Natal
Uma voz nua
canta o sentimento
conversa de natal
a solidão
nos contempla
somos habitados
pela música
da noite.
Noite de Natal
Atrás da canção
uma grande lua
a estrela da festa
sinos da madrugada
que ninguém mais
escuta
despertam
lembranças distantes.
Uma foto do Natal
No ar
a coreografia
de uma flauta
antigas velas
ainda acesas
velhas ceias
em preto e branco
esperando
a madrugada
e a festa
O natal se arrasta
Lentamente.
(Almandrade)
Almandrade, por Antônio Luiz M. Andrade: É arquiteto, poeta e artista plástico baiano. Como artista plástico já participou de quatro bienais internacionais em São Paulo, além de várias outras exposições no país e no exterior. Editou em 74 a revista “Semiótica” e, seus poemas procuram dar às palavras intensidade plástica, forma. Publicou os livros “O Sacrifício dos Sentidos”, “Obscuridade do Riso”, “Poemas”, “Suor Noturno,” “Arquitetura de Algodão”. É um dos grandes nomes brasileiros do poema visual.