Decidido: o tatu-bola, nativo do Brasil, será o símbolo da Copa do Mundo de 2014. Nada mais justo, partindo da FIFA e da CBF: o tatu-bola tem casca grossa, come de tudo e, quando ameaçado, vira uma bolinha e finge que não é com ele. (Brickmann)
Decidido: o tatu-bola, nativo do Brasil, será o símbolo da Copa do Mundo de 2014. Nada mais justo, partindo da FIFA e da CBF: o tatu-bola tem casca grossa, come de tudo e, quando ameaçado, vira uma bolinha e finge que não é com ele. (Brickmann)
Caiu na rede!
Um tempo sem nome
Rosiska Darcy de Oliveira
Com seu cabelo cinza, rugas novas e os mesmos olhos verdes, cantando madrigais para a moça do cabelo cor de abóbora, Chico Buarque de Holanda vai bater de frente com as patrulhas do senso comum. Elas torcem o nariz para mais essa audácia do trovador. O casal cinza e cor de abóbora segue seu caminho e tomara que ele continue cantando “eu sou tão feliz com ela” sem encontrar resposta ao “que será que dá dentro da gente que não devia”.
Afinal, é o olhar estrangeiro que nos faz estrangeiros a nós mesmos e cria os interditos que balizam o que supostamente é ou deixa de ser adequado a uma faixa etária. O olhar alheio é mais cruel que a decadência das formas. É ele que mina a autoimagem, que nos constitui como velhos, desconhece e, de certa forma, proíbe a verdade de um corpo sujeito à impiedade dos anos sem que envelheça o alumbramento diante da vida .
Proust, que de gente entendia como ninguém, descreve o envelhecer como o mais abstrato dos sentimentos humanos. O príncipe Fabrizio Salinas, o Leopardo criado por Tommasi di Lampedusa, não ouvia o barulho dos grãos de areia que escorrem na ampulheta. Não fora o entorno e seus espelhos, netos que nascem, amigos que morrem, não fosse o tempo “um senhor tão bonito quanto a cara do meu filho“, segundo Caetano, quem, por si mesmo, se perceberia envelhecer? Morreríamos nos acreditando jovens como sempre fomos.
A vida sobrepõe uma série de experiências que não se anulam, ao contrário, se mesclam e compõem uma identidade. O idoso não anula dentro de si a criança e o adolescente, todos reais e atuais, fantasmas saudosos de um corpo que os acolhia, hoje inquilinos de uma pele em que não se reconhecem. E, se é verdade que o envelhecer é um fato e uma foto, é também verdade que quem não se reconhece na foto, se reconhece na memória e no frescor das emoções que persistem. É assim que, vulcânica, a adolescência pode brotar em um homem ou uma mulher de meia-idade, fazendo projetos que mal cabem em uma vida inteira.
Essa doce liberdade de se reinventar a cada dia poderia prescindir do esforço patético de camuflar com cirurgias e botoxes — obras na casa demolida — a inexorável escultura do tempo. O medo pânico de envelhecer, que fez da cirurgia estética um próspero campo da medicina e de uma vendedora de cosméticos a mulher mais rica do mundo, se explica justamente pela depreciação cultural e social que o avançar na idade provoca.
Ninguém quer parecer idoso, já que ser idoso está associado a uma sequência de perdas que começam com a da beleza e a da saúde. Verdadeira até então, essa depreciação vai sendo desmentida por uma saudável evolução das mentalidades: a velhice não é mais o que era antes. Nem é mais quando era antes. Os dois ritos de passagem que a anunciavam, o fim do trabalho e da libido, estão, ambos, perdendo autoridade. Quem se aposenta continua a viver em um mundo irreconhecível que propõe novos interesses e atividades. A curiosidade se aguça na medida em que se é desafiado por bem mais que o tradicional choque de gerações com seus conflitos e desentendimentos. Uma verdadeira mudança de era nos leva de roldão, oferecendo-nos ao mesmo tempo o privilégio e o susto de dela participar.
A libido, seja por uma maior liberalização dos costumes, seja por progressos da medicina, reclama seus direitos na terceira idade com uma naturalidade que em outros tempos já foi chamada de despudor. Esmaece a fronteira entre as fases da vida. É o conceito de velhice que envelhece. Envelhecer como sinônimo de decadência deixou de ser uma profecia que se autorrealiza. Sem, no entanto, impedir a lucidez sobre o desfecho.
”Meu tempo é curto e o tempo dela sobra”, lamenta-se o trovador, que não ignora a traição que nosso corpo nos reserva. Nosso melhor amigo, que conhecemos melhor que nossa própria alma, companheiro dos maiores prazeres, um dia nos trairá, adverte o imperador Adriano em suas memórias escritas por Marguerite Yourcenar.
Todos os corpos são traidores. Essa traição, incontornável, que não é segredo para ninguém, não justifica transformar nossos dias em sala de espera, espectadores conformados e passivos da degradação das células e dos projetos de futuro, aguardando o dia da traição.Chico, à beira dos setenta anos, criando com brilho, ora literatura , ora música, cantando um novo amor, é a quintessência desse fenômeno, um tempo da vida que não se parece em nada com o que um dia se chamou de velhice. Esse tempo ainda não encontrou seu nome. Por enquanto podemos chamá-lo apenas de vida.
Publicada em O Globo, 21/01/2012
Essa Pequena
Chico Buarque
Meu tempo é curto, o tempo dela sobra
Meu cabelo é cinza, o dela é cor de abóbora
Temo que não dure muito a nossa novela, mas
Eu sou tão feliz com ela
Meu dia voa e ela não acorda
Vou até a esquina, ela quer ir para a Flórida
Acho que nem sei direito o que é que ela fala, mas
Não canso de contemplá-la
Feito avarento, conto os meus minutos
Cada segundo que se esvai
Cuidando dela, que anda noutro mundo
Ela que esbanja suas horas ao vento, ai
Às vezes ela pinta a boca e sai
Fique à vontade, eu digo, take your time
Sinto que ainda vou penar com essa pequena, mas
O blues já valeu a pena
O SESC Feira de Santana comemora com orgulho o seu 15º aniversário com forte atuação na melhoria da qualidade de vida do seu principal cliente, o trabalhador do comércio e serviços, bem como no desenvolvimento econômico, cultural e social da Princesa do Sertão.
E com a certeza de estar apenas iniciando este grandioso trabalho, uma grande festa, a ser realizada no dia 18 de março, comemora o 15º Aniversário do Centro SESC Feira de Santana contando com uma programação rica e diversificada, baseada no tema SESC 15 anos, Construindo a Paz através da Cidadania, com atividades lúdico-educativas, voltadas para todas as idades e gostos, inclusive com um show do cantor feirense Luiz Caldas.
Data: 18/03/2012
Horário: Das 09:00h às 17:00h
Contação de Histórias; oficinas de reutilização de material reciclável; Campanha Educativa “A Paz e a Preservação Também são Coisas de Criança”, com distribuição de Kits ambientais;
O SESC convida você e a sua família!
SESC, construindo a Paz através da cidadania!
Apoio: Mov Paz, SMS, Vitalab, Centro Médico dos Remédios e SEMMAM.
O lançamento do catálogo “Arquivo Fotográfico Zélia Gattai Volume 1 – Casa do Rio Vermelho: Família”, realizado ontem, na Fundação Casa de Jorge Amado (Pelourinho) serviu de mote também para a divulgação da programação oficial em homenagem ao centenário de Jorge Amado. Confira os destaques da programação:
Março
•O escritor será tema de palestras de Antonella Rita Roscilli e Gianni Miná, na Biblioteca Nazionale Centrale di Roma, na Itália. O evento contará também com leituras de trechos de obras de Jorge Amado realizadas por autores italianos, além da exposição fotográfica “O Universo Amadiano”, do jornalista baiano Sérgio Siqueira.
Abril
•Dia 17: Exposição “Jorge, Amado e Universal”, com fotografias, objetos, folhetos de cordel e filmes, no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo
•Dia 19: Atividades na Biblioteca Nacional de Roma, na Itália
•26/04: Palestra de Myriam Fraga sobre a relação entre os livros de Jorge Amado e a religião afro-brasileira, no terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, em Salvador
•Dia 28: Projeto Merendas de Dona Flor, com feira gastronômica inspirada nos livros de Jorge Amado, às 16h, no Largo do Pelourinho, em Salvador
Maio
•Dia 14: Exposição “Zélia Gattai – 96 anos de palavras e imagens”, no Café-Teatro Zélia Gattai, na Fundação Casa de Jorge Amado, como parte integrante da Semana de Museus
•Dia 26: Projeto Merendas de Dona Flor, com feira gastronômica inspirada nos livros de Jorge Amado, às 16h, no Largo do Pelourinho, em Salvador
Junho
•Lançamento do livro “Jorge Amado e a Sétima Arte”, com depoimentos de autores, cineastas, atores, atrizes, diretores, roteiristas, jornalistas e pesquisadores coletados a partir da XXVIII Jornada Internacional de Cinema da Bahia, realizada em 2001. Data e local a serem definidos.
Julho
•Lançamento do livro comemorativo aos 25 anos da Fundação Casa de Jorge Amado, com fotografias e informações sobre o trabalho de preservação e divulgação da memória do escritor. Data e local a serem definidos.
•Exposição comemorativa aos 25 anos da Fundação Casa de Jorge Amado, no shopping Iguatemi, em Salvador. Data a ser definida.
•Dia 28: Projeto Merendas de Dona Flor, com feira gastronômica inspirada nos livros de Jorge Amado, às 16h, no Largo do Pelourinho, em Salvador
Agosto
•Dia 10: Exposição no Museu de Arte Moderna da Bahia
•dia 20: Curso Jorge Amado 2012 – II Colóquio Internacional de Literatura Brasileira, promovido pela Academia de Letras da Bahia em parceria com a Fundação Casa de Jorge Amado. A programação inclui o lançamento do livro com os anais da edição 2011. Informações sobre inscrição devem ser divulgadas até julho.
•Dia 25: Projeto Merendas de Dona Flor, com feira gastronômica inspirada nos livros de Jorge Amado, às 16h, no Largo do Pelourinho, em Salvador
Setembro
•Dia 29: Projeto Merendas de Dona Flor, com feira gastronômica inspirada nos livros de Jorge Amado, às 16h, no Largo do Pelourinho, em Salvador
Outubro
•Dia 11: Colóquio internacional em homenagem ao escritor, na Université Rennes 2, na França, em parceria com a Universidade Estadual de Feira de Santana
•Dia 27: Projeto Merendas de Dona Flor, com feira gastronômica inspirada nos livros de Jorge Amado, às 16h, no Largo do Pelourinho, em Salvador
Fonte: A Tarde on line – Caderno 2