Mudança de humor: inauguração, vaias, show espetacular

Ontem à noite foi inaugurado o Shopping do Horto  Bela Vista, o mais novo centro comercial de Salvador, num evento fechado para convidados. Estava muito chateada com o desfecho da negociação entre os Professores Estaduais, Ministério Público e Gogerno do Estado e quase renunciei ao evento, pois não me conformo com a intrasigência do governador, com as informações distorcidas publicadas pela imprensa e pela omissão da maioria das pessoas que não enxergam o drama da greve, tanto para os professores quanto para os alunos..

O que me tirou de casa foi o incentivo da minha filha mais velha e do meu marido, principalmente quando lembraram que a inauguração incluía uma apresentação de Caetano Veloso e do Grupo de Metais do Neojibá – Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia.

Saí de casa meio a contragosto para conhecer o novo empreendimento denominado Horto Bela Vista, complexo imobiliário composto de 19 torres residenciais e três torres comerciais, além de um hotel, clube e escola.

Nesta primeira fase, o empreendimento reúne 200 lojas, em 50 mil metros quadrados de área bruta locável. O mix apresenta operações das marcas mais consagradas dos segmentos de moda, cultura, lazer e gastronomia. Já estão previstas duas expansões para os próximos anos que aumentarão a área locável para 74 mil metros quadrados, tudo muito bonito e monumental.

Apesar de um certo mal humor comecei a me divertir quando vi no palco os três candidatos à sucessão municipal: Nelson Pelegrino (PT), Mário Kertész (PMDB) e ACM Neto (DEM), que demonstravam um certo constrangimento.

No entanto, a noite começou a ficar divertida quando a força das vaias invadiu o ambiente num evento fechado, onde a entrada foi restrita a convidados. Entre outros vaiados, o secretário estadual James Correa, da Indústria, Comércio e Mineração, pediu a palavra e explicou que estava ali para representar o governador Jaques Wagner, que se encontrava em reunião em razão da greve dos professores.

Ao pronunciar a frase ‘greve dos professores’, James Correa foi vaiado pelo público presente, que não era formado por funcionários públicos, muito menos por professores. Era visível o constrangimento do candidato do PT, Nelson Pelegrino. O pior é que o BA TV havia anunciado pouco antes que o governador não havia comparecido à reunião.

A partir daí o mal humor se dissipou e a alegria tomou conta do meu coração diante do magnifico espetáculo oferecido pela  Orquestra de Metais Neojibá e pelo sempre jovem e grande artista Caetano Veloso, que em certo momento não se conteve, reclamou do barulho e pediu mais atenção ao público presente.

Num gesto estúpido esqueci a máquina fotográfica em casa e fui obrigada a utilizar os telefones celulares dos familiares, cujas fotos nem sempre são de boa qualidade.

Mesmo assim, valeu a pena. A orquestra fez um grande espetáculo e Caetano nos brindou com clássicos do seu repertório, como Cajuina, Luz do sol, Tieta, Força estranha, e até Saudades da Bahia, do saudoso Dorival Cammi.

Deixo o registro.

Carlos Barbosa participa do Leituras Públicas

O escritor Carlos Barbosa participirá do projeto LEITURAS PÚBLICAS, da Fundação  Pedro Calmon, hoje, quinta-feira, no quadrilátero da Biblioteca dos  Barris, a partir das 17h.
Ele fará a leitura de trecho do romance “Beira de rio, correnteza” e de outros textos, se der tempo.
A mediação será do escritor Dênisson Padilha Filho.

 

O Museu e a Arte Contemporânea

Na arte contemporânea não existe limites estabelecidos para a invenção da obra, embora nem tudo em nome da liberdade, sem critérios e sem o risco de referências, a transgressão sem saber de que, divulgado como arte, é arte. Com o deslocamento dos suportes tradicionais, a exemplo da pintura e da escultura para outras opções estéticas ou experiências artísticas em processo, com o uso de novas tecnologias disponíveis ou não, mas principalmente com um novo conceito do que vem a ser uma obra de arte, hoje em dia, coloca em xeque o museu tradicional.

Determinadas linguagens de natureza diversificadas da atualidade solicitam a reformulação de demandas e  estratégias museias, um outro modelo museológico e museográfico.

O museu é o recipiente de conservar uma coleção e preservar uma herança  estética e cultural  de um tempo que passou e do presente para significar o possível futuro. Ele ocupa um lugar de destaque entre os diferentes elementos que compõem o sistema da arte. Assim como o hospício e a clínica, é provável ver nele um espaço de confinamento, um espaço sagrado, intocável e asséptico de exposição de objetos, que exige do espectador um ritual de contemplação, quase em silêncio, das chamadas obras de arte.

Não é um lugar neutro, tem história e implicações ideológicas. Na primeira metade do século XX, o museu de arte era o depósito de repouso do moderno, questionado no início desse século pelo precursor das poéticas contemporâneas, Marcel Duchamp e seu novo paradigma, bem humorado, para a arte: não mais uma coisa criada pelo artista, mas a coisa que o sujeito reconhecido como artista escolhe e decide para ser a obra de arte.

O museu como lugar passivo foi desarticulado com o Minimalismo na década de 1960 e logo em seguida a Arte Conceitual entrou em cena questionando de forma crítica e decisiva as instituições culturais, em especial o museu, o templo da sacralização da arte. O embate foi travado entre o museu e as novas propostas artísticas, efêmeras, privilegiando a ideia contra a materialidade que se armazena na instituição e alimenta o mercado de arte com mercadorias. A arte, desde então, passou a ser uma usina geradora de críticas, provocações e incômodos. Os mal-entendidos entre a arte e a  instituição museal foram inevitáveis e imprevisíveis.

O caráter problematizador dessa produção de arte praticamente rejeitou o estatuto da obra de arte como produto, isto contrariou interesses do mercado e o desejo de classificar e acomodar da instituição museológica. Para a arte contemporânea, o museu com sua arquitetura característica, com função de alojar uma diversidade de procedimentos, é um laboratório de ensaio do que pode ser uma obra de arte, um campo de experimentação. O museu é indispensável, é o ponto de partida e a estação de chegada. É ele que legitima o que se designa experiência artística. E o papel do museu, mais do que armazenar obras, é ser um espaço de pensamento crítico e educativo, frequentado por um público ativo e não mero observador do que está em exposição.

De certa forma, a arte produzida hoje, expõe feridas da cultura e do sistema da arte.  E o imaginário museal tem uma importância na formação do olhar capaz de pensar sobre a arte, do olhar que deixou de contemplar passivamente para experimentar e vivenciar. A arte de hoje não nos diz nada como a arte do passado, ela convida o espectador para refletir sobre o que é uma obra de arte e suas relações com o sistema institucional. Nesse caso, o museu é o lugar privilegiado para o exercício do pensamento, até porque, as obras efêmeras são transferidas ou resgatadas para dentro do discurso e da instituição museológica pelos documentos, registros e reproduções.

Almandrade

(artista plástico, poeta e arquiteto)

 

10ª Semana de Museus movimenta Museu da Cidade – Salvador:

Bate-papo com Almandrade

Tema: “O Museu e a Arte Contemporânea: Um Desafio”

16 de maio (quarta feira) às 10 h.

MUSEU DA CIDADE

Largo do Pelourinho – Centro Histórico – Salvador

Domingos na Música

A primeira edição do projeto ‘Domingos na Música’ acontece neste domingo (13), a partir das 16h, no Palacete das Artes Rodin Bahia, apresentando ao público show de Gereba, voz e violão. Será uma reverência aos 100 Anos de Luiz Gonzaga e integra a mostra que a instituição promove na Sala de Arte Contemporânea – ‘O Imaginário do Rei: Visões sobre o Universo de Luiz Gonzaga’. As duas iniciativas são gratuitas.

Gereba é instrumentista, compositor, arranjador, produtor cultural e autor de projetos para a música brasileira, entre eles, ‘Dom Quixote, Xote Xote’, com a participação da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba) e Dominguinhos, e, mais recentemente, ‘A Vila do Gonzaga’.

Suas composições foram gravadas por Cássia Eller, Beth Carvalho, Caetano Veloso, Fagner, Trio Nordestino e Folk Crieg (Alemanha). No momento está finalizando o CD ‘Luas do Gonzaga’.

Sintonia – ‘Domingos na Música’ foi idealizado pela equipe do Palacete das Artes para valorizar o artista baiano popular e erudito, ampliando as possibilidades do público ao acesso à cultura, em sintonia com a política de integração da Diretoria de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultura (Ipac) e da Secretaria de Cultura do Estado (Secult).

O projeto prossegue até dezembro, com apresentações mensais. Em junho, Carlos Pita, seguido de Júlio Caldas (julho), Rita Braz (agosto), Carlos Barros (setembro), Janela Brasileira (outubro) e Alex Mesquita (dezembro).