Evolução do carnaval da Bahia III

 

Os blocos de trios

Aurélio Schommer

O Bloco Internacionais é de 1962. A ele se seguiram o Corujas, em 1963, As Muquiranas, em 1966, Camaleão (1978), Eva e Cheiro de Amor (1980) e Crocodilo (1985), além de dezenas de outros. Se, no início, os trios viviam apenas de publicidade, com os blocos e suas cordas passaram a ter uma fonte de receita ainda mais significativa, chegando a faturar milhões em cada carnaval. Essa fórmula (trio + patrocínio + bloco com cordas) será igualmente exportada para micaretas e outras festas, multiplicando as receitas da indústria do carnaval baiano.

 Alguns blocos geram bandas, que gravam discos de grande sucesso. Nova fonte de receita e mais divulgação para a produção musical baiana, que atinge o auge nos últimos 30 anos. Por falar em música, o chamado axé não é um gênero, mas uma marca da música baiana que incluiu o frevo, o samba, o rock, o pop, a balada e, acreditem, marchas de bandas militares, onde se formaram muitos dos músicos que fariam os primeiros carnavais de trio. O axé é sobretudo a mistura de todos esses ritmos, reinventados. É criação permanente, a cada ano diferente, mas sempre respeitando a essência da forma de brincar em torno do trio elétrico, o seu dançar e pular típicos.

Nenhum grupo representa melhor o carnaval baiano atual do que a Timbalada, fundado em 1993 por Carlinhos Brown, que envolve a comunidade do Candeal. Nele, tudo se cria e recria com muita velocidade, com grande apuro técnico e artístico.

O modelo do carnaval baiano recebe muitas críticas de quem fica de fora da corda e até hoje não conseguiu emplacar com sucesso como espetáculo televisivo, residindo aí sua grande limitação. A grandiosidade dos trios e o fluxo de foliões, por outro lado, tornaram as ruas estreitas, apertadíssimas. A possibilidade de mudar o circuito para locais mais amplos, porém, é temida em função da perda de tradição que representaria. A rua faz parte do carnaval baiano desde os primeiros carros alegóricos, do corso.

Como preservar tradição, melhorar o acesso do público não pagante de abadás e camarotes, e ganhar espaço físico para o trio sem perda de identidade são desafios que se colocam para nosso carnaval. Mas a criatividade do baiano haverá de dar respostas satisfatórias, como sempre aconteceu. Surgido entre nós como divertimento da elite, imposto como alternativa organizada contra o violento entrudo, o carnaval tornou-se parte de nossa cultura, símbolo de nossa identidade étnica e fonte de atração de recursos e turistas. Preservar o que a festa tem de melhor e torná-la cada vez mais bonita e representativa de nossas raízes depende de nós.

 

 

Dodô Osmar e o frevo novo

“Todo mundo na praça e manda a gente sem graça pro salão”, diz o verso de Caetano Veloso. A metade do século XX está para chegar e o carnaval nas muitas praças populares, nos bairros e em alguns pontos do centro, vai se tornando manifestação de massa aceita e aplaudida, enquanto a elite tradicional mantém os bailes nos salões. O corso entra em decadência, mas será salvo por uma invenção que irá unir elite e povo num só carnaval: o trio elétrico.

 O trio é de 1951, obra do engenheiro Temístocles Aragão. Mas ele não teria criado a invenção se não fosse uma dupla inventar a guitarra elétrica brasileira (já existia nos Estados Unidos), adaptada a um automóvel, no ano anterior, obra de Adolfo Nascimento (Dodô) e Osmar Macedo, que também criaram o ritmo “frevo novo”, adaptação do tradicional ritmo pernambucano à nova instrumentação.

O sucesso da novidade foi instantâneo e não apenas mudou radicalmente o modo predominante de se brincar na Bahia como daria início, anos depois, à exportação da folia baiana para todo Brasil e exterior.

 O trio rompe os conceitos de espaços privados, pois atrás dele, pulando, vão gentes de todas as classes sociais, dançando e pulando de todas as maneiras possíveis, ao som de ritmos misturados, o que bem mais tarde será chamado de axé (em iorubá = energia vital).

 Mas o trio, para se impor, precisava de patrocínio. Em 1952, a Fratelli Vita, fábrica baiana de refrigerantes, patrocina Dodô e Osmar, que inauguram, no mesmo ano, o caminhão no lugar da picape e da “fubica”, como fora batizado o primeiro carro, um Ford 1929, da dupla. Nesse mesmo ano, surge a micareta de Feira de Santana, logo em seguida a de Alagoinhas, inspiradas pelas novidades.

 Assim, vitaminado pelos patrocínios e amado pelos foliões, o trio não para de crescer e caracteriza definitivamente o carnaval baiano aos olhos dos brasileiros e estrangeiros, que comparecem em grande número a nosso carnaval. O carnaval de trio, além das micaretas e outras festas, passa a ser a forma de festejar predominante de muitas outras cidades, todas tendo a Bahia como referência, um sucesso que enche de orgulho o povo baiano.

Aurélio Schommer –  É natural de Caxias do Sul – RS (1967), radicado em Salvador desde 1995, é escritor e vice-presidente do Conselho Estadual de Cultura da Bahia. Em 2011, foi o curador da 1ª edição da Flica, de que é fundador e participante da curadoria. É ex-presidente da Câmara Bahiana do Livro – CBaL (gestão 2009/2010). Autor de “História do Brasil vira-lata” (Casarão do Verbo – 2012), tem oito títulos publicados, entre romances, relatos históricos, livro de contos e o Dicionário de Fetiches (2008), obra de referência. Participa de um quadro periódico sobre literatura na rádio Educadora, de Salvador.

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Evolução do carnaval da Bahia II

 

O carnaval dos afoxés, blocos, cordões e batucadas

                                                           Aurélio Schommer

Data de 1892 a primeira participação de descendentes de africanos no carnaval oficial da Bahia, através dos clubes Embaixada Africana e Pândegos d’África. Incentivada e saudada pela imprensa por conta do “bom comportamento” dos negros, a participação dos clubes africanizados seguia a linha de negar a bagunça do entrudo em nome da ordem dos desfiles. Nem todos os afrodescendentes, porém, podiam participar. Fazer parte de um clube era privilégio de mulatos de classe média.

Os demais afrodescendentes queriam brincar o carnaval a sua maneira, organizando-se em afoxés e “batuques”, como a mídia classificava as músicas tocadas por eles. Em 1905, a Polícia baixa portaria proibindo os “batuques”, fazendo cumpri-la com rigor.

A organização de blocos, cordões e batucadas foi a resposta popular às proibições. Eles desfilavam e promoviam bailes de rua nos bairros periféricos, na Baixa dos Sapateiros e Terreiro de Jesus, longe dos olhos da elite. Passaram a ser tolerados justamente por se distanciarem do centro, a área nobre entre o Campo Grande e a rua Chile, ocupada pelos corsos.

Com o decorrer da primeira metade do século XX, o patrocínio de casas comerciais e das primeiras emissoras de rádio baianas deu gás e aceitação aos blocos, onde o samba e outros ritmos apropriados ao predomínio dos instrumentos de percussão se destacavam como trilha sonora. A tradição chegou até nossos dias a partir deles, sendo os blocos afro e o chamado Carnaval Ouro Negro formas modernas de representar esses antigos carnavais populares.

Se o afoxé é uma tradição muito antiga, é com a criação do Filhos de Gandhi, em 1949, que ganha expressão de público e atrai a curiosidade e, mais adiante, a fidelidade de baianos e visitantes.

A partir dos anos 1970, surgem novos blocos afro, com refinada produção musical e a proposta de resgatar as raízes e o orgulho africanos de nossa gente. O Ilê Ayiê, da Liberdade, é de 1974. Com três mil componentes, 147 deles na bateria, enche as ruas do circuito oficial do carnaval. Mas é o Olodum, fundado em 1979 no Pelourinho, quem irá projetar essa forma de fazer música e carnaval para o mundo.

Foi um sucesso estrondoso, projetou o nome de nossa terra para a aldeia global, fenômeno de rápida disseminação, que contribui enormemente para a atração de turistas.

Logo houve a fusão entre trio e bloco afro, o que gerou novos sucessos, como o Araketu, fundado em 1980. Na medida desse sucesso, a baianidade passa a ser sinônimo de negritude, marca até hoje mantida.

 Aurélio Schommer – É natural de Caxias do Sul – RS (1967), radicado em Salvador desde 1995, é escritor e vice-presidente do Conselho Estadual de Cultura da Bahia. Em 2011, foi o curador da 1ª edição da Flica, de que é fundador e participante da curadoria. É ex-presidente da Câmara Bahiana do Livro – CBaL (gestão 2009/2010). Autor de “História do Brasil vira-lata” (Casarão do Verbo – 2012), tem oito títulos publicados, entre romances, relatos históricos, livro de contos e o Dicionário de Fetiches (2008), obra de referência. Participa de um quadro periódico sobre literatura na rádio Educadora, de Salvador.

Poesia em prosa

 

Carta de Caymmi para Jorge Amado

“Jorge, meu irmão, são onze e trinta da manhã e terminei de compor uma linda canção para Yemanjá, pois o reflexo do sol desenha seu manto em nosso mar, aqui na Pedra da Sereia. Quantas canções compus para Janaína, nem eu mesmo sei, é minha mãe, dela nasci. Talvez Stela saiba, ela sabe tudo, que mulher, duas iguais não existem, que foi que eu fiz de bom para merecê-la? Ela te manda um beijo, outro para Zélia e eu morro de saudade de vocês. Quando vierem, me tragam um pano africano para eu fazer uma túnica e ficar irresistível.

Ontem saí com Carybé, fomos buscar Camafeu na Rampa do Mercado, andamos por aí trocando pernas, sentindo os cheiros, tantos, um perfume de vida ao sol, vendo as cores, só de azuis contamos mais de quinze e havia um ocre na parede de uma casa, nem te digo. Então ao voltar, pintei um quadro, tão bonito, irmão, de causar inveja a Graciano. De inveja, Carybé quase morreu e Jenner, imagine!, se fartou de elogiar, te juro. Um quadro simples: uma baiana, o tabuleiro com abarás e acarajés e gente em volta. Se eu tivesse tempo, ia ser pintor, ganhava uma fortuna. O que me falta é tempo para pintar, compor vou compondo devagar e sempre, tu sabes como é, música com pressa é aquela droga que tem às pampas sobrando por aí.

O tempo que tenho mal chega para viver: visitar Dona Menininha, saudar Xangô, conversar com Mirabeau, me aconselhar com Celestino sobre como investir o dinheiro que não tenho e nunca terei, graças a Deus, ouvir Carybé mentir, andar nas ruas, olhar o mar, não fazer nada e tantas outras obrigações que me ocupam o dia inteiro. Cadê tempo pra pintar?

Quero te dizer uma coisa que já te disse uma vez, há mais de vinte anos quando te deu de viver na Europa e nunca mais voltavas: a Bahia está viva, ainda lá, cada dia mais bonita, o firmamento azul, esse mar tão verde e o povaréu. Por falar nisso, Stela de Oxóssi é a nova iyalorixá do Axé e, na festa da consagração, ikedes e iaôs, todos na roça perguntavam onde anda Obá Arolu que não veio ver sua irmã subir ao trono de rainha? Pois ontem, às quatro da tarde, um pouco mais ou menos, saí com Carybé e Camafeu a te procurar e não te encontrando, indagamos: que faz ele que não está aqui se aqui é seu lugar? A lua de Londres, já dizia um poeta lusitano que li numa antologia de meu tempo de menino, é merencória. A daqui é aquela lua. Por que foi ele para a Inglaterra? Não é inglês, nem nada, que faz em Londres? Um bom filho-da-puta é o que ele é, nosso irmãozinho.

Sabes que vendi a casa da Pedra da Sereia? Pois vendi. Fizeram um edifício medonho bem em cima dela e anunciaram nos jornais: venha ser vizinho de Dorival Caymmi. Então fiquei retado e vendi a casa, comprei um apartamento na Pituba, vou ser vizinho de James e de João Ubaldo, daquelas duas ‘línguas viperinas, veja que irresponsabilidade a minha.

Mas hoje, antes de me mudar, fiz essa canção para Yemanjá que fala em peixe e em vento, em saveiro e no mestre do saveiro, no mar da Bahia. Nunca soube falar de outras coisas. Dessas e de mulher. Dora, Marina, Adalgisa, Anália, Rosa morena, como vais morena Rosa, quantas outras e todas, como sabes, são a minha Stela com quem um dia me casei te tendo de padrinho. A bênção, meu padrinho, Oxóssi te proteja nessas inglaterras, um beijo para Zélia, não esqueçam de trazer meu pano africano, volte logo, tua casa é aqui e eu sou teu irmão Caymmi”.

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CLUBE DE FOTOGRAFIA DE FEIRA DE SANTANA REALIZA PROJETO FOTOGRÁFICO “CANUDOS, ESSA HISTÓRIA NÃO PODE MORRER!”

 

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Veiculado pela imprensa estadual e nacional, acontece um fenômeno natural surpreendente para nós fotógrafos e que fez reaparecer parte da história do Brasil, a Guerra de Canudos.

A Guerra de Canudos ou Campanha de Canudos foi o confronto entre quase a totalidade do Exército Brasileiro e os integrantes de um movimento popular de fundo sócio-religioso liderado por Antônio Conselheiro, que durou de 1896 a 1897, na então comunidade de Canudos, no norte do estado da Bahia, nordeste do Brasil. Localizada na entrada para o Raso da Catarina, devido ao longo período de estiagem no sertão, voltou a aparecer do fundo do Açude de Cocorobó, as ruínas da antiga cidade de Canudos, destruída por este grande massacre. Um evento que merece ser registrado, devido à sua importância e pela raridade do acontecimento. A última vez que parte das ruínas foram registradas, foi pelo conhecido Evandro Teixeira (75 anos), que trabalhou como fotógrafo do Jornal do Brasil. Evandro Teixeira publicou um livro fotográfico das ruínas da Velha Canudos, obtendo reconhecimento nacional e internacional pelo excelente trabalho.

Assim, o Clube de Fotografia de Feira de Santana, estará na região de 25 a 28 de abril, com o objetivo de realizar um documentário fotográfico, entrevista com moradores e vídeos documentários, visando a produção posterior de uma exposição fotográfica intinerante, bem como a publicação de um livro, mostrando toda a história e situação da região e dos seus habitantes. Os fotógrafos associados que participarão do projeto “Canudos, essa história não pode morrer!”, acreditam nesta excelente oportunidade para a realização do mesmo, que visa documentar, divulgar e resgatar parte da nossa história, seguindo a indignação de Euclides da Cunha, que em 1901 afirmou: “Aquela campanha lembra um refluxo para o passado. E foi, na significação integral da palavra, um crime. Denunciemo-lo”.

Clube de Fotografia de Feira de Santana

Membro da Rede de Produtores Culturais da Fotografia no Brasil

www.clubedefotografia.com

 

 

O Cruz Vermelha. O primeiro clube carnavalesco da Bahia

 

Carro alegórico - Blog Memoria da Bahia

O Clube Cruz Vermelha nasceu antes do Carnaval, 1883, para estrear na primeira festa oficial de Momo, ou seja, no ano seguinte e essa coincidência me faz pensar, sei que é uma ilação, que tenha sido o Clube quem articulou com os orgãos oficiais para a realização do primeiro Carnaval de Salvador. Tinha sentido criar uma agremiação carnavalesca apenas para participar do entrudo?

O Cruz Vermelha nasceu há 130 anos por iniciativa do comerciante José Oliveira Castro e estreou no primeiro carnaval baiano com uma proposta temática, alusiva às loterias, na verdade uma crítica; naquele tempo a imprensa denunciava a caixa preta das extrações e não se sabia se de fato entregavam o prêmio prometido.

O clube reunia comerciantes, brasileiros e portugueses, e tinha sede social na Barroquinha, então um ativo centro comercial, onde despontavam lojas de sapatos, tecidos e adereços. Estabelecimentos que importavam, da Alemanha e Itália, rolos de tecidos e lantejoulas, matéria prima para confeccionar as magníficas fantasias que caracterizaram o Cruz Vermelha ao longo de sua existência.

No Carnaval de 1885 desfila pela primeira vez aquele que seria o grande rival do Cruz Vermelha, o Clube Carnavalesco Fantoches de Euterpe, com carro alegórico romano e préstito inspirado na entrada triunfal de César em Roma. Rivalidade de várias décadas que atingiria o clímax nos anos 30 quando o Cruz Vermelha já tinha sede na Piedade e o povo aglomerava-se na Rua Chile para gritar “Viva Cruz!, Viva Fantoches!, saudando as suntuosas carruagens, e os enredos mitológicos, a bordo lindas senhoritas e garbosos rapazes da sociedade baiana como protagonistas.

Durante a II Guerra mundial o Clube sacrificou a marca consolidada no imaginário dos baianos e mudou o nome para Cruzeiro da Vitória para não ser confundido com a organização assistencialista; ao que parece não foi uma decisão acertada. Então, a sede do Cruz Vermelha já era no Campo Grande, no prédio onde hoje funciona a Fundação João Fernandes da Cunha, de onde saia o cortejo com a famosa guarda de honra composta por belas baianas.

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A rivalidade entre os dois clubes de elite do Carnaval baiano crescia com a adesão e provocação da imprensa, brigas entre as torcidas ocorreram em algumas ocasiões – 1959 com grande pancadaria – mas tudo era esquecido no ano seguinte. Naquele momento o Clube Inocentes do Progresso era mais um a disputar a preferência do público. Nessa década de 50 o Cruz Vermelha se renova graças ao empenho de João Pereira de Souza que investe suas energias para devolver ao clube o antigo esplendor.

O Cruz Vermelha conquistou 72 títulos e desfilou pela última vez, Tudo indica que em 1963, com o tema de Helena de Tróia e a guarda troiana revivendo a mística dos carnavais de início do século. Não era o mesmo clube, perdera espaço para os trios elétricos que já despontavam como tendência. E o glamour, o luxo representado pelo estandarte símbolo bordado em ouro com pedras preciosas ao redor do veludo, não mais tinha sentido entre os baianos.

Era o fim de uma era. O guia turístico da cidade; “Beabá da Bahia” de 1951, já previra esse final melancólico: “Os carros alegóricos do Fantoches, Cruzeiro da Vitória e Inocentes em Progresso, por mais dispendiosos que sejam sente-se que seu tempo já passou”. Era verdade. As trombetas dos figurinos de outrora abriam alas para a guitarra baiana com as suas cornetas amplificadoras.

Carnaval Cruz-Vermelha_ - Fantasias

Fonte: Memorias da Bahia