Aos casais apaixonados que decidirem aproveitar as ruas e pontes de Paris para declarar seu amor, a prefeitura da ‘cidade-luz’ pede: troquem cadeados por ‘selfies’.
A campanha foi lançada nesta segunda-feira (11) com o objetivo de resguardar as antigas pontes da cidade, nas quais se transformou uma tradição colocar cadeados simbolizando a passagem enamorada por ali. A ideia é que os casais façam fotos e depois as publiquem na internet, em vez de usar os cadeados, já que eles “pesam muito sobre as pontes parisienses”, segundo a prefeitura.
No dia 8 de junho, uma parte do alambrado da Pont des Arts desabou, sem causar vítimas, possivelmente por conta do peso das dezenas de milhares de ‘cadeados do amor’ presos a ela. Sobre o rio Sena, a Pont des Arts fica na altura do Museu do Louvre e é muito procurada pelos casais.
A mania começou em 2008 e virou moda entre milhares de turistas. O cadeado com o nome do casal é trancado preso à estrutura da ponte e a chave é jogada nas águas do rio.
A partir de hoje, pedestres encontram adesivos em algumas das pontes mais conhecidas da cidade sugerindo a adesão à campanha, que tem um site dedicado à postagem das fotografias. Pelo Twitter, a proposta é usar a hashtag #lovewithoutlocks (amor sem cadeados) junto com os ‘selfies’.
“É o primeiro passo em um plano mais amplo, uma tentativa inicial de comunicação para dizer às pessoas que os cadeados não são bons para o patrimônio cultural de Paris e que não são, na realidade, uma maneira ideal de simbolizar o amor”, informou a prefeitura. (Com agências internacionais)
Brindando o acontecimento recente de mais uma Flip, a festa literária que anualmente transforma a nossa linda Paraty em capital mundial da cultura, ofereço esta crônica a todos aqueles que têm o hábito de escrever. Seja por obrigação (jornalistas), devoção (escritores) ou curtição (amadores e diletantes).
Pincei e ofereço graciosamente três dicas primorosas, de três mestres da palavra (em prosa e em verso): o patrício e mestre absoluto Graciliano Ramos, o mexicano Juan Rulfo e o nosso poeta João Cabral de Melo Neto.
Vamos primeiro ao bom e velho Graça, que disse assim:
“Quem escreve deve ter cuidado para a coisa não sair molhada. Quero dizer que da página que foi escrita não deve pingar nenhuma palavra, a não ser as desnecessárias. É como pano lavado que se estira no varal. Naquela maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lava. Molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Depois colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Depois batem o pano na laje ou na pedra limpa e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar com ouro falso, a palavra foi feita para dizer.”
E a dica de Rulfo, o autor do fundamental romance “Pedro Páramo” e do volume de contos “Chão em chamas”, ambos traduzidos divinamente por Eric Nepomuceno:
“No começo, você deve escrever levado pelo vento, até sentir que está voando. A partir daí, o ritmo e a atmosfera se desenham sozinhos. É só seguir o voo. Quando você achar que chegou aonde queria chegar, é que começa o verdadeiro trabalho: cortar, cortar muito.”
É só isso. Parece fácil, não é?
E vamos à receita deliciosa de João Cabral, para fechar a crônica e abrir o dia com poesia:
“Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.”
Então, é isso. Fica combinado que o leve, o oco, a palha e o eco não servem para nada mesmo; nem na panela nem no papel.
A P55 Edições, dando prosseguimento à coleção Cartas Bahianas, lança dia 12 de agosto, na Confraria do França, das 19h às 22h, a poesia de Karina Rabinovitz no livro “mas é que eu não sabia que se pode tudo, meu Deus!”.
E, estreando na literatura, Sara Victoria, mais conhecida pela sua trajetória nas artes plásticas, com o livro de contos “CaralhoA4”.