Cezar Ubaldo

 

ENTRE VAZIOS

A noite é devagar,

entre vazios

uma melodia é silenciada

e depois

o próprio mar acaba navegando

e tudo acaba…

A PAZ É UM PÁSSARO

A paz é um pássaro

que desce sobre a minha cabeça.

Um pássaro azul

como o azul de fevereiro…

HOMEM

Envolto,

por grades estrangulado

Não sonho, não canto…

E até mesmo a minha alma de pássaro

chora a liberdade

lá fora…

HOCUS POCUS

Vi

o que séculos não verão:

o vento engravidando

a rosa matinal…

HOCUS POCUS IX

Se a mim fosse permitido fazer um poema

talvez o fizesse para Deus

que nada me pede ou dá.

Quem sabe o fizesse em apenas seis minutos

mas que cada minuto tivesse valor

de um século

para envolver o sono da tarde

e celebrar os encontros noturnos do mar…

Cezar Ubaldo por ele mesmo:  Sou poeta, professor, pedagogo, homem de teatro, mesmo sem estar no palco. Convivo com homens da Hera.  Mas a minha hora, na Hera, não se consumou.Tenho música no disco “Cidadão do Mundo”,de Fernando Lona, o único. Escrevi argumentos para o super 8mm quando havia o Clube de Cinema na minha cidade. Dirigi “As Criadas”,de Genet; escrevi e dirigi “O jogo dos bonecos de carne”; dirigi, de Pessoa, “O Marinheiro”, honra e glória. Sou visto, não tenho quistos. Sou saúde plena.Vivo a minha hora e aos amigos, de antes e d’agora, abro os braços e os enlaço, sem marcas ou ilusões. Ah, ainda tem:”Liberdades do Homem”,”Poemas de Bem querer e outros Quereres” e a Stitientibus, em dois volumes.

Dia da Mulher: homenagem, ou reflexão?

“Apesar da festa e das homenagens, nesse 08 de março me pergunto o que se deve comemorar: a força ou a vulnerabilidade da mulher? Enquanto mulher fico indignada com a discriminação e o horror a que são submetidas muitas companheiras. Sabemos de mulheres que apanham de homens, mulheres que são discriminadas no trabalho; mulheres que vivem na rua, mulheres mal-remuneradas, enfim, mulheres maltratadas por esse mundo à fora.

Falam de conquistas da igualdade de direitos entre homens e mulheres, igualdade reconhecida, mas muitas vezes discutida e tripudiada, porque na prática as desigualdades persistem e são gritantes.

Proponho que esse dia internacional da mulher não seja somente um dia de celebração, um dia de festa, mas sobretudo, um dia de reflexão sobre o papel da mulher na sociedade atual. Que a comemoração não se restrinja ao almoço ou jantar no restaurante, ao buquê de flores, ao cartão de felicitações ou àquelas exaltações caricaturais tão bem utilizadas pela mídia.

Sejamos simplesmente MULHERES, assim mesmo, com letras maiúsculas. Mulheres conscientes e que se orgulham da sua condição, em casa, no trabalho, na rua, na escola, em todo lugar; mulheres trabalhadoras urbanas ou rurais, professoras, motoristas, médicas, cabeleireiras, advogadas, maquinistas, esteticistas, garis, artistas, cozinheiras, bancárias, domésticas, donas de casa, floristas, dentistas, manicures, comerciárias, atrizes, artesãs, enfermeiras, costureiras, empresárias, manequins, mães de santo, bailarinas, faxineiras, santas, loucas, enfim, MULHERES!” 

                                                                                (Leni David)

 

Observação: Publicado paralelamente no Blog “De tudo um pouco”