Carta da APLB à sociedade baiana

 

7 de agosto de 2012

 

AGRADECEMOS O APOIO DE TODO O POVO BAIANO À NOSSA LUTA

 Em assembleia, dia 03/08/2012, os professores do Estado da Bahia decidiram pela SUSPENSÃO DA GREVE, CONTINUIDADE DA MOBILIZAÇÃO E APROVAÇÃO DE UMA AGENDA DE LUTAS, com assembleias, passeatas e seminários.

Nesses 115 dias de GREVE conseguimos chamar atenção da população para a qualidade da educação pública e envolvê-la na discussão. Enfrentamos acampamento de quase 04 meses na Assembleia Legislativa e a truculência do presidente daquela Casa que se valeu de medida judicial para nos retirar e ainda sofremos com as perdas de colegas que morreram nesse processo.

Chamado ao debate o governo optou por retaliar a categoria promovendo 04 meses de corte de salários, demissão de contratados pelo sistema REDA e PST, abertura de processo administrativo aos profissionais em estado probatório contratação de empresa sem licitação para substituir os professores titulares, além de reter o dinheiro do sindicato (APLB- SINDICATO).

Desfechou um duro golpe sobre os (as) aposentados (as) retirando-lhes gratificações conquistadas na luta ao longo da história, e utilizou a imprensa para afirmar que concedera reajuste maior do que o pleiteado pelo sindicato. Ao invés de negociar preferiu deixar a GREVE continuar e não considerou os apelos de vários seguimentos importantes da sociedade tendo em vista o cumprimento do Ano Letivo.

Somos profissionais comprometidos, temos respeito a toda sociedade baiana, prezamos o nosso bem maior que são os Estudantes, por isso decidimos retornar às aulas, mesmo rejeitando as Cláusulas Econômicas do Termo de Acordo enviado pelo governo do estado da Bahia, porque ela não contempla aposentados (as), pensionistas e os/as professores/as que não concluíram a Licenciatura Plena.

A LUTA CONTINUA!

A defesa de uma Escola Pública, Gratuita, Laica de Qualidade é dever de toda a sociedade. Por isso continuaremos insistindo no acompanhamento da aplicação do dinheiro público. Os governantes devem utilizar corretamente as verbas públicas em benefício do povo. Educação, saúde, segurança moradia e saneamento básico devem ser metas prioritárias.

Portanto, conclamamos Pais, Mães, Responsáveis, Estudantes, e todos(as) Trabalhadores(as) em Educação para nos mantermos UNIDOS nesta Luta.

Fonte: Site da APLB-Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia

Presidente da Assembléia expulsa professores em greve na Bahia

 

Os professores grevistas da rede estadual de ensino decidiram desocupar a Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) no final da tarde desta sexta-feira (20). Inicialmente, o comando de greve do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) se reuniu para debater a questão e aceitou a proposta de deixar o prédio de forma pacífica. Depois, o indicativo foi apresentado no saguão Deputado Nestor Duarte ao restante da categoria, que também concordou em se retirar da sede do Legislativo baiano.

Os docentes, que desarmaram as barracas na sequência, se dirigiram em marcha até o espelho d´água na rampa da AL-BA, onde um ato marcou a continuidade da greve, decidida em assembleia-geral pela manhã. Eles deixaram o espaço, após 94 dias – a classe foi para o prédio uma semana após iniciar a greve que já dura 101 dias –, no escuro, a cantar a música “Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, ícone dos protestos antiditadura nos anos 60. Em seguida, os representantes da categoria caminharam para fazer uma manifestação na Avenida Paralela. A próxima assembleia-geral da APLB será realizada na manhã da próxima terça (24).

Fonte: Bahia Notícias

Professores estaduais continuam em greve e ganham twitaço nesta terça

Docentes completam 89 dias de greve e prometem aumentar a luta

Aline Barnabé – Metro1

 Os professores da rede estadual de ensino completam 89 dias de greve e recebem mais uma ação nas redes sociais. Está marcado para a terça-feira (10) o twitaço #AgrevecontinuanegociaJW. O movimento está marcado para às 20h e é o segundo que acontece. Na última terça-feira (3), o grupo Professores da Bahia organizou o twitaço com a hashtag #NegociaWagner.

O grupo que se intitula sem vínculo com órgãos públicos ou representações de classe, e que discute temas de interesse dos professores estaduais convidou artistas e políticos a participarem do moviento.

 O twitaço acontece no mesmo dia da assembleia da categoria, que será realizada na Secretaria de Educação do Estado (SEC), a partir das 9h. Essa assembleia terá um ânimo diferente, já que os docentes estão na iminência de receberem a determinação da desembargadora Deyse Lago, que declarou que os professores deveriam voltar às aulas imediatamente.

A APLB Sindicato informou ao Metro1 que vai recorrer da liminar do Tribunal de Justiça, que determinou a greve ilegal com um agravo.

 Greve

Os professores pedem reajuste salarial de 22,22% valor que foi acordado e assinado em reunião ocorrida em novembro de 2011. O acordo garantia os valores do piso nacional, depois o governo voltou atrás e ignorou o acordo mandando para a Assembleia um projeto de lei com valores menores.

Por meio da imprensa, o governador fez uma proposta que prevê reajuste salarial entre 22% e 26% por meio de progressão na carreira, através da presença regular em cursos de qualificação promovidos pelo governo.

De acordo com a APLB Sindicato, a proposta não contempla os professores aposentados, em licença médica e estágio probatório e quer que o governo sente com a categoria para negociar.

Fonte: Metro1

 

Em defesa da educação: um artigo de Consuelo Novais Sampaio

O jornal A TARDE de hoje, 03 de julho, publicou o artigo “O AUTORITARISMO PREDOMINA NO GOVERNO”, da professora Consuelo Novais Sampaio. Autora de vários livros, a professora Consuelo Novais Sampaio é Doutora em História pelo The Johns Hopkins University; professora aposentada da Universidade Federal da Bahia, dirige o Centro de Memória da Bahia, da Fundação Pedro Calmon e é membro da Academia de Letras da Bahia desde 1992.

O AUTORITARISMO PREDOMINA NO GOVERNO

Consuelo Novais Sampaio

As medidas adotadas pelo governo da Bahia, através do secretario de Educação, agridem a democracia duplamente: pela intransigência substituindo o diálogo, e pelo autoritarismo, sinônimo de despotismo, substituindo a autoridade. Esta constatação se evidencia na falta de ética e de moral nos recentes atos do governo.

 A convocação de professores em estagio probatório e Reda, para substituir os professores da rede estadual, foi a mais recente tentativa de impor a autoridade pela força do poder. Queremos crer que os convocados honrarão a categoria, construtores que são da base educacional dos nossos jovens. Em contraste, os professores em greve, aguardam do governo o respeito ao direito que lhes cabe de ajuste salarial de 22,22% fixado por lei federal (11.738/08). Estão acampados no legislativo, aguardando a revogação da espúria lei estadual (12.364/11) que os engessou até a Copa de 2014. Subliminarmente, governo e legislativo dizem aos nossos jovens: larguem os livros; peguem a bola. É constrangedora a submissão do Legislativo ao Executivo, além de vivermos em 2011 aguardando 2014!

Não menos autoritária foi a propaganda enganosa, veiculada pelo governo em canal de TV, afirmando que os professores da rede pública estadual já haviam recebido ajuste salarial de 22% a 26%.! Não explicou o milagre. Recorreu ao nosso maior veículo de propaganda – tão grande que fez Lula aliar-se a um foragido da Interpol! Ao enganar o povo através da TV, o governo da Bahia assumiu o papel de Golias contra um Davi, cujo estilingue foi posto à venda em feira pública, visando a defesa de princípios básicos da educação. Depois, revivendo o Leviatã — monstro bíblico recriado por Thomas Hobbes para caracterizar as garras do Estado repressivo que se formava no século XVII — o governo da Bahia cortou o parco salário de professores indefesos. Ao invés de dialogar, preferiu humilhar. Tirar, ao invés de dar-lhes o que lhes pertence por lei federal que, constitucionalmente, se superpõe à estadual, mormente quando esta foi criada posteriormente, para a defesa de interesses circunstanciais. A humilhação a que foram submetidos os professores fortaleceu-lhes a dignidade, a honra, cujas noções transmitem aos seus alunos. É a justeza da causa que defendem — a educação, como pilar e cerne da sociedade e do próprio governo – que faz com que aguardem decisão favorável do governo.

 Pelo que tem sido exposto na mídia, deseja-se que a sórdida estratégia intentada pelo secretario de Administração (jogar funcionários públicos contra seus companheiros, lembram-se?) não faça escola. Que os professores convocados não se sintam como peças fracas e disponíveis de um exercito de reserva, das quais se lança mãos quando conveniente. Não permitam que sejam jogados contra seus colegas. O modo de ação do governo, manipulando a sociedade contra os que preparam os seus filhos para o futuro, é abominável, pela agressão, pela intransigência exacerbada.

 Nos primórdios da atual crise global, que feriu todo o sistema financeiro do planeta após a queda do Lehman Brother’s, este quarto maior banco do mundo, em desespero, reuniu-se com altos banqueiros coreanos, propondo-lhes comprar boa parte da massa podre de imóveis que, aos borbotões, eram-lhes devolvida. Convencidos que os asiáticos aceitariam sua proposta, decepcionaram-se quando, em silêncio, eles se retiraram da mesa de negociações. Correram atrás e ofereceram-lhes maiores vantagens. O líder coreano recusou. Continuou a andar e, virando a cabeça disse-lhes não se tratar de capital; apenas, concluiu, “não gostei do jeito como vocês conduziram as negociações”.

 Parafraseando o banqueiro coreano, está claro que não só os professores, mas a sociedade não gosta do “jeito como o governo está conduzindo as negociações”. A despeito da lei da Transparência e, conforme divulgado, os recursos do FUNDEB ultrapassarem 900 milhões de reais, além de vários bilhões ultimamente transferidos pelo governo federal, nada foi-nos dito sobre a aplicação de tais recursos. Que o bom senso prevaleça.

Fonte: Jornal A TARDE – 03/07/2012