Exposição – “100 x 100 Caribé ilustra Jorge Amado”

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Com entrada franca projeto visa a difundir a arte conjunta dos artistas, conhecidos por obras inesquecíveis e singular atuação nas áreas de literatura e artes plásticas

Feira de Santana será a segunda cidade a receber entre os dias 1º de agosto e 1º de setembro, no Centro Universitário de Cultura e Arte da Universidade Estadual de Feira de Santana, a exposição “100×100 Carybé Ilustra Jorge Amado”, que tem como objetivo promover uma reflexão sobre a importância da relação entre Carybé e Jorge Amado, e tornar este legado mais acessível à população.

A exposição tem a curadoria de Solange Bernabó, filha de Carybé, que no dia 1ºde agosto, às 19h, na Galeria Carlos Barbosa (CUCA), fará uma palestra sobre “Carybé e Jorge, uma amizade centenária”.

Com o projeto expográfico assinado pelo arquiteto Daniel Colina, a exposição mostra imagens das capas e ilustrações de livros como O Sumiço da Santa, Jubiabá, A Morte e A Morte de Quincas Berro D’água, O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, além de trechos dos textos, cartazes, croquis de cenários e figurinos para os balés Gabriela e Quincas, e também fotos que revelam diferentes momentos da amizade entre Jorge e Carybé.

“100×100 Carybé Ilustra Jorge Amado” é uma realização do Instituto Carybé, em parceria com a Hasta la Luna Iniciativas Culturais, apoio da Fundação Casa de Jorge Amado e patrocínio do Grupo LM, através da Lei Rouanet.

Segundo o representante do Grupo LM, o gerente da Concessionária Bravo Caminhões e Ônibus de Feira de Santana, João Márcio Pinheiro, é uma honra para o Grupo patrocinar essa grande homenagem, mostrando que acredita e incentiva a cultura.

 “O baiano Jorge Amado e o argentino Carybé, que amava muito a Bahia, marcaram sua época e deixaram um legado na história e na cultura do nosso país, valorizando nossa identidade. A expectativa é grande por Feira de Santana ter sido escolhida para sediar uma exposição dessa grandeza”, explica Pinheiro.

Caminhos da Itinerância

Ilhéus foi a primeira cidade a receber a exposição, seguida de Feira de Santana e por último Salvador, onde ocorrerá entre 6 de setembro e 6 de outubro, no Solar Ferrão.

 A cada cidade visitada, a obra de dois dos principais artistas nacionais reconhecidos internacionalmente poderá tocar diversos públicos, desde fãs a curiosos.

Sobre a Exposição  “100×100 Carybé Ilustra Jorge Amado”

O imaginário popular sobre a Bahia foi concebido a partir das palavras de Jorge Amado e das imagens de Carybé, que devido às suas singularidades, criaram obras de extrema originalidade e beleza, revelando características da cultura baiana capazes de apresentar o estado ao mundo.

Com sua narrativa particular, Jorge Amado revelou curiosidades sobre a Bahia que vão desde sua mescla de religiosidade e sensualidade, com cheiros, cores, sons e sabores eternizados em romances traduzidos e publicados em cerca de 60 países. Já Carybé materializou-a em imagens. Sua vasta obra, composta principalmente por pinturas, gravuras, ilustrações, murais e esculturas, desvendam o povo baiano de maneira única. Além de únicos em suas áreas, Jorge e Carybé são personagens da vida real que se cruzaram e tornaram-se irmãos, influenciando um ao outro, bebendo muitas vezes da mesma fonte e produzindo um magnífico legado.

 

Centenário de Carybé

 

A leitura do romance Jubiabá, em 1938, um dos romances de Jorge Amado, trouxe à Bahia o argentino Hector Julio Paride Bernabó, mais conhecido como Carybé. O artista plástico, escultor, gravador e diretor de arte, fixou residência na Bahia e naturalizou-se brasileiro em 1957, época em que recebeu o título de Cidadão baiano.

 

Sobre a Bahia Carybé escreveu:

« A Bahia não é uma cidade de contrastes. Não é não. Quem pensa assim está enganado… Tudo aqui se interpenetra, se funde, se disfarça e volta à tona sob os aspectos mais diversos, sendo duas ou mais coisas ao mesmo tempo, tendo outro significado, outra roupa, até outra cara… Tudo misturado: gente, coisas, costumes, pensares. Vindos de longe ou sendo daqui, tudo misturado… Além da terra onde um dia descansaremos, há duas coisas : o preto e o branco. Havia. A loura de biquíni tem uma estrutura de ombros formidável, genuinamente sudanesa. A vendedora de mingau, escura como a noite, tem um holandês nos olhos. Tudo misturado! »

(In, CARYBÉ -. Livraria Martins Editora, São Paulo, 1962, p. 23).

 

Concordo plenamente com Carybé, quando ele diz que a velha Salvador é a cidade das misturas; mistura de velho e novo, de pitoresco e inusitado. Mistura de gente, cores, sol, mar, cheiros e sabores. Uma cidade singular e plural, com suas qualidades e defeitos.

 

Em 2009, uma exposição sobre a obra do artista ficou aberta ao público entre os meses de abril e maio. Carybé – 70 anos de Bahia, organizada pelo Instituto Carybé reuniu 200 obras que retratam a diversidade de temas e técnicas utilizadas pelo artista. Trata-se de pinturas, painéis, gravuras, esculturas, murais, ilustrações de livros, objetos pessoais, além dos figurinos criados por ele para cinema, teatro e balé.

Os responsáveis pelo evento também organizaram um passeio cultural denominado Rota Carybé, visando mostrar dezenove pontos de Salvador onde existem trabalhos do artista, entre eles, o painel do aeroporto, os gradis do Campo Grande e do Solar do Unhão, a estátua da mulher com uma criança, .que se encontra na entrada do Shopping Iguatemi, os painéis do teatro Castro Alves, entre outros.

Além da exposição, Caribé foi alvo de homenagem dos Correios e Telégrafos que lançaram um selo comemorativo; também está prevista pelos responsáveis do Instituto Carybé, a restauração da sua antiga residência localizada no bairro da Boa Vista de Brotas, que deverá tornar-se Memorial e centro cultural.

Em maio de 2009 também foi lançado um livro onde está registrada a arte de dois estrangeiros ilustres, baianos de coração e por afinidade; trata-se de  “Carybé & Verger – Gente da Bahia”, , idealizado por Enéas Guerra, que também foi colaborador de Pierre Verger e com textos de José de Jesus Barreto.É o primeiro livro da trilogia Entre Amigos. Ele marcou a comemoração dos 20 anos da Fundação Pierre Verger.

Em dezembro desse mesmo ano foi lançado em Salvador, Caybé, Verger&Caymmi: Mar da Bahia, o segundo livro da trilogia, que tem como objetivo celebrar a arte e a grande amizade entre esses personagens que escolheram a “Boa Terra” e o jeito de viver de sua gente, como motivo e cenário para suas obras.

 * Hector Júlio Páride Bernabó, conhecido como Carybé, nascido no subúrbio de Lánus, em Buenos Aires, em 1911, de pai italiano e mãe brasileira; veio à Bahia pela primeira vez em 1938, estabelecendo-se definitivamente à partir de 1942. Caribé faleceu em 1° de outubro de 1997 aos 86 anos de idade. Durante a sua vida foi jornalista, ilustrador,  desenhista, pintor e escultor, deixando uma série de trabalhos que retratam aspectos culturais da Bahia.