Simplesmente Capinan

 

Balança mas Hai-Kai

José Carlos Capinan

CHAPLIN

Um vagabundo

Tira do bolso imundo

Um mapa-mundi

TEMPO

Tempos kamikases

As bombas de Oklahoma

São karmas de Nagasaki

 

POIESIS

A flor sustenta o caule

Eu não sei como fazer

(Quem sabe se a flor sabe?)

DESEJO

Plenilúnio

Plenamente nua

Cantas aleluias

INTERVALO

Entre nós existiria

O precipício de uma ponte

Ou somente travessia?

RELÂMPAGOS

Aves que não voam

Lá se vão os trovões

Pássaros que soam

In: Poemas – Antologia e inéditos. Fundação Casa de Jorge Amado, Salvador, 1996, p. 109.

Soy loco por ti América – Capinan / Torquato Neto

José Carlos Capinan – Filho de Osmundo Capinan e Judite Bahiana Capinan, nasceu na Fazenda Gavião, município de Esplanada – Bahia. Diplomou-se em pedagogia e medicina. Em 1960, mudou-se para Salvador e estudou teatro no Centro Popular de Cultura, ligado à UNE; conheceu Caetano Veloso e Gilberto Gil, ambos cursando as faculdades de Filosofia e Administração de Empresas, respectivamente.

No ano de 1963, escreveu e estreou a peça “Bumba-meu-boi”, musicada por Tom Zé. Em 1964 transferiu-se para São Paulo e trabalhou como redator publicitário na agência Alcântara Machado. Por essa época, conheceu Geraldo Vandré (que fazia jingles para a agência), além de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal (do Teatro de Arena) que o levaram para o meio musical. Logo depois foi apresentado a Edu Lobo.

Participou ativamente dos movimentos culturais da década de 1960: Centro Popular de Cultura (CPC), Feira da Música (Teatro Jovem, ao lado de Paulinho da Viola, Caetano Veloso, Torquato Neto e Gilberto Gil) e Tropicalismo, com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Os Mutantes, Nara Leão, Torquato Neto, Rogério Duarte, Rogério Duprat e Gal Costa.

Em 1965, foi co-autor, com Caetano Veloso e Torquato Neto, da peça “Pois É”, interpretada por Gilberto Gil, Maria Bethânia e Vinicius de Moraes, no teatro Opinião, no Rio de Janeiro. Compôs com Caetano Veloso a trilha sonora do filme “Viramundo”, de Geraldo Sarno, que contou também com a música-título “Viramundo”, esta, composta em parceria com Gilberto Gil.

No ano de 1966, publicou o livro de poemas “Inquisitorial”. Em seguida, voltou a Salvador, onde cursou Medicina, profissão que chegou a exercer por algum tempo.

Na década de 1970, foi co-editor ao lado de Abel Silva da “Revista Anima”. Em 1973, dirigiu e produziu o show de Gal Costa e Jards Macalé, no teatro Oficina, em São Paulo, e o espetáculo “Luiz Gonzaga, o Rei do Baião”, no teatro Teresa Raquel, no Rio de Janeiro.  Em 1976, publicou poemas na antologia “26 poetas hoje”, organizada por Heloísa Buarque de Hollanda. No ano seguinte, lançou pela editora Macunaíma “Ciclo de navegação Bahia e gente”.

Em 1982 formou-se em Medicina, pela UFBA. Dois anos depois, estruturou a TV Educativa da Bahia, criando diversos programas para seu lançamento e em 1985 atuou como diretor da emissora.  Em 1986 foi nomeado Secretário Municipal da Cultura, de Camaçari (BA), passando a integrar o Conselho Nacional de Direito Autoral, do Ministério da Cultura (MinC). De 1987 a 1989, atuou como Secretário da Cultura do Estado da Bahia, e como presidente dos Fóruns Nacional de Secretários da Cultura e Estadual de Cultura. Neste mesmo ano editou três livros: “Inquisitorial” (reedição, o original é de 1967) e “Confissões de Narciso”, pela editora Civilização Brasileira, além de “Balança Mas Hai Kai”, pela editora BDA.

Em 1990, fez o show “Poeta, mostra a tua cara”, tendo como convidados especiais Gilberto Gil, Paulinho da Viola e Geraldo Azevedo, no Jazz Club, no Rio de Janeiro. No ano de 1995, relançou do pela Editora Civilização Brasileira, “Inquisitorial”, seu livro de poemas, contou com ensaio crítico de José Guilherme Merquior, escrito em 1968 e publicado no livro “A astúcia da mímese” em 1969. No ano seguinte, em 1996, publicou “Uma canção de amor às árvores desesperadas”, livro de poemas. Neste mesmo ano apresentou-se no projeto “Fala, poeta”, acompanhado pelo grupo Confraria da Bazófia, em Salvador, Bahia. Publicou também “Signo de Navegação Bahia e Gente” e “Estrela do Norte, Adeus”.