Parte 2: O Brasil em Paris

Por Simone

Naquela época, para matar a saudade de casa, nos dias de festa, se dançava em

 “O balancê, balancê,

quero dansar com você!

entra na roda, morena pra ver,

ô balancê, balancê…”

Interpretado por Gal Costa.

Para ajudar, minhas irmãs mais velhas, trocavam as garrafas de plástico no supermercado, por algumas moedas, essas mesmas garantiam a baguette do dia. Foi então que um anjo então apareceu, ele se chama Denis.

Apesar de se sentir amada, a saudade de casa sempre estava presente. Ela cantava para liberar sua dor.

“Canta, Canta,

passarinho, canta,

canta miudinho,

na palma da minha mão,

quero ver você voando,

 quero ouvir você cantando,

 quero paz no coração…”

Se ouvia também nos dias de alegria

“C’est si bon,

se promener à Montmartre,

boire un verre de Cognac,

mon amour c’est si bon !

com a sua adaptação original!

Leni_Alma Marceau 81

Lene em Alma-Marceau (1981)

Quando morávamos em Fontenay aux Roses, a Java de Edith Piaf, se espalhava pela sala de estar:

“Entraînés par la foule

qui s’élance

Et qui danse,

Une folle farandole

 Nos deux mains restent soudées…”

Naquela época, houve muito acarajé parisiense, feijoadas internacionais e fantasias de Baiana…

Nos domingos durante os almoços, com a turma dos Brasileiros de Paris, se ouvia samba o que chamo hoje de Música de Domingo, música que esverdeava o céu cinzento de Paris.

Leni_Ana-Rosa_5768-reduzidaAniversário de Simone

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Parte 1: Exílio

Por Simone

Para Mainha,
Leninho, Lene, Leny,

Minha mãe era uma mulher maravilha. Era uma mulher de numerosos talentos. Excelente professora, irmã dedicada, uma mãe amante que nos ensinou a não ter medo e alcançar nossos sonhos.

Foi junto com ela que fui pela primeira vez à universidade pois ela me carregava no seu ventre em 1976.

Difícil descrevê-la, com simples palavras. Não tendo a habilidade que ela tinha para manipular a Língua Portuguesa.

Durante muitos anos pensava que minhas decisões eram próprias, mas a minha educação, cultura, e simplesmente meu jeito de ser foi, sem me dar conta, constituído por tudo que ela me ensinou.

Talvez consiga descrevê-la com algumas músicas que nos acompanharam esses últimos 42 anos.

Em 1981, quando tinha 5 anos, cantávamos juntas “Pégaso” de Morais Moreira. Lembro que era minha preferida.

“Era uma vez, vejam vocês,

um passarinho feio, que não sabia o que era,

nem de onde veio…”

Simone_1982Simone aos 6 anos

Chegamos na França em 1982, eu tinha 6 anos. Nas noites de muita saudade, Mainha me contava que durante o meu sono, eu viajava para o Brasil. Acreditava então, que passava minhas noites brincando na casa de minha Vó Hilda com meus primos. Corria pela varanda, que parecia verdadeiro labirinto para uma criança da minha idade, inventava brincadeiras entre as inúmeras plantas, flores e arbustos daquele lindo jardim.

Minha mãe viveu um exílio e acabou não se sentindo em casa, em lugar nenhum.

Em 1983 nos mudamos para a Torre Tokyo no bairro chinês de Paris. Inocente, pois não entendia a gravidade da situação, eu roubava os salgadinhos que minha Mãe preparava para vender a uma cooperativa. Era sua fonte de renda enquanto seu salário do Brasil não chegava. Mainha estava sozinha num país estrangeiro com suas três filhas.

Leni_chegada em Paris-reduzidaLene em Paris (1983)

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Samba Quem Bossa

Não é sempre que a gente sai e acha uma banda que encanta, mas nesse sábado fomos no boteco São Jorge no Rio Vermelho (Salvador – Bahia), e além da feijoada gostosa, tivemos o imenso prazer de ouvir a banda Samba Quem Bossa! Violão, bandolina, cavaquinho e pandeiro: uma delícia!

Sambaquembossa-01E depois se juntou uma flauta tocada por uma moça que cantava: divino! Chorei me lembrando de Leni que adorava também essas músicas.

Sambaquembossa-02Site do grupo: www.sambaquembossa.com