Viver é resgatar os sonhos esquecidos no fundo do armário

 

Rebeca Bedone

Vencer dificuldades, ultrapassar preconceitos e seguir em busca de sonhos e ideais nem sempre é uma jornada fácil nessa vida tão competitiva e cheia de inveja e intolerância. E, muitas vezes, temos que primeiramente enfrentar uma luta interior antes de estarmos prontos para a guerra que acontece lá fora. Mas, quando existe paixão de verdade e uma autêntica aspiração de quem sonha, não há limites que possam ser enfrentados.

Quando eu escrevo, tento superar os meus limites. Inicio uma busca incessante das minhas lembranças, de mim mesma, dos meus sonhos guardados e até daqueles que foram esquecidos em caixas bem lá no fundo do armário. É também um encontro com o desconhecido. Um lugar que eu não sabia, mas que sempre esteve ali, à minha espera.

“Eu tenho um pouco de girassol”, dizia Van Gogh, um dos meus pintores preferidos, e ele acreditava que essa flor tinha um significado especial por causa da sua cor amarela, representando a esperança e a amizade. E, ainda, achava que a gratidão era um sentimento relacionado ao jeito como as flores se abriam. Por isso, ele pintou os quadros de girassóis para enfeitar a sua casa amarela, em Arles, enquanto aguardava o seu amigo e pintor Paul Gauguin.

O amarelo expressa otimismo e criatividade e simboliza a prosperidade e a felicidade. Esta cor desperta alegria porque significa luz, energia e calor.

Acredito que Van Gogh pintava para se libertar. Infelizmente, ele teve um final trágico muito jovem devido a sua doença mental que lhe causara tanto sofrimento. Apesar do esplendor de suas obras e da quantidade significativa de quadros que produziu, ele não conseguiu suportar a sua alma atormentada.

Mas, quando eu olho Os Girassóis, sou capaz de me libertar das minhas angústias e dúvidas. Fecho os olhos e corro por um campo de girassóis.

Hipocrisia, doenças, distância, saudade, maldade, mentiras, miséria, morte, corrupção? Escuridão. Sigo correndo por um campo de girassóis. Porque virá dia depois do outro, o tempo passará, as perguntas aumentarão e o que não posso é ficar parada. É, nós não podemos parar. Então, vamos! Vamos, porque nós também temos um pouco de girassol.

Vamos correr por um campo de girassóis. Seremos uma só corrida de braços abertos, leves como um pincel, a receber um beijo do vento e girar na direção dessa luz que nos conduz a uma dança contra todas as guerras e todos os medos.

Porque hoje seremos as flores do Sol. Aquelas que agradecem a beleza da vida e o mistério divino de estarmos todos aqui. Todos juntos em busca do nosso melhor tom de amarelo.

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Foto: Internet

Fonte: Revista Bula

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