Soneto
Gregório de Matos (Salvador 1636 – Recife, 26 de novembro de 1695)
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
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Em cada porta um bem frequente olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.
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Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda a picardia,
Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia.
O Boca do Inferno, como ficou conhecido Gregório de Matos, descreve o que era naquele tempo a cidade da Bahia; mas o poema é atualíssimo!