Serenata
Permite que feche os meus olhos
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora
e contando pus-me a esperar-te.
Permite-me que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio
e a dor é de origem divina
Permite que volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo
e aprende a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.
(MEIRELES, Cecília. Obra poética. Rio de Janeiro, Cia. José Aguilar Ed., 1967, p. 139).