Fotógrafo feirense reeleito para o Colegiado de Artes Visuais da Bahia

 

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A Fundação Cultural do Estado da Bahia – FUNCEB, divulgou no último dia 13 de novembro o resultado da eleição para o Colegiado Setorial de Artes Visuais da Bahia para o biênio 2015-2016, onde o fotógrafo feirense José Angelo Leite Pinto, representando o Macroterritório 3, mais precisamente o Território de Identidade “Portal do Sertão” composto pelos  municípios: Agua Fria, Amélia Rodrigues, Anguera, Antonio Cardoso, Conceição da Feira, Conceição do Jacuípe, Coração de Maria, Feira de Santana, Ipecaetá, Irará, Santa Bárbara, Santanópolis, Santo Estevão, São Gonçalo dos Campos, Tanquinho, Teodoro Sampaio e Terra Nova, foi reeleito para mais um mandato de dois anos.

Também aumentando o número de representantes de Feira de Santana, foi eleito o fotógrafo Antônio Carlos Lima Rios e para Suplente Antônio Carlos Santos Vieira, ambos membros da Diretoria do Clube de Fotografia de Feira de Santana, na certeza de que estes representantes unidos aos outros membros do Colegiado, continuarão dando importante contribuição às Artes Visuais em nosso estado.

Em cumprimento à Lei Orgânica da Cultura da Bahia (Lei nº 12.365 de 30/11/2011), a FUNCEB realizou o processo eleitoral do segundo mandato dos Colegiados Setoriais das Artes da Bahia. A primeira gestão, do biênio 2013-2014, está sendo concluída no dia 31 de dezembro de 2014, e foi construída igualmente a partir de um processo articulado com a classe artística, em 2012. Vinculados a cada uma das linguagens artísticas que integram o escopo da FUNCEB – Artes Visuais, Audiovisual, Circo, Dança, Literatura, Música e Teatro, os Colegiados Setoriais das Artes serão novamente compostos por membros do poder público e da sociedade civil, eleitos através de processo participativo. Os Colegiados orientam e respaldam decisões políticas voltadas a cada área, atuando como instâncias de consulta, participação e controle social das ações promovidas pelos órgãos do governo.

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Feira de Santana sedia o Festival de Fotografia do Sertão

 

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O Clube de Fotografia de Feira de Santana realizará em Feira de Santana o Festival de Fotografia do Sertão, evento de âmbito nacional, de 21 a 24 de agosto de 2014, com o apoio institucional do Centro Universitário de Cultura e Arte – CUCA e evento filiado à Rede de Produtores Culturais da Fotografia no Brasil, com Curadoria do fotógrafo mineiro Tibério França. Serão realizadas palestras, workshops, exposições, projeções, lançamentos de livros, convocatórias, bate-papo com fotógrafos, escambo fotográfico e apresentações artísticas e culturais que farão parte da programação.

O Festival é gratuito, voltado para Fotógrafos Profissionais e Amadores, Fotoclubistas, Coletivos Fotográficos, Galeristas, Lojistas, Decoradores, Impressores, Professores e Estudantes de Cursos de Fotografia, Comunicação e Arte, Críticos de Arte e a população em geral, oportunizando atualização, difusão de conhecimentos da arte fotográfica, descoberta de novos talentos, interação entre participantes e convidados, formação de público, elém de efetivar no calendário da cidade anualmente este importante evento.

Estão confirmadas as presenças de renomados fotógrafos para palestas e workshops: Adilson Machado-SE, Alberto Melo Viana-PR, Gui Mohallem-SP, João Machado-SP, Juciara Nogueira-BA. Leo Drumond-MG, Renato Soares-MG, Tibério França-MG, Tiago Santana-CE, Hans Georg-RJ e Valdemir Cunha-SP, além das Exposições Convidadas de Rogério Ferrari e Paula Geórgia Fernandes.

As exposições convidadas ficarão em cartaz de 21 de agosto a 21 de setembro no Museu Parque do Saber e a Exposição Coletiva dos 15 selecionados no Centro de Cultura Amélio Amorim.

O evento será realizado em cinco espaços: Centro Universitário de Cultura e Arte – CUCA, Centro de Cultura Amélio Amorim – CCAA, Museu Parque do Saber Dival Pitombo, Praça da Matriz, Praça João Pedreira e Praça da Bandeira.

Acesse o site oficial do Festival em www.festivaldefotografia.com e fique por dentro da programação completa.

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Artista encanta povoado de Feira de Santana decorando casas com paisagens

Fotografias em tamanho real instaladas pela artista visual Maristela Ribeiro em fachadas de casas no povoado de Morrinhos, próximo à cidade de Feira de Santana,  mudam a paisagem e a autoestima da população.

24/04/2014 – Thais Borges (thais.borges@redebahia.com.br)

Ao sair de casa pela manhã, a lavradora Maria Luísa Lopes, 84 anos, deu uma olhada na fachada de casa. Há um mês, a visão era familiar: paredes brancas e janelas verdes. No fim da tarde, quando voltou, o susto. No lugar da casa estava uma estrada de terra, rodeada por grama e por uma cerca de arame farpado.

Estava na rua errada? Não. Todos os vizinhos pareciam estar no mesmo lugar – a Rua das Flores, no povoado de Morrinhos, a cerca de 40 quilômetros  de Feira de Santana. Avistou o telhado e viu que o imóvel não tinha desaparecido. Mas… Cadê a porta?

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 Dona Doralice, 88 anos, tomou um susto: ‘Pensei que a minha casa tinha sumido’, conta como foi ver o lugar onde mora após o trabalho da artista visual Maristela Ribeiro. (Foto: Amana Dultra)

É verdade que a estrada, a grama e a cerca são comuns em Morrinhos.  Só que, nesse caso, não passava da fachada da casa onde mora desde que nasceu, com uma pitada de ilusão de ótica.

Quem olha rápido – e até quem olha atentamente – pode não perceber que ali existe uma fotografia adesiva, impressa em tamanho real e colada no que antes era a parede branca. A intervenção faz parte de um trabalho da artista visual Maristela Ribeiro, professora do Instituto Federal da Bahia (Ifba). Há um ano, ela  começou um projeto que pretendia mostrar a realidade de Morrinhos aos seus próprios moradores e ao mundo.

AMaristela RTEmagicC_morrinhos_2_amanadultra_jpgNão, dona Maria Luísa não está numa estrada de chão. Está na frente de sua casa em Morrinhos, Feira. Mais especificamente, na frente da porta – que até ela tem dificuldade de ver. (Foto: Amana Dultra)

Após oferecer oficinas de arte e fotografia à população, Maristela partiu para a última fase do projeto, que começou em dezembro e se estendeu até março. “Não encontrei nenhuma imagem da comunidade, que existe desde 1940. Imaginei trazer a paisagem regional e usar as casas como telhado”, afirma Maristela, que usa o projeto na pesquisa no doutorado em Artes na Universidade Federal da Bahia (Ufba).

Metáfora

Apesar de chamar atenção dos quase 400 moradores e também dos forasteiros, a casa de dona Luísa não é a única: as paisagens de Morrinhos foram transportadas  para outras nove das cerca de 90 residências do local.

“Meu objetivo era que as casas desaparecessem. Para mim, era uma metáfora sobre o esquecimento do local, sobre como essas pessoas são deixadas de lado e se tornam invisíveis”. Lá, a maioria dos moradores vive em casas de taipa, sem saneamento básico. A principal fonte de renda, além da agricultura familiar, é o Bolsa Família, segundo a pesquisadora.

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Morrinhos: cerca de 90 casas, 400 moradores e muito esquecimento. (Fotos: Amana Dultra)

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José Boaventura, o seu Nonô, é só sorriso após a mudança nas casas: ‘Todo mundo amou’. (Foto: Amana Dultra)

Pois, o objetivo foi alcançado. A casa de Luísa, assim como as outras, sumiu. “Eu demorei para achar a porta, na primeira vez”, lembra. Por sorte, viu o poste que fica quase ao lado da casa. “Agora, olho o poste! A porta fica perto dele”. Até os vizinhos estranhavam. “Perguntavam: cadê a casa de Luísa? Agora, todo mundo está encantado”, orgulha-se.

Confusão

A reação de dona Doralice Lopes, de 88 anos, foi parecida. Seis dias atrás, ela não fazia ideia de que sua casa tinha se transformado em uma cerca que separa a estrada de terra de um rebanho de cabras.

Nos últimos quatro meses, o filho, o lavrador José Boaventura, 68, esteve sozinho na casa de três quartos – ela descansava na casa de outra filha, em Salvador, depois de uma cirurgia “nas vistas”. Quando chegou, não reconheceu a residência onde sempre morou.

“Perguntei: cadê minha casa, gente? Achei que tinha sumido! Quando saí, minha casa era branca. Voltei e estava verde!”, comenta, deslumbrada. Ela nunca tinha visto uma foto em tamanho real. Agora, sentada em um banco de madeira sem recosto, dona Doralice também vê a Rua das Rosas, embora a tal rua não fique ali. O que ela vê, na verdade, é  a fachada de outra casa que reproduz a via do povoado.

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A artista Maristela Ribeiro (ao centro), em frente à casa de dona Doralice (de saia laranja) – (Foto: Amana Dultra)

“Eu nasci, me criei e perdi os dentes em Morrinhos, mas nunca tinha visto uma coisa tão bonita!”.  Acostumado a ouvir promessas de políticos que não se concretizam, o filho dela, seu Nonô, achou que o mesmo fosse acontecer com a nova casa. “A gente pensava que não ia sair nada. Quando ela (Maristela) chegou e jogou o papel, foi que a gente viu. Todo mundo amou”.

Atração 

Das dez casas, seis ficam na praça central da comunidade – que também concentra a maior parte da vida do povoado. Quase de frente para a igreja, a cachorra Pintada corre em direção às garças que sobrevoam os mandacarus. Contudo, só a cadela está realmente ali. Garças e mandacarus estão representados na casa da lavradora Joana Lopes, 52.

“O povo vem filmar, gravar, tirar foto. Eu fico até preocupada, do jeito que as coisas estão hoje, né?”, dizia, enquanto um grupo de crianças parava em frente à casa para admirar a paisagem. “Ver a casa assim é bom demais. Pena que a gente ainda não tem condições para reformar dentro, né?”, lamentou, mostrando a parede lateral do imóvel, construída com adubo de barro.

Hoje, Maristela é reconhecida por onde passa, em Morrinhos. Não é política, nem popstar. Mas, lá, é quase uma celebridade. “No início, eles tinham desconfiança, mas são muito hospitaleiros. Perceberam que seria uma troca, porque eles têm uma estética própria”. E se depender dos moradores, essa estética vai ficar exposta por muito tempo, como garantiu dona Doralice: “Não deixo tirar. Só o tempo pode levar embora”, avisa.

 População reclama que abastecimento  de água foi interrompido há 15 dias

Castigados pela seca, os moradores de Morrinhos têm se virado sem água há 15 dias. Para completar, a maioria das casas também não tem saneamento básico. “A gente vai buscar água num tanque duas, três vezes por dia”, conta o lavrador André Batista, 76 anos.

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Sem água há 15 dias, moradores de Morrinhos são obrigados a carregar baldes e galões. (Foto: Amana Dultra)

 O tanque fica a cerca de dois quilômetros do povoado, no terreno que faz parte de uma fazenda da região. Todos os dias, eles caminham até lá com carros de mão e baldes na cabeça. “O tanque é fundo, quase do tamanho do poste, quando está cheio. Mas quem alimenta é a chuva e não está chegando nem nas pernas”, diz, apesar de não saber dizer há quanto tempo não chove.

A água que resta se mistura com a lama do fundo do poço. “Como se não bastasse, a gente disputa com animais que bebem a água. É cavalo, cachorro, porco…”, afirma o lavrador Ivonaldo Barbosa, 30.

Procurada pelo CORREIO, a assessoria da prefeitura de Feira de Santana não deu um posicionamento oficial até o fechamento desta edição, às 20h. Já a assessoria da Embasa, responsável pelo fornecimento de água, não confirmou a informação, devido à paralisação administrativa de 24 horas do órgão, ontem.

Povoado tem cerca de 400 moradores em 90 casas

Localizado no distrito de Jaguara, em Feira de Santana, o povoado de Morrinhos tem quase 400 habitantes, que vivem em cerca de 90 casas. Para chegar até lá, é preciso seguir pela BR-116 e pela Estrada do Feijão.

Apesar de os primeiros moradores terem chegado em 1890, o número de casas só aumentou em 1975, segundo o lavrador André Batista, 76 anos, popularmente chamado de “memória viva” da comunidade. “Só tinha seis casas. Depois, as famílias começaram a chegar e abrir as ruas”.

AMaristela RTEmagicC_morrinhos_mapa_jpgFONTE: Correio da Bahia