Uefs desenvolve atividades sobre o câncer de mama

 

A Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) realiza evento educativo sobre o câncer de mama, nesta quinta-feira (31), de 9 às 12h. As atividades, abertas ao público, serão desenvolvidas no Anfiteatro do módulo 2, campus universitário.

A iniciativa faz parte do Outubro Rosa, mês marcado por ações do Ministério da Saúde para intensificar discussões sobre o tema e estimular a realização de exames para detecção precoce do câncer de mama.

O evento “Uefs no Outubro Rosa – O que você sabe sobre o câncer de mama?” terá palestras sobre informações diversas, como diagnóstico e tratamento da doença, com a participação de professores do Departamento de Saúde da Instituição. A organização do encontro solicita que as mulheres, preferencialmente, vistam roupas na cor rosa, que é a tonalidade símbolo da campanha.

Mais informações através dos telefones (75) 3161-8191 e 3161-8318.

 

Programação

9h – Apresentação Musical – Estudantes do Curso de Música da Uefs

9h30 – “O que você precisa saber sobre o Câncer de Mama”

Profª Rita de Cássia Rocha – Enfermeira, docente do Departamento de Saúde/Curso enfermagem da Uefs

10h10 – “Diagnóstico e Tratamento do Câncer de Mama”

Profº Flávio Amorim Machado – Médico Mastologista – docente do Departamento de Saúde/Curso de Medicina da Uefs

11h – Discussão

12h – Encerramento

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Martha Medeiros fala de desassossego

 

A Raça dos Desassossegados

 

Martha Medeiros

Foi no livro A caverna, de José Saramago, que o personagem Cipriano Algor definiu seu genro Marçal como um homem ‘da raça dos desassossegados de nascença’. Logo, pensei ao ler, ‘eu também sou’, assim como você deve estar pensando, ‘me inclua nessa’. À raça dos desassossegados pertencemos todos, negros e brancos, ricos e pobres, jovens e velhos. Bem, desde que tenhamos duas características: a inquietação (que nos torna insuportavelmente exigentes conosco) e a ambição de vencer não os jogos, mas o tempo, esse adversário implacável.

Desassossegados do mundo correm atrás da felicidade possível, e uma vez alcançado seu quinhão, não sossegam: saem atrás da felicidade improvável, aquela que se promete constantemente, aquela que ninguém nunca viu, e por isso sua raridade. Desassossegados amam com atropelo, cultivam fantasias irreais de amores sublimes, fartos e eternos, são sabidamente apressados, cheios de ânsias e desejos, amam muito mais do que necessitam e recebem menos amor do que planejavam. Desassossegados pensam acordados e dormindo, pensam falando e escutando, pensam antes de concordar e, quando discordam, pensam que pensam melhor, e pensam com clareza uns dias e com a mente turva em outros, e pensam tanto que pensam que descansam. Desassossegados não podem mais ver o telejornal porque choram, não podem sair mais às ruas porque tremem, não podem aceitar tanta gente crua habitando os topos das pirâmides e tanta gente cozida em filas, em madrugadas e no silêncio dos bueiros.

Desassossegados vestem-se de qualquer jeito, arrancam a pele dos dedos com os dentes, homens e mulheres soterrados, cavando sua abertura, tentando abrir uma janela emperrada, inventando uns desafios diferentes para sentir sua vida empurrada, desassossegados voltados pra frente. Desassossegados têm insônia e são gentis, as verdades imutáveis os incomodam, riem quando bebem, não enjoam, mas ficam tontos com tanta idéia solta, com tamanha esquizofrenia, não se acomodam em rede, leito, lamentam a falta que faz uma paz inconsciente. Dessa raça somos todos, eu sou e só sossego quando me aceito.

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Eterno Damário Dacruz

 

Observação do Tempo

Amanhecemos

com os olhos de amanhã

e o dia é hoje.

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Anoitecemos

com os sonhos de ontem

e a noite é hoje.

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E de tanta

falta de sintonia,

de tanta busca

e farta agonia,

rabiscamos no calendário

a morte dos dias

                                   (Damário da Cruz)