“As palavras são boas. As palavras são más. As palavras ofendem. As palavras pedem desculpa. As palavras queimam. As palavras acariciam. As palavras são dadas, trocadas, oferecidas, vendidas e inventadas. As palavras estão ausentes. Algumas palavras sugam-nos, não nos largam: são como carraças: vêm nos livros, nos jornais, nos «slogans» publicitários, nas legendas dos filmes, nas cartas e nos cartazes.
As palavras aconselham, sugerem, insinuam, ordenam, impõem, segregam, eliminam. São melífluas ou azedas. O mundo gira sobre palavras lubrificadas com óleo de paciência. Os cérebros estão cheios de palavras que vivem em boa paz com as suas contrárias e inimigas. Por isso as pessoas fazem o contrário do que pensam, julgando pensar o que fazem. Há muitas palavras.”
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O escritor português e Prêmio Nobel de Literatura José Saramago faleceu nesta sexta-feira, por volta das 8h (horário de Brasília) na ilha de Lanzarote, na Espanha. Ele tinha 87 anos e estava em casa, na companhia da mulher, Pilar Del Río.
José Saramago é considerado um dos mais importantes escritores contemporâneos, autor de obras de sucesso em todo o mundo, como “O evangelho segundo Jesus Cristo”, “A jangada de pedra” e “Memorial do convento”.
Sua obra “Ensaio sobre a cegueira” foi levada aos cinemas pelo brasileiro Fernando Meirelles e o filme se tornou um sucesso mundial. Em 1998, sua prosa inventiva, a estética rigorosa e a constante preocupação social o fizeram merecer o Prêmio Nobel de Literatura.