Poesia

 

TOADA

 Antonio Brasileiro

Pertencemos ao Universo,

mas o Universo é inventado.

Vamos saindo de lado,

porque o mundo é invertido.

Mas o mundo é divertido

e nós somos o inverso:

sérios, casmurros, contidos

como um bicho de seis lados –

quatro lados embutidos,

os outros dois atolados.

Entro na perna do pinto,

saio na perna do pato.

Quem quiser, me conte cinco.

Um poema de Roberval Pereyr

EXERCÍCIO

O ser é um sopro?

Um eco? A contraparte

do ego

              ferido?

O ser é um não

falseado? Um passo

em vão

          no Vazio? Um rio

constelado de enigmas?

O ser é um mito

oco? Um grito

aviltado nos vãos de vinte séculos?

O ser é um erro

de cálculo, um simulacro

do si, que é, já este,

um simulacro?

O ser é um só? Um nó

que se desfaz em infinitos

nós?

Que é, afinal, o ser

além desta vontade

mórbida, imensa

                          de esquecer?

Extraído do livro Amálgama (Nas praias do avesso e Poesia anterior), 2004, p. 21.

Roberval Pereyr reside em Feira de Santana. Co-fundador da revista Hera (1972), que dirigiu, quase sempre em parceria, desde 1973. Criou ainda as coleções literárias Olho D’Água (1982) e Bocapio (1991), além da revista de poesia Duas Águas, com Pablo Simpson (Campinas – SP, 1997). Fundou e dirige as editoras alternativas Estrada e Tulle. Estudante de flauta doce e compositor (parceiros: o catarinense Márcio Pazin, além de Tito Pereira e Carol Pereyr, seus filhos). Tem poemas publicados em antologias nacionais e internacionais, entre as quais Roteiro da poesia brasileira – anos 60, da Global Editora. Entre seus livros de poesia encontram-se As roupas do nu (1981), Ocidentais (1987), O súbito cenário (1996) Concerto de ilhas (1997), Saguão de mitos (1998), Amálgama – Nas praias do avesso e poesia anterior (2004) e Acordes (2010). Publicou ainda A unidade primordial da lírica moderna (teoria da literatura, 2000). Está no prelo o livro A mão no escuro (desenho artístico). Doutor em Letras e Professor Pleno da Universidade Estadual de Feira de Santana.

Roberval Pereyr é o vencedor do Prêmio Braskem de Poesia.

O poeta feirense Roberval Pereyr é o ganhador do Prêmio Nacional de Poesia 2011, promovido pela Braskem e pela  Academia de Letras da Bahia. O livro “Mirantes” do pseudônimo Pedro P.P., que foi mantido sob sigilo, foi o escolhido pela Comissão Julgadora composta pelos acadêmicos Antonio Carlos Secchin, José Carlos Capinan e Ruy Espinheira Filho.

Logo após o anúncio do vencedor, o envelope foi aberto pelo Presidente da ALB, Dr. Aramis Ribeiro Costa, que identificou o autor da obra como o Sr. Roberval Alves Pereira, poeta feirense conhecido como “Roberval Pereyr.”

Os envelopes foram abertos no dia 12/01/2011 às 17:00h pelo Presidente da ALB, na presença da Comissão Julgadora, da Secretária e da Coordenadora da Biblioteca da ALB.

Mais de 100 inscritos concorreram ao Prêmio e os estados com maior representatividade foram Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul.

A premiação será dupla. Caberá ao vencedor uma quantia em dinheiro e a publicação do livro por uma editora de projeção nacional.

Muito sucesso para Roberval Pereyr!