Um poema de Roberval Pereyr

 

                          Canção

“Habito a mansão dos tristes, dos inconciliáveis”.

                                  T. S. Rausto

 

Não tenho muitas vontades:

contemplo a brisa;

às vezes me dói (à tarde) a vida.

 

São poucos meus companheiros,

eles estão perdidos –

e eu perdido com eles. Comigo.

 

São poucos e nunca os tive

nem os conheci –

apenas nos reunimos: para existir.”

 

                                   Roberval Pereyr

 

 

 

 

Eterno Damário Dacruz

 

Observação do Tempo

Amanhecemos

com os olhos de amanhã

e o dia é hoje.

.

Anoitecemos

com os sonhos de ontem

e a noite é hoje.

.

E de tanta

falta de sintonia,

de tanta busca

e farta agonia,

rabiscamos no calendário

a morte dos dias

                                   (Damário da Cruz)

Um livro, muitas história: Então…

Tive a honra de receber o mais novo livro de poemas do poeta Iderval Miranda, lançado em junho de 2013. Motivos diversos me obrigaram a deixa-lo na estante, espiando para mim e impondo a sua presença. Acontece que “Então”, não é um livro qualquer; não é para ser folheado. Ele é documento, memória, poesia, vida.

Publico hoje o primeiro poema, aquele que me prendeu. Aos poucos apresentarei as diversas facetas desse livro instigante.

Breve metafísica

já não me bastam as pequenas fantasias,

ou volúveis sonhos, as noites de desespero.

diante de mim,

o deserto da grande espera

e o infindável horizonte do nada.

assim caminharei,

por sobre pedras e espinhos,

buscando em carne e espírito

o que foi sem nunca ter sido.

In MIRANDA, Iderval. Então (poemas). Feira de Santana, Tulle, 2013, p. 83.

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