Mais um protesto

Caiu na rede!

“Projetar Brasília para os políticos que vocês colocaram lá, foi como criar um lindo vaso de flores pra vocês usarem como pinico”.(O.Niemeyer)

 “Por que tudo o que acontece é de Brasília? Você liga na Band é o Datena dizendo “ô de Brasília”, se falam de corrupção “vem de Brasília”, se meteram a mão na grana “foi de Brasília”. Tudo o que de ruim acontece vem de Brasília.

Chega! Brasília não é a privada do Bras…il. Somos uma população de 2.606.885 habitantes (segundo o IBGE em 2009). Dos 81 senadores que aqui aportaram, somente 3 são de Bra…sí…lia.

 Dos 513 deputados federais, 8 são nossos. Nossos, não, pois, mesmo os que representam Brasília dificilmente são originários daqui. Portanto, se aqui tem lixo, veio daí, do “seu” estado. O lixo é seu. Você votou nele.

Se já não bastasse termos um dos maiores custos de vida do Brasil devido aos altos salários dos representantes do “seu” estado, ainda temos que aguentar isso. Somos 2.606.885 trabalhadores e estudantes, pais e mães de família. Acordamos cedo, ralamos o dia inteiro e temos que esbarrar todo dia no representante do “seu” estado.

Chega! Exigimos respeito.

Aqui não tem só político. Se você pensa assim, vou começar a achar que no Rio de Janeiro só tem traficante, que na Bahia só tem cantor de axé, que no Amazonas só tem índio, que no Rio Grande do Sul todo mundo é boiola, que na Paraíba o macho é só a mulher, e que em Goiás só tem cantor brega.

Lembre-se: se o cara é corrupto, ele é espelho do SEU voto, portanto, espelho SEU. Então, pense melhor antes de defecar dentro da urna. Brasília agradece.”

(Autoria desconhecida)

 

Protesto

 

Desrespeito à arte

O artista plástico Leonel Mattos, que participou da exposição Arte efêmera em Feira de Santana, fez o seguinte protesto:

“Estive em Feira de Santana para realizar uma intervenção  urbana de Arte Efêmera, por sinal com um excelente resultado. Lamentável foi ver o monumento do artista plástico Feirense, JURACI DOREA, coberto  uma parte, com um tecido vermelho servindo de varal de corda!
Amanhã vou fazer uma carta ao prefeito de Feira de Santana para pedir a retirada do tecido, que não sei se foi para a decoração do Natal ou coisa parecida!”
Leonel Mattos
Artista Plástico e Presidente do SINAPEV-BA

Dá para sonhar

 

Danuza Leão

 Foi dada a largada para as festas, e de todos os lados se ouve o mesmo refrão: “ah, mas que chatice, odeio Natal, estou louca/o para chegar logo janeiro e tudo isso  acabar”.

Alguns já compraram passagem, estão viajando uma semana antes, para disfarçar que estão fugindo, e só voltam em 2012 -e é por isso que não se encontra mais lugar em nenhum avião para nenhum destino.

Já passei noites de Natal em casa de amigos, e elas são, sempre, rigorosamente iguais: as mesmas comidas, o mesmo troca-troca de presentes, as luzinhas da árvore piscando, piscando, as mesmas pessoas de todos os anos repetindo o mesmo texto – Feliz Natal-, mas ficando pouco tempo, pois tinham pela frente outras festas  espalhadas pela cidade, da sogra do irmão, da mãe do futuro genro etc., nessa loucura que são hoje as novas famílias.

Mas ouço falar que existem os que curtem de verdade; não sei se pelo lado religioso -será ?- ou pelo lado familiar.

Há os que cruzam os oceanos para poderem estar todos juntos e unidos nessa noite, e para esses o Natal começa em setembro, outubro. É quando combinam em casa de quem vai ser a ceia, quem leva o que, e começam as compras: presentes, papéis de embrulho, laços de fita, e os enfeites, os famosos enfeites da árvore, que a cada ano deve surpreender por ser maior e mais bonita que a do anterior. E o Papai Noel?

Sempre haverá um herói na família para, num calor absurdo, se vestir de bom velhinho, com direito a peruca, gorro, barba e bigode. Onde se compra a roupa de Papai Noel? Mistério.
E será que alguma criança ainda acredita em Papai Noel? Outro mistério.

Mas as datas têm um peso, e os que não têm família -ou acham que o Natal não tem nenhuma importância, é um dia como qualquer outro -, estão sujeitos a uma certa melancolia (e alguém encontra um analista dia 24 de dezembro?).

Esses ligam a televisão e olham para o relógio a cada dez minutos, para ver se já está na hora de poder tomar um tranquilizante, dormir, e só acordar no dia 25 com um ufa!, já passou.

Mas ainda tem o 31.

Nessa noite é obrigatório ser feliz, e ai de quem estiver só, curtindo um amor que se foi ou lembrando das tristezas do ano que passou. E quanto mais alegres estiverem as pessoas, mais fogos forem estourados para festejar 2012, mais sós e tristes vão se sentir.

Não adianta o discurso de que é um dia como qualquer outro, porque não é; a pressão é grande, dela poucos escapam.

E é inútil tentar brigar com o mundo; ainda é tempo de se organizar, combinar com amigos, aqueles que estarão tão sós quanto você, e combinar de passarem juntos a famosa data. Para isso, o ideal seria ter um bom ar condicionado, alguma bebida, muito gelo, e -por que não?- uma travessa de rabanadas, mas com a firme intenção de achar tudo normal.

É claro que à meia-noite vão haver muitos beijos e abraços, muitos votos de feliz ano novo, mas é rápido, pronto, acabou. E atenção: beba com moderação, pois as  ressacas do primeiro dia do ano costumam ser colossais e podem ser confundidas com depressão; aliás, alguém já viu uma ressaca feliz?

No fundo, bem lá no fundo, dá uma inveja danada dos que acreditam e festejam o Natal e o Ano Novo a sério; estas devem ser as pessoas mais felizes do mundo, mas por que não tentar entrar no clima e pensar que o novo ano vai ser maravilhoso e que vamos ser felizes para sempre?

Afinal, sonhar não custa.

Fonte: Folha/Uol – Colunistas

Observação: Colaboração enviada por Francisco Cezar. Muito obrigada, amigo!

O CUCA traz para a Feira Intervenção Urbana: arte efêmera

O que leva um artista a produzir uma obra de arte e vê-la se desfazer com o tempo, muitas vezes se esvaindo em algumas horas, ou mesmo só existindo no momento de sua realização? Esta é a ideia da arte efêmera, manifestação artística contemporânea que preza pelo transitório, o temporário, com total desapego da permanência e da durabilidade, proposta que está sendo trazida para Feira de Santana pelo Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA), órgão ligado à Universidade Estadual de Feira de Santana, evento a ser realizado no dia 10 de dezembro de 2011, das 08 às 17h no Espaço de Cultura, Arte e Lazer Marcus Moraes, localizado na Avenida Getúlio Vargas
(antigo ponto de ônibus central da cidade).

Procurando transpor as paredes do Museu Regional de Arte e da Galeria de Arte Carlo Barbosa, espaços em que realiza suas exposições e partindo para um espaço público a céu aberto, O CUCA promove a Intervenção Urbana: arte efêmera, com o intuito de fomentar uma integração do público com a arte, numa interação em que o mesmo pode chegar a fazer parte da própria obra de arte exposta ou mesmo intervir nela.

Com curadoria do artista baiano Leonel Mattos e de Celismara Gomes, diretora do CUCA, a exposição coletiva contará com 40 artistas de Feira de Santana e Salvador, entre eles Juraci Dórea, Maristela Ribeiro, Antonio Brasileiro, Almandrade, Nanja, Cesar Romero, Bel Borba, Guache Marques, George Lima, Celso Cunha, Ed Ribeiro, Graça Ramos os quais buscarão sensibilizar o público com suas diversas possibilidades nas artes visuais através dessa manifestação que nasceu com a proposição de colocar em discussão o próprio conceito de arte. O que podemos esperar dessa efeméride? Só conferindo.

Jailton S. do Nascimento

Um lindo conto de Luís Pimentel

 

Mania de outono

 Luís Pimentel

Outono era a moringa na mesa forrada de papel crepom. A caneca de alumínio deixava a água mais fresquinha, gosto de terra no fundo mais fundo, cheiro de chuva no gargalo. Vento encanado que podia constipar, menino remelento de nariz a escorrer pelos lábios. Peito apertado na cor doce e melancólica de um quase maio.

Essa mania de outono eu tenho desde muito cedo. Desde bem pequeno mesmo, lá na província, onde as pessoas nem davam muita bola para essa história de estação do ano. Tinha o verão, com aquele calor medonho dos tempos sem ar-condicionado nem ventilador, e o inverno que trazia frio de doer nos dedos e obrigar a dormir de pijama. Outono e primavera também existiam, mas a esses ninguém dava muita confiança.

Eu dava. Comecei a prestar atenção no outono no dia em que a professora Alda exibiu o livrão cheio de fotos coloridas, mostrando como a natureza reagia às boas e más influências climáticas, como se comportava diante de cada uma delas, se derretendo toda quando o outono anunciava a chegada triunfal. O papel do livro ficava mais  cheiroso nas páginas que mostravam árvores se descabelando, montanhas abrindo  os braços para os dentes do sol que banhava tudo de um amarelo meio laranja  avermelhado, sol que parecia vir de outro mundo e que jamais passara nem mesmo
de passagem pela minha cidade.

Peguei mania e comecei a colecionar folhas caídas na praça, sobre calçadas e muros da alameda que acompanhava o caminho da escola. E passei a observar, encantado, que aquelas folhas meio marrons amareladas disputavam em beleza com os frutos da última primavera, foram verdes sobre verdes no verão que acabou de acabar e estarão renascendo daqui a pouco, no inverno que o vento mais fino já anuncia. Fazia as contas e cálculos das transformações pelas quais deveria passar a minha vida até a  explosão do próximo outono.

Por que o declínio e a decadência?
De onde tiraram as explicações encontradas no verbete do primeiro dicionário  que me caiu às mãos? Até aquele dia, outono para mim era beleza e renascimento.  Coloquei as impressões no poeminha outonal que fez os colegas rirem bastante e  a professora condescender um “ele é sensível”. Também li para minha mãe, à  noite, enquanto ela lavava pratos. Depois do ponto final disse “vá dormir, você  está cansado”, e até hoje não sei se o comentário significou uma aprovação. Mas  a reação generalizada me mostrou que a compreensão do outono é para poucos.

Quantas vezes, ainda no meu pequeno mundo, me deitei à tardinha sobre a esteira de folhas das palmeiras, da cajazeira, dos umbuzeiros? Cabeça recostada no travesseiro improvisado de outono e os olhos na impenetrável luz dos fotógrafos e dos pintores, até o sol se cansar de mim e fugir para detrás das montanhas. Logo, logo vem o inverno e eu me fecho em copas, que nem as árvores, escondo os meus frutos.

Catei folhas na volta da escola, na ida para o trabalho, na vinda dos filhos, na despedida dos pais, sem precisar dar explicações para ninguém. Hoje não mais. Recolho apenas as que as máquinas de limpeza não enxergam, escondidas na grama da beira da piscina. Quando eles descuidam, recolho algumas no tonel de lixo. Só que pouco descuidam e os olhos de verão são fogo em brasa nos meus calcanhares.

Declínio e decadência. O segurança chuta para longe a belíssima folha da mangueira que veio caindo, caindo e se aproximando de mim. A bota do animal quase esmaga os meus dedos, enquanto se aproxima o enfermeiro vestido de inverno, sem uma gota de luz no semblante, bordando um sorriso de falsa primavera, o mundo girando, girando e me devolvendo o outono que ele traz na pontinha da agulha.