Ainda dá tempo!

BAHIA DE TODOS OS FORRÓS 2.

Coletânea formada por dez forrozeiros de primeira linha, cujo lançamento está marcado para hoje, 24.03.2012, a partir das 13 horas, no restaurante Grande Sertão no Costa Azul, em Salvador-Ba.

Informações: 3271-1119

O couvert de R$ 10,00 (dez reais) da direito ao CD.

O referido lançamento será marcado com show de apresentação de todas as vinte músicas participantes do CD, através de seus respectivos intérpretes.

A saber:

Pedro Sampaio (Amor de raiz / O sonho)

Gilton Della Cella (Vem mais eu / Lá vem a lua)

Carlos Villela (Brasa dormida / Vaqueiro violeiro)

Juá da Bahia (Ponto fraco / Matuto)

Flor Serena ( Moda da mulher / Morro de São Paulo)

Tato Lemos ( Não brinque comigo / Arco-íris)

Carlos Pitta (Forró brasileiro / Eu te amo princesa)

Dinho Oliveira (Cordeliando o destino / Fuxico)

Eugênio Cerqueira ( Na sombra da saudade / Dia de festa)

Bando Velho Chico (Molho de pimenta / Apagando fifós)

 

 

O Caminho de volta

Téta Barbosa

Já estou voltando. Só tenho 37 anos e já estou fazendo o caminho de volta.

Até o ano passado eu ainda estava indo. Indo morar no apartamento mais alto do prédio mais alto do bairro mais nobre. Indo comprar o carro do ano, a bolsa de marca, a roupa da moda. Claro que para isso, durante o caminho de ida, eu fazia hora extra, fazia serão, fazia dos fins de semana eternas segundas-feiras.

Até que um dia, meu filho quase chamou a babá de mãe!

Mas, com quase 40 eu estava chegando lá.

Onde mesmo?

No que ninguém conseguiu responder, eu imaginei que quando chegasse lá ia ter uma placa com a palavra FIM. Antes dela, avistei a placa de RETORNO e nela mesmo dei meia volta.

Comprei uma casa no campo (maneira chique de falar, mas ela é no meio do mato mesmo.) É longe que só a gota serena. Longe do prédio mais alto, do bairro mais chique, do carro mais novo, da hora extra, da babá quase mãe.

Agora tenho menos dinheiro e mais filho. Menos marca e mais tempo.

E num é que meus pais (que quando eu morava no bairro nobre me visitaram 4 vezes em quatro anos) agora vêm pra cá todo fim de semana? E meu filho anda de bicicleta e eu rego as plantas e meu marido descobriu que gosta de cozinhar (principalmente quando os ingredientes vêm da horta que ele mesmo plantou).

Por aqui, quando chove a internet não chega. Fico torcendo que chova, porque é quando meu filho, espontaneamente (por falta do que fazer mesmo) abre um livro e, pasmem, lê. E no que alguém diz “a internet voltou!” já é tarde demais porque o livro já está melhor que o Facebook, o Twitter e o Orkut juntos.

Aqui se chama ALDEIA e tal qual uma aldeia indígena, vira e mexe eu faço a dança da chuva, o chá com a planta, a rede de cama.

No São João, assamos milho na fogueira. Nos domingos converso com os vizinhos. Nas segundas vou trabalhar contando as horas para voltar.

Aí eu lembro da placa RETORNO e acho que nela deveria ter um subtítulo que diz assim: RETORNO – ÚLTIMA CHANCE DE VOCÊ SALVAR SUA VIDA!

Você provavelmente ainda está indo. Não é culpa sua. É culpa do comercial que disse: “compre um e leve dois”.

Nós, da banda de cá, esperamos sua visita. Porque sim, mais dia menos dia, você também vai querer fazer o caminho de volta.

 

Publicado originalmente no Blog do Noblat em 27/06/2011.

Téta Barbosa é jornalista, publicitária e mora em Recife.