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Tu que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno.
Acorda! É tempo! O sol, já alto e pleno
Afugentou as larvas tumulares…
Para surgir do seio desses mares…
Um mundo novo espera só um aceno…
Escuta! É a grande voz das multidões!
São teus irmãos, que se erguem! São canções…
Mas de guerra… e são vozes de rebate!
Ergue-te, pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate!
Silvana Blesa | 17/06/2013 – 02:38
Os protestos contra a Copa das Confederações e Copa do Mundo e também contra o aumento das passagens de ônibus estão se alastrando pelo Brasil. Na Bahia, além dessas manifestações, Salvador amanhece hoje sob o signo de diversas greves. Os trabalhadores em bares, restaurantes e hotéis ameaçam cruzar os braços, os salva-vidas vão se manifestar e podem parar, e os motorista devem suspender as atividades nesta terça. É um momento de tensão e de muita prudência, para evitar que os ânimos percam a razão.
Em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte Brasília e Salvador, segmentos representativos da sociedade se unem com o único propósito de manifestar a indignação diante dos problemas enfrentados pelo país, que investiu milionários recursos públicos para sediar a Copa do Mundo de 2014 e tem que pagar caro para adentrar num dos estádios palco do torneio internacional de futebol.
Os protestos ocorrem em um momento em que o Brasil vive um lento e baixo crescimento econômico, sob o teto de uma inflação de 6,5% ao ano, a meta oficial, o que tem provocado a queda de popularidade do governo da presidente Dilma Rousseff, vaiada neste sábado, durante a abertura dos jogos.
Em Brasília, pelo menos 26 manifestantes e sete policiais ficaram feridos, enquanto outros 20 foram detidos, durante a abertura dos jogos, na partida entre Brasil e Japão. Antes disso, em São Paulo, Minas e Rio de Janeiro, várias pessoas já vinham demonstrando insatisfações contra o aumento de passagem de ônibus, questões de segurança, saúde e educação nos estados.
Para apoiar os manifestantes, um grupo de 500 estudantes universitários caminhou por várias ruas do centro de Salvador no final da tarde de sábado. Segundo informações da polícia, a mobilização ocorreu de forma pacífica, afetando apenas o trânsito, que ficou engarrafado em algumas ruas por onde o grupo caminhava.
A concentração começou por volta das 16h, no Passeio Público. De acordo com informações da assessoria da Polícia Militar, o protesto de sábado foi pacífico e por isso não teve tumulto entre manifestantes e policiais. “Nós acompanhamos o grupo para manter a ordem”, falou a assessoria.
Porém, os manifestantes prometeram fazer outra caminhada hoje, às 16 horas, e outra na quinta-feira quando dará início ao primeiro jogo no Estádio da Arena Fonte Nova, da Copas das Confederações. A assessoria da PM se posicionou e disse que toda a cúpula está preparada para agir com eficiência quanto às manifestações. “Se ocorrer de forma pacífica, iremos apenas acompanhar, mas se bloquearem ruas, teremos que agir usando gás lacrimogêneo e bombas de borrachas se precisar”, salientou a assessoria.
Segundo a PM, os manifestantes podem gritar e vaiar, porém, não será permitido arremessar objetos que possam ferir alguém. Os manifestantes estão se organizando pela rede social e estão unindo aos estados que estão gritando suas insatisfações, devido várias deficiências enfrentadas pelo país, que investiu vultoso dinheiro nos jogos da Copa.
“Temos uma educação deficiente, uma segurança frágil e uma saúde precária, isso, em todas as cidades do Brasil. Precisamos que os governantes invistam primeiro nesses três itens para depois mostrar uma cidade maravilhosa para os turistas”, disse a estudante de fisioterapia Catiane Freitas Losa, presente na manifestação.
Além disso, o grupo também manifestou a falta de mobilidade urbana para realização da Copa das Confederações. As insatisfações estão por todas as partes da cidade. Os trabalhadores dos hotéis prometeram parar as atividades esta semana e os motoristas de ônibus também prometeram cruzar os braços.
Tudo isso tem refletido negativamente na imprensa internacional. No entorno da Arena da Fonte Nova, a PM disse que cabe à Prefeitura de Salvador manter os preparos da segurança para evitar tumultos de manifestantes. Também, agentes da Marinha, Exército, Polícia Federal, Civil e Militar estão em alerta para manter um jogo sem danos e problemas para turistas e soteropolitanos.
Fonte : IG
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QUANDO EU FOR APENAS CINZAS
Iderval Miranda
não perguntem ao vento por mim.
ele é uma criança muito desatenta.
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perguntem ao tempo.
talvez ele saiba algo.
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Iderval Miranda – dia de Corpus Christi, 2013.
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Ana Carolina Peliz
Se você mora ou já morou na França depois de 1998, o título deve ter recuperado em sua memória amargos souvenirs. Este é o grito de guerra dos franceses em cada jogo de futebol da seleção francesa contra o Brasil e, claro, faz referência à final da Copa em que fomos arrasados e humilhados por eles, de goleada.
Lembrou? Pois imagine como é dolorido para os brasileiros que moram na França ouvir isso a cada vitória francesa contra nossa seleção. E o pior é que não foram poucas. O Brasil, que ganhou da França por 3 a 0 em um amistoso no último domingo, não ganhava dos bleus desde 1992. Isso fez com que eles perdessem completamente o respeito por nós.
Na Copa da Alemanha, em 2006, eu estava em um casamento na Alsácia no dia do jogo Brasil x França – como diria meu marido, que é francês, “quem pode se casar em um dia como este?” – e era a única brasileira da festa. Após nossa derrota, um convidado veio me consolar e disse, “o Brasil também é muito bom no futebol”. “Também?”, respondi eu, “meu senhor, nós somos o país do futebol”, e ouvi um, “sim, e nós ganhamos do país do futebol”.
Depois dessa, resolvi me calar. E foram derrotas atrás de derrotas. Viramos fregueses! Como explicar? Quando jogávamos com nações com maior tradição de futebol como Itália ou Argentina, eu sabia que tínhamos chances, mas contra a França, parecia um tipo de impedimento psicológico, ou pura e simples “urucubaca”.
Em fevereiro de 2011 fui assistir ao amistoso no Estádio de France, achando “agora vai, não tem mais Zidane”! Perdemos de novo! Os franceses já nem comemoravam. Diziam sem complexo que a França tinha jogado feio, que poderia ter ganho por mais.
Dia de jogo contra a França passou a ser dia de sofrimento. De se trancar em casa para não ouvir o famoso “et un, et deux et trois zéro”. Fazer o quê? Se resignar e voltar sempre, como bom freguês.
Por isso, no domingo passado, quando comecei a assistir o amistoso Brasil x França, achei que parecia um roteiro repetido de outras derrotas, sem muito interesse. Aí o Brasil fez o primeiro gol. Não confiei. Ainda era possível virar.
No segundo gol pensei: “só mais um, só mais um” e… gol! Aí, a frase que queria tanto ser pronunciada, saiu naturalmente: “et un, et deux, et trois zéro!”. Todos meus amigos brasileiros que moram na França encheram suas páginas das redes sociais com o grito de guerra que antes era francês.
Para o resto do mundo, pode ter sido apenas um amistoso. Mas para os brasileiros da França, foi uma esperada revanche.
Fonte; Blog do Noblat – Ana Carolina Peliz é jornalista, mora em Paris há cinco anos onde faz um doutorado em Ciências da Informação e da Comunicação na Universidade Sorbonne Paris IV.