero um manancial inesgotável e que ainda tem muito a ser explorado”, enfatiza.
Esse grande show acontecerá no próximo dia 08 de agosto a partir das 20h, na Quadra Poliesportiva do SESC.
Ressaltamos que o associado SESC com a carteira atualizada terá entrada franca e poderá trazer até 02 convidados devidamente documentados ao custo de R$ 20,00 por convite.
Dia dos Pais com Zé Lezin da Paraíba.
Dia 08 de agosto às 20h na quadra Poliesportiva do SESC
Maiores informações pelos telefones: 3622-1077 ou 3622-1550.
SESC, Sempre fazendo o melhor por você!
Wave
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Corações de pedra?
Fonte: Humor no Face
26 de julho, dia da Padroeira de Feira de Santana
Desde o dia 17 de julho, a Paróquia da Catedral Metropolitana de Sant’Ana está em festa. O encerramento das festividades aconteceu hoje, dia 26 de julho. Sant’Ana é a avó de Jesus, padroeira da cidade de Feira de Santana e padroeira dos Professores.
Este ano a Festa da Padroeira também comemorou o Jubileu de Ouro da Arquidiocese de Feira de Santana. Pela manhã houve missa festiva na Catedral e à tarde, uma procissão percorreu as ruas da cidade.
Como Sant’Ana é a avó de Jesus e como o dia 26 de julho é dedicado às avós, ofereço a todas elas a linda crônica de Rachel de Queiroz.
A arte de ser Avó
Rachel de Queiroz
Netos são como heranças: você os ganha sem merecer. Sem ter feito nada para isso, de repente lhe caem do céu. É, como dizem os ingleses, um ato de Deus. Sem se passarem as penas do amor, sem os compromissos do matrimônio, sem as dores da maternidade. E não se trata de um filho apenas suposto, como o filho adotado: o neto é realmente o sangue do seu sangue, filho de filho, mais filho que o filho mesmo… Quarenta anos, quarenta e cinco… Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que o tempo passou mais depressa do que esperava. Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A velhice tem as suas alegrias, as suas compensações – todos dizem isso embora você, pessoalmente, ainda não as tenha descoberto – mas acredita. Todavia, também obscuramente, também sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade. Não de amores nem de paixões: a doçura da meia-idade não lhe exige essas efervescências. A saudade é de alguma coisa que você tinha e lhe fugiu sutilmente junto com a mocidade. Bracinhos de criança no seu pescoço. Choro de criança. O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meu Deus, para onde foram as suas crianças? Naqueles adultos cheios de problemas que hoje são os filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento a prestações, você não encontra de modo nenhum as suas crianças perdidas. São homens e mulheres – não são mais aqueles que você recorda.
E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe põe nos braços um menino. Completamente grátis – nisso é que está a maravilha. Sem dores, sem choro, aquela criancinha da sua raça, da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida. Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho, é um menino seu que lhe é “devolvido”. E o espantoso é que todos lhe reconhecem o seu direito de o amar com extravagância; ao contrário, causaria escândalo e decepção se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor recalcado que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração. Sim, tenho certeza de que a vida nos dá os netos para nos compensar de todas as mutilações trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes que vêm ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis. Aliás, desconfio muito de que netos são melhores que namorados, pois que as violências da mocidade produzem mais lágrimas do que enlevos. Se o Doutor Fausto fosse avó, trocaria calmamente dez Margaridas por um neto…
No entanto – no entanto! – nem tudo são flores no caminho da avó. Há, acima de tudo, o entrave maior, a grande rival: a mãe. Não importa que ela, em si, seja sua filha. Não deixa por isso de ser a mãe do garoto. Não importa que ela, hipocritamente, ensine o menino a lhe dar beijos e alhe chamar de “vovozinha”, e lhe conte que de noite, às vezes, ele de repente acorda e pergunta por você. São lisonjas, nada mais. No fundo ela é rival mesmo. Rigorosamente, nas suas posições respectivas, a mãe e a avó representam, em relação ao neto, papéis muito semelhantes ao da esposa e da amante dos triângulos conjugais. A mãe tem todas asvantagens da domesticidade e da presença constante. Dorme com ele, dá-lhe de comer, dá-lhe banho, veste-o. Embala-o de noite. Contra si tem a fadiga da rotina, a obrigação de educar e o ônus de castigar. Já a avó, não tem direitos legais, mas oferece a sedução do romance e do imprevisto. Mora em outra casa. Traz presentes. Faz coisas não programadas. Leva a passear, “não ralha nunca”. Deixa lambuzar de pirulitos. Não tem a menor pretensão pedagógica. É a confidente das horas de ressentimento, o último recurso nos momentos de opressão, a secreta aliada nas crises de rebeldia. Uma noite passada em sua casa é uma deliciosa fuga à rotina, tem todos os encantos de uma aventura. Lá não há linha divisória entre o proibido e o permitido, antes uma maravilhosa subversão da disciplina. Dormir sem lavar as mãos, recusar a sopa e comer roquetes, tomar café – café! -, mexer no armário da louça, fazer trem com as cadeiras da sala, destruir revistas, derramar a água do gato, acender e apagar a luz elétrica mil vezes se quiser – e até fingir que está discando o telefone. Riscar a parede com o lápis dizendo que foi sem querer – e ser acreditado! Fazer má-criação aos gritos e, em vez de apanhar, ir para os braços da avó, e de lá escutar os debates sobre os perigos e os erros da educação moderna…
Sabe-se que, no reino dos céus, o cristão defunto desfruta os mais requintados prazeres da alma. Porém, esses prazeres não estarão muito acima da alegria de sair de mãos dadas com o seu neto, numa manhãde sol. E olhe que aqui embaixo você ainda tem o direito de sentir orgulho, que aos bem-aventurados será defeso. Meu Deus, o olhar das outras avós, com os seus filhotes magricelas ou obesos, a morrerem de inveja do seu maravilhoso neto! E quando você vai embalar o menino e ele, tonto de sono, abre um olho, lhe reconhece, sorri e diz: “Vó!”, seu coração estala de felicidade, como pão ao forno. E o misterioso entendimento que há entre avó e neto, na hora em que a mãe o castiga, e ele olha para você, sabendo que se você não ousa intervir abertamente, pelo menos lhe dá sua incondicional cumplicidade…
Até as coisas negativas se viram em alegrias quando se intrometem entre avó e neto: o bibelô de estimação que se quebrou porque o menininho – involuntariamente! – bateu com a bola nele. Está quebrado e remendado, mas enriquecido com preciosas recordações: os cacos na mãozinha, os olhos arregalados, o beiço pronto para o choro; e depois o sorriso malandro e aliviado porque “ninguém” se zangou, o culpado foi a bola mesma, não foi, Vó? Era um simples boneco que custou caro. Hoje é relíquia: não tem dinheiro que pague…
In, O brasileiro perplexo, 1964.