Uefs divulga o resultado do vestibular 2013.1

 

A Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) divulgou, na tarde desta quinta-feira (7), o resultado do vestibular 2013.1 (ProSel). A relação dos convocados está disponível no site www.uefs.br e em murais instalados no hall do prédio da Reitoria, campus universitário.

A matrícula será realizada de 18 a 25 de fevereiro, em datas determinadas para os respectivos cursos. O escalonamento de matrícula e a relação dos documentos necessários também estão disponíveis na internet.

Para o curso de Licenciatura em Música, a Uefs divulgou a relação dos habilitado para a segunda etapa.

Ascom/Uefs

7/2/13

Razões de poeta

 

Razão de Ser

 Escrevo. E pronto.

 Escrevo porque preciso,

 preciso porque estou tonto.

 Ninguém tem nada com isso.

 Escrevo porque amanhece,

 E as estrelas lá no céu

 Lembram letras no papel,

 Quando o poema me anoitece.

 A aranha tece teias.

 O peixe beija e morde o que vê.

 Eu escrevo apenas.

 Tem que ter por quê?

 ( Paulo Leminski )

O Cruz Vermelha. O primeiro clube carnavalesco da Bahia

 

Carro alegórico - Blog Memoria da Bahia

O Clube Cruz Vermelha nasceu antes do Carnaval, 1883, para estrear na primeira festa oficial de Momo, ou seja, no ano seguinte e essa coincidência me faz pensar, sei que é uma ilação, que tenha sido o Clube quem articulou com os orgãos oficiais para a realização do primeiro Carnaval de Salvador. Tinha sentido criar uma agremiação carnavalesca apenas para participar do entrudo?

O Cruz Vermelha nasceu há 130 anos por iniciativa do comerciante José Oliveira Castro e estreou no primeiro carnaval baiano com uma proposta temática, alusiva às loterias, na verdade uma crítica; naquele tempo a imprensa denunciava a caixa preta das extrações e não se sabia se de fato entregavam o prêmio prometido.

O clube reunia comerciantes, brasileiros e portugueses, e tinha sede social na Barroquinha, então um ativo centro comercial, onde despontavam lojas de sapatos, tecidos e adereços. Estabelecimentos que importavam, da Alemanha e Itália, rolos de tecidos e lantejoulas, matéria prima para confeccionar as magníficas fantasias que caracterizaram o Cruz Vermelha ao longo de sua existência.

No Carnaval de 1885 desfila pela primeira vez aquele que seria o grande rival do Cruz Vermelha, o Clube Carnavalesco Fantoches de Euterpe, com carro alegórico romano e préstito inspirado na entrada triunfal de César em Roma. Rivalidade de várias décadas que atingiria o clímax nos anos 30 quando o Cruz Vermelha já tinha sede na Piedade e o povo aglomerava-se na Rua Chile para gritar “Viva Cruz!, Viva Fantoches!, saudando as suntuosas carruagens, e os enredos mitológicos, a bordo lindas senhoritas e garbosos rapazes da sociedade baiana como protagonistas.

Durante a II Guerra mundial o Clube sacrificou a marca consolidada no imaginário dos baianos e mudou o nome para Cruzeiro da Vitória para não ser confundido com a organização assistencialista; ao que parece não foi uma decisão acertada. Então, a sede do Cruz Vermelha já era no Campo Grande, no prédio onde hoje funciona a Fundação João Fernandes da Cunha, de onde saia o cortejo com a famosa guarda de honra composta por belas baianas.

Carnaval-da-Bahia-anos-30_-Cruz-Vermelha_-Senhorita-Alzimir-Perouse-Pinho

A rivalidade entre os dois clubes de elite do Carnaval baiano crescia com a adesão e provocação da imprensa, brigas entre as torcidas ocorreram em algumas ocasiões – 1959 com grande pancadaria – mas tudo era esquecido no ano seguinte. Naquele momento o Clube Inocentes do Progresso era mais um a disputar a preferência do público. Nessa década de 50 o Cruz Vermelha se renova graças ao empenho de João Pereira de Souza que investe suas energias para devolver ao clube o antigo esplendor.

O Cruz Vermelha conquistou 72 títulos e desfilou pela última vez, Tudo indica que em 1963, com o tema de Helena de Tróia e a guarda troiana revivendo a mística dos carnavais de início do século. Não era o mesmo clube, perdera espaço para os trios elétricos que já despontavam como tendência. E o glamour, o luxo representado pelo estandarte símbolo bordado em ouro com pedras preciosas ao redor do veludo, não mais tinha sentido entre os baianos.

Era o fim de uma era. O guia turístico da cidade; “Beabá da Bahia” de 1951, já previra esse final melancólico: “Os carros alegóricos do Fantoches, Cruzeiro da Vitória e Inocentes em Progresso, por mais dispendiosos que sejam sente-se que seu tempo já passou”. Era verdade. As trombetas dos figurinos de outrora abriam alas para a guitarra baiana com as suas cornetas amplificadoras.

Carnaval Cruz-Vermelha_ - Fantasias

Fonte: Memorias da Bahia

 

 

Duas histórias de carnaval

 

Luís Pimentel

1.
Foi num Carnaval que passou

O folião chegou no bar Bip-Bip, em Copacabana, e puxou uma cadeira. Arrasado, depois de “três dias de folia e brincadeira” e de se esbaldar no desfile do rancho Flor do Sereno, despejou os cotovelos sobre a mesa e grunhiu:

– Uma cerveja, estupidamente gelada.

Alfredo, dono do estabelecimento, conhecido e aplaudido pelo mau humor, grunhiu mais alto:

– Só tem quente.

– Serve – gemeu o folião, caindo imediatamente num pranto de derrubar encostas. Tão sincero que até o Alfredo se comoveu:

– Que foi, querido?

Acarinhado, o sujeito abriu o verbo:

– Você sabe o que é ter um amor, meu senhor, ter loucura por uma mulher, e depois encontrar esse amor, meu senhor, nos braços de um motorista de ônibus?

Corno em fim de festa é comum, mas plagiando Lupicínio Rodrigues, não é a toda hora que se encontra.

Alfredo tentou ajudar:

– Qual é a linha?

– Nenhuma. Piranha da pior espécie.

– Estou falando do Ricardão. Qual é a linha que ele pilota?

– 571, Glória-Leblon, via Jóquei.

O comerciante enxugou uma lágrima discreta:

– É duro mesmo. Sei o que você está passando.

Começando a se acostumar com o chifre, o amigo recente se animou:

– Você também já levou bola nas costas?

E o Alfredo, olhar distante, pôs mais uma dose de maldade no alfinete de pontinha fina:

– Só levei bola nas costas nos meus tempos de médio-volante do Bangu. Agora, se pelo menos a vadia tivesse escolhido um motorista do 572, que é via Copacabana…

2.

Paixão na avenida

Saio do Sambódromo na madrugada de terça-feira, depois de ver o desfile da última escola de samba da segunda, e me dirijo à estação do Metrô na Praça Onze. Na fila dos bilhetes, o folião me aborda, lata de cerveja na mão e cigarrinho apagado no canto da boca:

– Tu conheces a Doralice?

– Só a do samba: “Doralice, eu bem que te disse, que amar é tolice, é bobagem, é ilusão”.

– Falo sério, meu chapa. Doralice parece mulata do Lan, tu manja? Sorriso lindo, todos os dentes na boca, peitinhos de amora, coxas de italiana, balaio grande…

Estava musicalmente inspirado, atropelei novamente:

“Mexia um balaio grande, muito mais macio que o boto cor-de-rosa do Custeau”.

– E como é que tu sabes?

– Isso é de outro samba. Fala mais de Doralice.

– Conheci domingo, no desfile da Mangueira.

– Como diria o grande Wilson das Neves, “ô, sorte!”.

– E perdi ontem, no embalo da Mocidade.

Adoro essas histórias, desde menino. Vivia pedindo para minha mãe recontar o drama de um corno amigo, que se ajoelhou diante da infiel, aos prantos: “Volta, amor. E traz quem tu quiser contigo”. Quis saber como é que foi:

– Como ganhei ou como perdi?

– As duas. O importante é competir.

O folião não regateou:

– Ganhei de um sambista desatento, que marcou bobeira. E perdi para uma loura de cinema, que encostou no meu patrimônio, como quem não quer nada, e prometeu vaga de rainha de bateria pro ano que vem.

– E Doralice?

– Foi. A essa altura, já deve estar ensaiando com a louraça.

.