Você fez a vida ficar mais bonita.
Você fez a vida ficar mais bonita.
“Se a promessa é para os santos católicos, que a tradição aponta como adultos e não gêmeos, ou se é para as divindades infantis do Candomblé, pouco importa.
O bom é que hoje é dia de festejar essa delícia que é a infância. Essa sacralização permite aos adultos, pelo menos por um tempo, relembrar esses dias. Portanto, vamos comer muito caruru e festejar essa beleza da cultura popular.”
Tem caruru na Bahia
Maria Stella de Azevedo Santos
Vinte e sete de setembro está chegando. A Bahia se prepara para brincar com as crianças, com muito caruru e doces. Coisa boa é criança, coisa boa é brincar. Enquanto festa, que mal pode existir na cerimônia de se reunir para comer o popularmente conhecido “Caruru de Cosme e Damião” e/ou “Caruru de Ibeji”? Creio que nenhum. Entretanto, tudo muda quando se fala em culto religioso. Repito: enquanto cultura popular, maravilha; enquanto religião, fazem-se necessários alguns esclarecimentos.
Para uma população que busca cada vez mais o conhecimento, nenhum sentido tem a frase: “Minha mãe sempre fez assim”. Afinal, nossas mães passavam roupa com ferro a carvão e nem por isto continuamos a usá-lo. Também não adianta dizer: “Eu sempre dei o caruru e sempre me dei bem”. Claro! Será que São Cosme e São Damião ou mesmo Ibeji se aborreceriam com festas feitas com tanta devoção e carinho? Não acredito.
Minha intenção com este artigo não é a de criar polêmicas, mas sim a de transmitir o conhecimento que possuo sobre Ibeji, para que o alegre povo baiano possa ampliar cada vez mais seus conhecimentos e, assim, possa realizar suas festas populares com a alegria que lhe é peculiar e que tanto agrada aos povos de outras localidades.
Entender o porquê da data 27 de setembro ser escolhida para a realização dos carurus é fácil: esta era a data em que a Igreja Católica Apostólica Romana celebrava os santos Cosme e Damião (hoje, para a Igreja, estes santos são festejados no dia 26 do mesmo mês). Mas não sei onde foi encontrada a relação dos amados santos católicos com Ibeji – seres espirituais cultuados pelos africanos. A única semelhança que até hoje percebi é o fato de os referidos santos terem sido irmãos. Já que ibeji é a palavra yorubá que significa gêmeos. Se houver outras semelhanças, peço aos leitores que nos transmitam o que sabem, a fim de que nossa cultura popular torne-se mais consistente, consequentemente mais fortalecida.
Não podemos ser vaidosos, nem preconceituosos com um assunto que interessa a todos, indistintamente. Somos todos baianos. Para que se compreenda essa necessidade, cito o exemplo de uma “filha de santo” que me fez a seguinte pergunta: “Minha mãe, tem algum problema eu ir num caruru de Cosme, Damião e Dou?”. Diante daquela pergunta, não me restou alternativa a não ser indagar-lhe: Cosme e Damião são conhecidos, mas quem é Dou?. Ao que ela, cheia de opinião, respondeu-me: “Oxente, mãe Stella, é o irmão de Cosme e Damião!”. Cumpro aqui, portanto, o que considero uma das funções de uma iyalorixá: esclarecer os devotos da religião de que é sacerdotisa, como também a toda a população, temas que se cristalizaram de forma equivocada.
Ibeji não é Cosme e Damião! Ibeji é a palavra usada pelo povo yorubá quando quer referir-se a qualquer gêmeo nascido. Em uma família yorubá, o primeiro gêmeo (ibeji) nascido se chama taiwo – nasce com a luz; já ao segundo gerado se dá o nome de kéhìndè – sobrevive para unir; a terceira criança que chega ao mundo depois do nascimento de gêmeos é ìdowu – tem prazer em unir; a quarta criança nascida é alabá – aquela que recebe e aceita os sonhos e visões.
O seguinte mito explica, muito bem, essa relação familiar: Egbé – redemoinho de vento (Iansã), mãe de gêmeos (ibeji) – vivia inquieta e alarmada. Sua casa estava sempre em reforma, porque seus filhos, muitos travessos, gostavam de brincar colocando fogo na casa. Egbé, então, resolveu consultar um babalawô, a fim de tentar uma solução para o problema. Ele aconselhou a mãe dos gêmeos a ter mais um filho. Assim ela fez, e o terceiro filho (idowù) conseguiu com a sua chegada acalmar os seus irmãos ibeji. Eles pararam de brincar com fogo e Egbé voltou a ter calma.
Ibeji são crianças que gostam de brincadeiras e doces. Ibeji gosta de quiabo com azeite, gosta de caruru. Afinal, são crianças africanas. São filhos de divindades (Xangô e Iansã), sendo também cultuados como divindades. Dar caruru a Ibeji é atrair alegria, inocência, renovação… Enfim, é fazer renascer a cada ano a criança que habita em nós.
Maria Stella de Azevedo Santos é Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá. Seus artigos são publicados, quinzenalmente, sempre às quartas-feiras.
Fonte – Blog Mundo Afro
Internautas registraram o suposto meteoro – Foto: Reprodução/Facebook
Ilusão de ótica, fragmentos de meteoros ou luzes de satélites. Essas são apenas três entre as várias explicações possíveis para o clarão visto na noite desse sábado (22) em vários municípios de Pernambuco e Alagoas.
Pouco depois de rasgar o céu nos dois estados, por volta das 19h30, o objeto já era considerado por muitos no Facebook um meteorito. Alguns internautas até contaram ter visto a queda do objeto de perto.
A família do estudante pernambucano Guilherme Barros estava tomando banho de piscina no Cabanga, na Zona Sul, quando o primo de 1 ano, João Koury, apontou para o céu. Os parentes olharam e avistaram uma bola de luz esverdeada, segundo Guilherme. “Pensamos que eram fogos (de artifício). Era uma luz caindo, como se fosse um objeto muito leve”, conta. O estudante não conseguiu distinguir a forma do suposto meteorito que caía ao sul. “Só dava para ver a luz. E que era muito grande”, diz.
Apesar da polêmica nas redes sociais sobre o “meteorito”, o astrônomo Antônio Carlos Miranda não acredita que o objeto foi um asteroide. “Há várias agências vigiando o céu e nenhuma delas registrou o fato”, explica. Miranda alerta, entretanto, que ainda fará pesquisas sobre o episódio. As principais agências brasileiras a que se refere são o Observatório Nacional, Instituto de Astronomia e Geociências da Universidade de São Paulo (IAG-USP) e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Entre as internacionais, está a Nasa.
Para ele, o clarão visto pode ter sido até uma ilusão provocada pelas nuvens. “Há algumas muito finas que não podem ser vistas. Quando se posicionam na frente de algum astro que esteja brilhando, podem refletir a luz”, esclarece.
O astrônomo atribui o clarão que deixou pernambucanos e alagoanos curiosos também a luzes emitidas por satélites de observação espacial ou a fenômenos relacionados à chuva. “Se tivesse sido visto durante o dia, poderia ser ainda uma descarga elétrica provocada pela colisão entre nuvens”, acrescenta.
O diretor do Espaço Ciência, Antônio Carlos Pavão, disse ainda que, se a queda foi vista, o objeto pode ter sido algum fragmento de satélites artificiais, que, com o atrito ao entrar na atmosfera podem ter provocado o fenômeno.
Mesmo com tantas hipóteses, ainda não foi comprovado que o clarão não se tratou da queda de um meteoro. Se sim, várias pessoas podem ter visto a queda tanto no litoral alagoano quanto na Região Metropolitana do Recife. “Quando um meteoro cai, se fragmenta e pode se espalhar por vários lugares dentro de uma mesma região”, afirma Pavão.
Fonte: NE10