Roberval Pereyr é o vencedor do Prêmio Braskem de Poesia.

O poeta feirense Roberval Pereyr é o ganhador do Prêmio Nacional de Poesia 2011, promovido pela Braskem e pela  Academia de Letras da Bahia. O livro “Mirantes” do pseudônimo Pedro P.P., que foi mantido sob sigilo, foi o escolhido pela Comissão Julgadora composta pelos acadêmicos Antonio Carlos Secchin, José Carlos Capinan e Ruy Espinheira Filho.

Logo após o anúncio do vencedor, o envelope foi aberto pelo Presidente da ALB, Dr. Aramis Ribeiro Costa, que identificou o autor da obra como o Sr. Roberval Alves Pereira, poeta feirense conhecido como “Roberval Pereyr.”

Os envelopes foram abertos no dia 12/01/2011 às 17:00h pelo Presidente da ALB, na presença da Comissão Julgadora, da Secretária e da Coordenadora da Biblioteca da ALB.

Mais de 100 inscritos concorreram ao Prêmio e os estados com maior representatividade foram Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul.

A premiação será dupla. Caberá ao vencedor uma quantia em dinheiro e a publicação do livro por uma editora de projeção nacional.

Muito sucesso para Roberval Pereyr!

Conto em gotas – Luís Pimentel

CENAS DE CINEMA

Luís Pimentel

 1.

O homem entra no ônibus pela porta dianteira. Cumprimenta o motorista, que não responde, e estira a mão para o trocador, passando-lhe o dinheiro que trazia enrolado entre os dedos.

A câmera em seu encalço.

O homem gira a roleta com dificuldade, pois o coletivo está bem congestionado, e vai avançando lentamente, dá licença, obrigado, dá licença, obrigado, tentando chegar ao final do corredor – onde espera encontrar um canto que comporte seus dois pés.

A câmera atenta.

O homem que parece estar fugindo de alguém ou de alguma coisa respira aliviado quando consegue ajeitar as pernas, rente ao encosto de um banco, levanta os braços em direção à barra elevada de apoio em busca da segurança que se espatifa em um segundo. Exatamente quando reconhece o passageiro que está sentado à frente, a arma na direção do seu peito:

– Quem diria! Fugiu tanto para cair no meu laço.

O primeiro disparo foi na câmera.

 

2.

Uma voz de comando pediu silêncio no set e informou que não ia tolerar comentários maledicentes.

O homem pede à mulher que erga um pouco mais a bunda, pois do jeito que está ela foge do foco da câmera. Depois sugere que ela diminua o ritmo, porque frenético do jeito que está fica parecendo uma dança de nuvens, artístico demais para o momento.

– Pornô moderno não dá tesão em ninguém – ele diz.

Ela pergunta se não está na hora de mudar de posição, mostrar outras partes dos corpos, outro viés de penetração. Ele, que além de ator é produtor e diretor da fita, argumenta que o público dá preferência a volumes e que jamais se cansa de uma cena com bundão na tela.

Ela diz que está cansada, com cãibras na coxa esquerda, dormência no pé direito e com vergonha da insistência com a qual exibe tão explicitamente suas celulites. Levanta-se, vai ao banheiro, toma banho, troca de roupa e sai batendo a porta. A câmera não pegou, mas da escada ainda escutava ele gritando:

– E o contrato?! Você assinou um contrato!

Esta cena final fez o público dar ótimas gargalhadas.

Do livro “Cenas de cinema – conto em gotas” (Ed. Myrrha), recém-lançado

 

CENAS DE CINEMA – CONTO EM GOTAS

 Lançamento de livro

A vida miúda, em sua desconcertante grandeza; o homem em fúria, em êxtase, perdendo-se e encontrando-se nas mesmas curvas incertas; o amor, o ódio, esperanças e incertezas.

A matéria-prima dessas histórias é a mais substancial possível: o homem com seus dramas, medos, contemplações. Contista muitas vezes premiado (Cruz e Souza, Literatura Para Todos e Prêmio Cidade de Belo Horizonte, entre outros), Luís Pimentel volta às narrativas curtas (neste livro, curtíssimas), com histórias eletrizantes.

Vamos ao cinema – Conto em gotas é um livro para estantes e mesas de cabeceira de quem gosta da melhor literatura brasileira. “Luís Pimentel escreve contos em que a suprema sofisticação se realiza, muitas vezes, na simplicidade, no desenho despretensioso da vida, em que todo mistério dela cabe numa cena de rua (…) Poucos contistas têm a medida exata do conto. Entre eles, Luís Pimentel”.

André Sefrin

PIMENTEL,Luís. Cenas de Cinema – Conto em gotas. ISBN 978-85-89125-17-8

128 páginas / R$ 25,00 Formato: 13 x 17 Edição: Myrrha / Distribuição: Mauad 21) 2220.4609 3479.7422

Lançamento dia 20/12/2011, das 19 ÀS 22h Livraria do Museu da República (Rua do Catete, 153, Metrô: Estação Catete) Rio de Janeiro.

Capinan volta a Feira para relançamento de 3 trabalhos

 

O Centro Universitário de Cultura e Arte promove no dia 1º de dezembro (quinta-feira) o relançamento dos livros “Balança Mas Hai Kai” e “Bumba meu Boi” e do pôster “Soy Loco Por Ti”, todos trabalhos de José Carlos Capinan que está de volta à Feira de Santana especialmente para este evento que acontece na Galeria de Arte Carlo Barbosa a partir das 19:30h.

 Balança Mas Hai Kai, livro de poesia lançado em 1995, é um trabalho raro pois já se encontra esgotado e é bastante procurado. “Não sei como seria certo grafar […]. Grafei glauberiamente com k. E pus um traço de desunião. Juntei centenas de hai-kais que havia escrito e, depois de uma seleção inicial, reli os hai-kais de Millor (foi dele certamente que incorporei a primeira informação dessa estrutura oriental de compor poemas, creio que na revista “O CRUZEIRO”). Tomei então coragem de publicar os meus. E aqui estão…”, diz Capinan. Já “Bumba meu boi” é uma peça escrita nos anos 60, musicada por Tom Zé e montada pelo Centro Popular de Cultura de Salvador, com ilustrações de Emanuel Araujo e ainda inéditas em livro. O poster caligrama  “Soy Loco Por Ti” é em homenagem às inúmeras parcerias e este três trabalhos tem projeto gráfico de Washington Falcão.

Baiano de Entre Rios, Capinan é pedagogo formado em 1959, tendo, neste mesmo ano, ingressado nas escolas de Direito e Teatro da UFBA, momento em que se engaja no Centro Popular de Cultura de Salvador e escreve a peça musical “Bumba meu Boi” em parceria com Tom Zé. É neste contexto que edita seus primeiros poemas nos suplementos literários locais e participa da antologia “Violão de Rua”, da coleção Cadernos do Povo (Ed. Civilização Brasileira). Em 64, sai da Bahia e participa
intensamente da vida cultural e política do país. Classifica-se em 3° lugar no
festival da MPB de 66, com Paulinho da Viola, vencendo o festival em 67 com
“Ponteio”, composição em parceria com Edu Lobo. É neste mesmo ano que compõe
com Gilberto Gil “Soy Loco Por Ti, América”, uma das precursoras do movimento
tropicalista, do qual participa em 68.