Professores fazem paródias para protestar contra governo Wagner

Luana Ribeiro
luana.ribeiro@redebahia.com.br

Nos últimos dias, uma trilha sonora diferente invadiu os carros de som das manifestações dos professores da rede estadual de ensino. As dez faixas do CD “Hits da Greve”, com paródias de músicas conhecidas, tem versos como “Traíra, traíra, assim você me mata…”, versão de Ai, se eu te pego, internacionalmente famosa na voz de Michel Teló.

As paródias foram compostas por um grupo de seis professores há cerca de um mês.“Foi meio de brincadeira, cada um foi dizendo uma frase e fomos fazendo”, conta um dos compositores, que preferem não se identificar.

Compositor de Inventando Moda, uma das músicas parodiadas, o cantor Magary, viu com bom humor o uso de sua música para o protesto. “Achei a paródia divertida. A música, quando se torna muito popular, acaba virando uma espécie de obra de domínio público e aí cada um usa a música como achar mais engraçado”, afirma.

Além de criticar a posição do governo estadual durante a greve, que completa hoje 81 dias, as versões servem para levantar o ânimo dos grevistas. “Afinal, a gente tem sofrido muito com essa greve”, afirma um dos professores.

Após um tempo tentando viabilizar a gravação, conseguiram apoio de um produtor artístico de uma banda conhecida, que segundo eles, também prefere se manter no anonimato. “Ele nos deu essa força, porque é solidário ao movimento, mas não quer que a gente divulgue, para não ligar o nome da banda à greve”, diz o professor. O CD foi gravado em dez horas de gravação em estúdio, com uma equipe de 18 pessoas e cem cópias foram feitas, por “restrição financeira”, informou.

Para divulgar as músicas, os professores pretendem tocar o CD nas manifestações. Uma das oportunidades de estreia foi na última quarta-feira, na frente do Centro Educacional Carneiro Ribeiro – Escola Parque, onde foi realizado o primeiro Aulão Enem, aulas de reforço para o exame contratadas pela Secretaria Estadual da Educação.

O CD foi tocado novamente em ato público realizado ontem na Praça Nelson Mandela, no bairro da Liberdade, mas a grande aposta é o desfile cívico do 2 de julho.

Impasse

A próxima assembleia da categoria acontece na terça-feira, mas não há indicativo de nenhuma rodada de negociação. Portanto, o CD deve tocar ainda muito.

O presidente da ALPB, Rui Oliveira, afirmou que em 80 dias de greve o sindicato e a Secretaria Estadual de Educação (SEC) se reuniram apenas uma vez, no dia 10 de abril. “Esse foi o único encontro diante das nossas reivindicações”. A SEC não comentou.

O arcebispo primaz do Brasil, dom Murilo Kriger, desde o início da greve intermediou reuniões tanto com os professores quanto com o Governo do Estado. Porém, nos últimos dias não participou de nenhuma negociação. Segundo o coordenador de comunicação da Arquidiocese, padre Manoel Filho, “o arcebispo está acompanhando os fatos da greve e quando for solicitado irá intermediar novas conversas”.

O Mistério Público do Estado também não se pronunciou sobre a greve.
Anteontem, a Secretaria de Educação e a Secretaria de Administração do estado rescindiram o contrato de 57 professores do Regime Especial de Direito Administrativo (Reda), que não teriam comparecido à convocação para dar aulas no plano de reposição para alunos do 3º ano. Outros três professores efetivos foram afastados acusados de vandalismo.

Fonte: Correio da Bahia

 

Pai indignado faz protesto no aeroporto de Salvador

Caiu na rede!

A greve dos professores da rede estadual de ensino da Bahia continua. Enquanto isso, os pais de alunos demonstram a insatisfação com a falta de diálogo do governo do Estado que se recusa a negociar com os professores e a cumprir o piso salarial determinado pelo governo federal, ou a adotar  medidas práticas para resolver o problema e levar os estudantes de volta às salas de aula.

Nesta semana, um dos pais indignados com a situação levou a sua revolta ao Aeroporto Internacional de Salvador. Ficou segurando uma placa revelando para todos que chegavam à capital do estado que as coisas não andam bem.

Sejam Bem-vindos à Bahia, um estado sem educação. Meus filhos estão sem aulas, há mais de 60 dias”. O texto se repete em outros três idiomas. Em inglês, espanhol e francês. A foto feita por Laura Alícia Côrtes está sendo compartilhada nas redes sociais sob o título de: “Olha só como os turistas estão sendo recebidos no aeroporto de Salvador”.

 Atualização:

O presidente da Associação das Mães e Pais de Alunos de Escolas Públicas da Bahia (Amap), Antônio Daltro Moura (foto acima), segue hoje para São Paulo, onde inicia uma série de manifestações a fim de sensibilizar a opinião pública nacional sobre a situação dos estudantes das escolas estaduais baianas, que estão sem aula há 72 dias. Durante os atos, Moura vai exibir um cartaz poliglota com os dizeres “Visitem a Bahia, um estado sem educação”, em português, espanhol, inglês e francês. Ele lamenta a solução paliativa encontrada pelo governo em dar aulas em caráter extraordinário apenas aos alunos do terceiro ano do ensino médio. “Somos contra esse tipo de aulão. Somente em asfalto se admite fazer tapa-buraco e educação é coisa séria”.
Fonte: Radar/Tribuna da Bahia
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