Filmes inaugurais da Nouvelle Vague francesa no Teatro do CUCA

24/08 – 19h – Acossado  (À Bout de Souffle) 1959. França. 90 min.

Direção: Jean-Luc Godard.

 

A Nouvelle Vague francesa foi inaugurada com com “Acossado” (À Bout de Souffle), de Jean-Luc Godard (França, 1959), em exibição hoje, no Teatro do CUCA. O objetivo de Godart era quebrar regras e chamar a atenção da juventude inquieta e politizada do final dos anos 50. A realização foi um divisor de águas na história do cinema. De forma inovadora o filme narra a fuga de um ladrão parisiense, representado por Jean-Paul Belmondo.

 (Não recomendado para menores de 12 anos).

 

Na semana que vem, dia 31 de agosto, o filme que será apresentado é de Truffaut; veja a ficha:

 31/08  Os Incompreendidos  (Les Quatre Cents Coups)1959. França. 99 min.

Direção François Truffaut.

O filme é quase um documentário autobiográfico, com várias ações retiradas da própria vida do diretor. A narrativa enfoca um dos temas mais caros à Nouvelle Vague, técnica e liberdade.

(Não recomendado para menores de 14 anos).

A iniciativa é do SESC – BA, com o apoio do CUCA  

Noite de valorização da música

Este é a segunda edição do Quinta Autoral Caiubi. Abrem-se as cortinas para a celebração de mais uma noite de boa música produzida pelos artistas de Feira de Santana. Um momento único cuja magia se espraia e energiza este espaço com o encontro do público e seus artistas preferidos.

Tudo isso graças à participação de artistas associados ou convidados do Clube Caiubi de Compositores, a maior rede de relacionamentos de músicos, jornalistas e produtores culturais existente no mundo, reunindo mais de 6.000 associados. Fundado em 2002, em São Paulo, por Osmar Lazarini (Sonekka), o clube busca a valorização da música autoral.

A realização do Quinta Autoral Caiubi conta com o apoio cultural da Universidade Estadual  de Feira de Santana (Uefs), por meio do Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca).

Esta noite será abrilhantada com as presenças de Carlos Pitta, Cescé, Dionorina e Ânima Trio.

Uma crônica de Aleilton Fonseca

 

CARTA A UM JOVEM POETA

 

Aleilton Fonseca

Releio sempre a carta que o poeta Carlos Drummond de Andrade me enviou em 1981. Naquele tempo eu tinha 22 anos e havia publicado o primeiro livro de poemas. A idade ardia numa vontade doida de traduzir a vida em versos. Hoje, após tantos janeiros, as musas me cutucam e esbravejam, mas já sei que é difícil comover o vasto mundo, este vale de lágrimas, desamor e enormes cifras.

O poeta gostou do livro e me mandou, em sua letra e estilo inconfundíveis, um voto de confiança, um estímulo, um sopro de vida numa chama que mal balbuciava. Com o envelope inesperado na mão, fiquei atônito entre a alegria trêmula e uma súbita responsabilidade. O carteiro não estivesse já longe e eu o abraçaria, convidá-lo-ia a entrar, conversaríamos sobre o autor daquela carta, eu lhe recitaria os poemas da Rosa do Povo.

Planejei responder ao poeta, mas a surpresa me ofuscou as idéias. E agora, José? Eu lia e relia a mensagem, lembrava de minhas primeiras incursões por sua poesia no ginásio e na biblioteca pública. Aquele nome tão longínquo agora me parecia estranhamente tão próximo. Não consegui inventar palavras para expressar o meu estado de espírito. A missiva, hoje amorosamente amarelada, ficou sem resposta para sempre.

No final daquele ano fui ao Rio e planejei fazer uma visita de surpresa ao poeta. Um dia, saí com o endereço anotado, decidido a ir bater em sua residência. Mas, à medida que avançava pelas ruas, a coragem se perdia pelas esquinas. Acabei perambulando o dia todo, sem encarar o caminho definitivo de um encontro com  o admirado autor de Boitempo. E se ele não me atendesse? E se não passasse de um “como vai?”, um “prazer em conhecê-lo” formais? Seria uma situação constrangedora, – o poeta diante de um jovem desconhecido que vinha de certa forma importuná-lo, logo ele, tão discreto e avesso aos cultos da personalidade. Não fui.

Até hoje oscilo quanto ao acerto daquela decisão: ora me arrependo de haver desistido, ora acho que assim foi melhor. O encontro poderia ter sido a quebra de todo encanto. Guardei na distância a admiração e a gratidão pelo gesto de incentivo, embora sentisse também um enorme vazio. Em 1987, quando recebi a notícia de que o poeta havia falecido, senti um choque, uma sensação pontiaguda de perda irreparável, um abismo me engolia e as lágrimas brotavam de meu olhar fatigado. O poeta se foi e eu fiquei cativo de minha não-resposta, da perda de sua presença e de sua palavra. Mas, por outro lado, algo valioso eu ganhei: o sentido poético dessa falta, que se conforma e se alimenta na leitura da velha carta, na lembrança de uma resposta não escrita, de uma visita não realizada, de um poema-homenagem que se escreve para sempre em minha memória.

 

 Drummond encantado

 

Há tantos anos,

o coração do poeta desistiu

de lutar com palavras.

 

Não lhe mandei minha letra,

nem recolhi sua imagem viva

em meu olhar.

 

O poeta encantou-se,

liberto de nós e de si mesmo.

 

E a mim só me resta

a letra íntima da página muda

que nunca lhe escrevi.

Posts da Semana

 

Clique no título para acessar o post ou leia abaixo

 

Leitura para o fim de semana: Martha Medeiros

11ª Caminhada do Folclore leva manifestações populares às ruas – 29 de agosto

 Tango – acrobacia e sedução

Dave Brubeck – Take Five

Clube de fotografia Gerson Bullos realiza exposição

Autorizada Ordem de Serviço para restauração da Igreja Senhor dos Passos

Feira de Santana – Começa hoje a terceira Feira do Livro

Luiz Melodia e Cássia Eller

O homem bom e o vestido de flores

Um poema de Drummond – O amor antigo

Ney Matogrosso canta Cartola

 

Boa leitura e divirta-se

Leitura para o fim de semana: Martha Medeiros

 

Martha Medeiros

 

Você conhece um chato. Ou dois. Ou meia-dúzia. E até gosta deles, viraram figuras folclóricas na sua vida. Talvez seja um cunhado, um amigo de um amigo, um colega de trabalho. Os chatos são bem-intencionados, não se pode negar. E é justamente essa boa intenção fora da medida que faz deles… chatos. O chato nada mais é que um exagerado. Ele é prestativo demais, ele é piadista demais, ele leva muito tempo para contar algo que lhe aconteceu, ele fica hooooras no telefone, ele se leva a sério além do razoável, ele ocupa o tempo dos outros com histórias que não são interessantes. O chato é, basicamente, um cara (ou uma mulher) sem timing.

Estava pensando nisso quando escutei alguém citando uma das coisas mais chatas que existe. Tive que concordar: colocar um filho pequeno no telefone pra falar com a dinda, com a vovó, com o titio, é muito chato. A gente ama aquela criança – talvez seja até o nosso filho! – mas ao telefone, esquece. Tentamos entabular um diálogo minimamente inteligível e nada rola. Ou ele não fala nada que se compreenda, ou não abre o bico, e só nos resta ficar idiotizados do outro lado da linha.

Todo mundo sabe que isso é chato. Mas todo mundo que já teve um filho comete essa mesma chatice com os outros. Por quê? Porque pai e mãe de primeira viagem são chatos por natureza. Ninguém escapa. Se não for chato, será considerado um sem-coração. Todos irão apontar: olha lá, aquele ali esconde o filho. Põe ele no telefone!

Outra chatice é mostrar 3.487 fotos do bebê. Dá nos nervos quando o filho não é nosso. Todos os bebês são iguais, menos para seus pais. Seja bem sincero: dá pra aguentar ver foto de bebê pelo celular? Basta perguntar educadamente pra alguém: e seu filhinho, vai bem? Pronto. Num segundo o celular ou iPhone será sacado e apontado direto para seus olhos: veja você mesmo.

A gente sabe que é chato, mas toleramos com sorrisos parcialmente sinceros porque faremos a mesma coisa quando chegar a nossa vez – ou já fizemos um dia. Se você passou dessa fase, segure a onda e compreenda os que ainda não passaram. Nada de reclamar. Aqui se faz, aqui se paga.

Outras chatices? Quando alguém pergunta: lembra de mim? Se está perguntando, é porque a chance é remota. Mas já não fizemos isso diante de alguém que gostaríamos muuuuito que lembrasse? E esticar as letras das palavras quando se está escrevendo? E quando a gente começa uma frase com “adivinha”. Adivinha pra onde eu vou nas próximas férias. Adivinha quem me convidou pra jantar. Adivinha com quem eu sonhei hoje.

Falando em sonho, tem coisa mais chata do que ouvir o sonho dos outros? Mas você já contou os seus. Váááárias vezes.

Agora adivinha qual o próximo exemplo que vou dar (rsrs). Precisamos mesmo colocar risadas entre parênteses para que os outros entendam nossas piadinhas cretinas?

Alguns menos, outros mais, chatos somos todos.

 

Fonte: Jornal “Zero Hora” nº. 16184, 13/12/2