O Ministério Público Federal (MPF) usou o Facebook nesta segunda-feira (27) para apoiar o jogador brasileiro Daniel Alves, que atualmente trabalha para o Barcelona.
O Ministério Público Federal (MPF) usou o Facebook nesta segunda-feira (27) para apoiar o jogador brasileiro Daniel Alves, que atualmente trabalha para o Barcelona.
Linda interpretação de Marisa Monte
.
Fotografias em tamanho real instaladas pela artista visual Maristela Ribeiro em fachadas de casas no povoado de Morrinhos, próximo à cidade de Feira de Santana, mudam a paisagem e a autoestima da população.
24/04/2014 – Thais Borges (thais.borges@redebahia.com.br)
Ao sair de casa pela manhã, a lavradora Maria Luísa Lopes, 84 anos, deu uma olhada na fachada de casa. Há um mês, a visão era familiar: paredes brancas e janelas verdes. No fim da tarde, quando voltou, o susto. No lugar da casa estava uma estrada de terra, rodeada por grama e por uma cerca de arame farpado.
Estava na rua errada? Não. Todos os vizinhos pareciam estar no mesmo lugar – a Rua das Flores, no povoado de Morrinhos, a cerca de 40 quilômetros de Feira de Santana. Avistou o telhado e viu que o imóvel não tinha desaparecido. Mas… Cadê a porta?
Dona Doralice, 88 anos, tomou um susto: ‘Pensei que a minha casa tinha sumido’, conta como foi ver o lugar onde mora após o trabalho da artista visual Maristela Ribeiro. (Foto: Amana Dultra)
É verdade que a estrada, a grama e a cerca são comuns em Morrinhos. Só que, nesse caso, não passava da fachada da casa onde mora desde que nasceu, com uma pitada de ilusão de ótica.
Quem olha rápido – e até quem olha atentamente – pode não perceber que ali existe uma fotografia adesiva, impressa em tamanho real e colada no que antes era a parede branca. A intervenção faz parte de um trabalho da artista visual Maristela Ribeiro, professora do Instituto Federal da Bahia (Ifba). Há um ano, ela começou um projeto que pretendia mostrar a realidade de Morrinhos aos seus próprios moradores e ao mundo.
Não, dona Maria Luísa não está numa estrada de chão. Está na frente de sua casa em Morrinhos, Feira. Mais especificamente, na frente da porta – que até ela tem dificuldade de ver. (Foto: Amana Dultra)
Após oferecer oficinas de arte e fotografia à população, Maristela partiu para a última fase do projeto, que começou em dezembro e se estendeu até março. “Não encontrei nenhuma imagem da comunidade, que existe desde 1940. Imaginei trazer a paisagem regional e usar as casas como telhado”, afirma Maristela, que usa o projeto na pesquisa no doutorado em Artes na Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Metáfora
Apesar de chamar atenção dos quase 400 moradores e também dos forasteiros, a casa de dona Luísa não é a única: as paisagens de Morrinhos foram transportadas para outras nove das cerca de 90 residências do local.
“Meu objetivo era que as casas desaparecessem. Para mim, era uma metáfora sobre o esquecimento do local, sobre como essas pessoas são deixadas de lado e se tornam invisíveis”. Lá, a maioria dos moradores vive em casas de taipa, sem saneamento básico. A principal fonte de renda, além da agricultura familiar, é o Bolsa Família, segundo a pesquisadora.
Morrinhos: cerca de 90 casas, 400 moradores e muito esquecimento. (Fotos: Amana Dultra)
José Boaventura, o seu Nonô, é só sorriso após a mudança nas casas: ‘Todo mundo amou’. (Foto: Amana Dultra)
Pois, o objetivo foi alcançado. A casa de Luísa, assim como as outras, sumiu. “Eu demorei para achar a porta, na primeira vez”, lembra. Por sorte, viu o poste que fica quase ao lado da casa. “Agora, olho o poste! A porta fica perto dele”. Até os vizinhos estranhavam. “Perguntavam: cadê a casa de Luísa? Agora, todo mundo está encantado”, orgulha-se.
Confusão
A reação de dona Doralice Lopes, de 88 anos, foi parecida. Seis dias atrás, ela não fazia ideia de que sua casa tinha se transformado em uma cerca que separa a estrada de terra de um rebanho de cabras.
Nos últimos quatro meses, o filho, o lavrador José Boaventura, 68, esteve sozinho na casa de três quartos – ela descansava na casa de outra filha, em Salvador, depois de uma cirurgia “nas vistas”. Quando chegou, não reconheceu a residência onde sempre morou.
“Perguntei: cadê minha casa, gente? Achei que tinha sumido! Quando saí, minha casa era branca. Voltei e estava verde!”, comenta, deslumbrada. Ela nunca tinha visto uma foto em tamanho real. Agora, sentada em um banco de madeira sem recosto, dona Doralice também vê a Rua das Rosas, embora a tal rua não fique ali. O que ela vê, na verdade, é a fachada de outra casa que reproduz a via do povoado.
A artista Maristela Ribeiro (ao centro), em frente à casa de dona Doralice (de saia laranja) – (Foto: Amana Dultra)
“Eu nasci, me criei e perdi os dentes em Morrinhos, mas nunca tinha visto uma coisa tão bonita!”. Acostumado a ouvir promessas de políticos que não se concretizam, o filho dela, seu Nonô, achou que o mesmo fosse acontecer com a nova casa. “A gente pensava que não ia sair nada. Quando ela (Maristela) chegou e jogou o papel, foi que a gente viu. Todo mundo amou”.
Atração
Das dez casas, seis ficam na praça central da comunidade – que também concentra a maior parte da vida do povoado. Quase de frente para a igreja, a cachorra Pintada corre em direção às garças que sobrevoam os mandacarus. Contudo, só a cadela está realmente ali. Garças e mandacarus estão representados na casa da lavradora Joana Lopes, 52.
“O povo vem filmar, gravar, tirar foto. Eu fico até preocupada, do jeito que as coisas estão hoje, né?”, dizia, enquanto um grupo de crianças parava em frente à casa para admirar a paisagem. “Ver a casa assim é bom demais. Pena que a gente ainda não tem condições para reformar dentro, né?”, lamentou, mostrando a parede lateral do imóvel, construída com adubo de barro.
Hoje, Maristela é reconhecida por onde passa, em Morrinhos. Não é política, nem popstar. Mas, lá, é quase uma celebridade. “No início, eles tinham desconfiança, mas são muito hospitaleiros. Perceberam que seria uma troca, porque eles têm uma estética própria”. E se depender dos moradores, essa estética vai ficar exposta por muito tempo, como garantiu dona Doralice: “Não deixo tirar. Só o tempo pode levar embora”, avisa.
População reclama que abastecimento de água foi interrompido há 15 dias
Castigados pela seca, os moradores de Morrinhos têm se virado sem água há 15 dias. Para completar, a maioria das casas também não tem saneamento básico. “A gente vai buscar água num tanque duas, três vezes por dia”, conta o lavrador André Batista, 76 anos.
Sem água há 15 dias, moradores de Morrinhos são obrigados a carregar baldes e galões. (Foto: Amana Dultra)
O tanque fica a cerca de dois quilômetros do povoado, no terreno que faz parte de uma fazenda da região. Todos os dias, eles caminham até lá com carros de mão e baldes na cabeça. “O tanque é fundo, quase do tamanho do poste, quando está cheio. Mas quem alimenta é a chuva e não está chegando nem nas pernas”, diz, apesar de não saber dizer há quanto tempo não chove.
A água que resta se mistura com a lama do fundo do poço. “Como se não bastasse, a gente disputa com animais que bebem a água. É cavalo, cachorro, porco…”, afirma o lavrador Ivonaldo Barbosa, 30.
Procurada pelo CORREIO, a assessoria da prefeitura de Feira de Santana não deu um posicionamento oficial até o fechamento desta edição, às 20h. Já a assessoria da Embasa, responsável pelo fornecimento de água, não confirmou a informação, devido à paralisação administrativa de 24 horas do órgão, ontem.
Povoado tem cerca de 400 moradores em 90 casas
Localizado no distrito de Jaguara, em Feira de Santana, o povoado de Morrinhos tem quase 400 habitantes, que vivem em cerca de 90 casas. Para chegar até lá, é preciso seguir pela BR-116 e pela Estrada do Feijão.
Apesar de os primeiros moradores terem chegado em 1890, o número de casas só aumentou em 1975, segundo o lavrador André Batista, 76 anos, popularmente chamado de “memória viva” da comunidade. “Só tinha seis casas. Depois, as famílias começaram a chegar e abrir as ruas”.
FONTE: Correio da Bahia
.
Por indicação do Fórum das ADs, as assembleias dos docentes nas quatro Universidades estaduais aprovaram a paralisação das atividades na próxima terça-feira (29). Na Uefs, a Adufs servirá um café da manhã no pórtico, a partir das 8h, para convidados de entidades sindicais, movimentos sociais e imprensa. Os servidores técnico-administrativos da instituição também deliberaram pela paralisação na mesma data, unificando a luta por mais recursos. Os estudantes teriam assembleia na última quarta-feira (16), para discutir sobre o problema, mas devido à greve da PM ela não ocorreu.
A mobilização tem o objetivo de denunciar à sociedade a redução de cerca de R$ 12 milhões das verbas destinadas às Universidades Estaduais da Bahia (Ueba) para custeio e investimento imposta pelo governo. Com isso, a situação vai se agravar, pois as instituições, em breve, não terão como comprar equipamentos e material, nem dar continuidade às obras de reformas e construção, bem como ocorrerá o atraso no pagamento dos fornecedores e terceirizados, além de não terem autorização para realizar concursos e seleções para professores e técnico-administrativos. No caso da Uefs, por exemplo, há possibilidade dos problemas inviabilizarem as atividades acadêmicas, segundo a reitoria. O restaurante universitário (bandejão), inclusive, está ameaçado de fechar a partir de julho por falta de recursos.
Em reunião com o secretário da Educação, no dia 16 de abril, os reitores novamente cobraram uma posição sobre o orçamento para 2014, a realização de concurso público para professores e agilidade na tramitação do Projeto de Lei (PL) que desvincula as vagas das Classes. Sobre a suplementação para custeio e investimento este ano, o governo não apresentou proposta. A única promessa feita pelo secretário foi que o mesmo solicitaria à Secretaria da Administração (Saeb) a liberação de verbas para contratação e nomeação de professores aprovados em concursos e seleções já realizados. Para isso, R$ 14.267 milhões serão destinados às quatro Ueba, sendo R$ 1.805 milhão para a Uefs. Em se tratando do PL da desvinculação, o secretário da Educação se comprometeu a cobrar, também à Saeb, agilidade no seu encaminhamento à Casa Civil.
O Movimento Docente tem tentando esgotar todas as formas de negociação com o governo Wagner, mas caso a situação se agrave a ponto de comprometer o funcionamento das Ueba, não descarta a possibilidade de avaliar o indicativo de greve. A luta por mais verbas para as universidades voltará a ser discutida em reunião do Fórum das ADs, nesta quarta-feira (23), na Adusb, quando serão definidas as próximas ações para a paralisação do dia 28 de maio. Antes, a partir das 9h, haverá reunião do Fórum das 12 (DCEs, ADs e Sintests) com o objetivo de debater o calendário de mobilizações.
A reivindicação das três categorias nas Ueba, conforme documento protocolado junto ao governo e também subscrito pelo Fórum de Reitores, há um ano, é pela destinação de 7% da Receita Líquida de Impostos (RLI) para as universidades estaduais. Atualmente, o valor não chega a 5%.