Juraci Dórea conta em livro a história de Feira de Santana

A Juraci 650x375_juraci-dorea-artista-visual-sertao-feira-de-santana_1510645

Eron Rezende

Embora esteja no centro de Feira de Santana, apinhado de motos, vendedores de rua e negociantes de megafone, a casa de Juraci Dórea, feita à semelhança da arquitetura árida (barro e tijolos aparentes, plantas urticantes, terreno pedregoso), tem o som de um mosteiro no sertão. “Me apeguei fácil, por isso não consigo sair”, diz ele, erguendo os braços, como se apontasse para a invisível camada que abraça sua casa e a distingue da urgência mundana. “Dizem que um artista tem que encarar o silêncio como fonte de criatividade. Aprendi isso desde cedo”.

Sua reverência ao silêncio, no entanto, parece ser menos resultado da disciplina de um artista, e mais de um traço perene de personalidade. Juraci Dórea é um sertanejo. Seu corpo viceja o sertão. Nascido, criado e “enraizado”, com ele diz, em Feira de Santana, cidade que oscila entre a geografia árida e a litorânea, ele aparenta sempre habitar o lado árido da história. “A maior parte da minha infância passei vendo os vaqueiros, as boiadas no meio da rua. A minha vivência foi em cima dessa cultura”.

Daí vem o ímpeto que o fez colocar em telas, murais e esculturas o cotidiano das terras ressequidas, a ponto de utilizar o próprio semiárido baiano como superfície de exposição, espelhando obras em comunidades do interior – algo que está na base do Projeto Terra, iniciado há 30 anos, que levou o nome de Dórea para importantes mostras de arte, como as bienais de São Paulo, Havana e Veneza. Em seu ateliê, situado ao fundo da casa, ele, com 70 anos, trabalha agora num novo projeto, uma mescla de biografia, memórias e colagem: pretende, num livro, contar a história de Feira de Santana.

“Eu queria fazer um trabalho sisudo e histórico, mas, aos poucos, percebi que o maior legado que posso deixar é uma história subjetiva”, diz, indicando uma mesa atulhada de livros, fotos e revistas que versam sobre a cidade, acumulados em quase 50 anos de carreira. Com a mente livre de um ensaísta, Dórea pretende, a partir das mudanças arquitetônicas (como a extinção de prédios históricos de arquitetura eclética), fazer uma narrativa pessoal sobre sua cidade natal.

O livro, que será concluído no final do primeiro semestre, terá edição da Universidade Estadual de Feira de Santana, onde Dórea atuou como professor do Departamento de Letras e Artes. Hoje aposentado, ele debruça-se exclusivamente sobre a feitura da obra. “É um projeto que martela minha cabeça há tanto tempo que eu achava que nunca fosse realizar. Quando a universidade colocou prazo, pensei: ‘É agora'”.

Terra

A formação em arquitetura pela Ufba o ajudará na análise das mudanças urbanas, mas é o talento de arquivista que parece sustentar a empreitada. Dórea possui catalogado praticamente tudo referente a sua própria trajetória. Numa estante próxima ao computador, que usa para digitalizar registros ainda em papel, ele guarda negativos de fotos que exibem suas primeiras exposições, a passagem das telas em carvão para as de tinta, a utilização das primeiras peças de couro em esculturas e, claro, todo o percurso do Projeto Terra.
“Esse foi um trabalho que não achava muito espaço nas mostras de arte oficiais. Aí me ocorreu  não expor na cidade, nos museus, nos circuitos oficiais, mas devolver esse trabalho para o sertão”, diz sobre o Projeto Terra. “Em vez de fazer a exposição nos museus, eu fiz a exposição no próprio ambiente de inspiração”.

Os registros mais curiosos da saga do Projeto Terra são os da interação dos moradores com as obras, sobretudo com as esculturas abstratas feitas com madeira e couro curtido. Há sempre uma reverência cautelosa, como a que exibe Edwirges, senhora que, durante o início do projeto, em 1984, auxiliou Dórea no contato com os moradores de diversos povoados do sertão, como Monte Santo, Canudos e Raso da Catarina – a estação ecológica próxima a Santa Brígida, local das aventuras de Lampião e seu bando.

“Sertão é uma palavra abrangente, porque em cada estado do país tem um. Mas o meu  é o do Nordeste. Começa em Feira e se espalha pelo oeste”, diz. “Mais do que isso,  para mim, é o lugar das coisas essenciais, onde nada é supérfluo, nada pode sobrar”.

No ano passado, quando a trajetória de Dórea foi reverenciada com uma mostra na 3ª Bienal da Bahia e com o documentário O Imaginário de Juraci Dórea no Sertão: Veredas, dirigido por Tuna Espinheira, passou pela sua cabeça que a vida, dali em diante, seria feita com o “ócio de quem se  aproxima do fim”. Ideia que, ele diz, “chegou e foi em dois segundos”. Após concluir o livro, já planeja retomar a série de quadros Cenas Brasileiras (que emulam a literatura de cordel) e já não acha descabido aventurar-se numa nova expedição para o Projeto Terra. Um fruto, ele lembra, da produtividade germinada no silêncio.

Fonte: Jornal A Tarde

.

 

Uefs inscreve para o mestrado em Planejamento Territorial

 

A Universidade Estadual de Feira de Santana inscreve até 25 de fevereiro para a seleção do Mestrado Profissional em Planejamento Territorial, destinado a portadores de diploma de nível superior. Das 25 vagas oferecidas, 15 são reservadas a servidores estaduais da Bahia. No caso de não preenchimento, essas vagas ficarão disponíveis para o público em geral.

Os procedimentos para inscrição estão disponíveis em edital publicado no site www.uefs.br,  nas seções Notícias e Editais.

O mestrado tem duas linhas de pesquisa. Na primeira, “Políticas públicas, planejamento territorial e participação social”, será abordada a relação entre as políticas públicas, desde a gênese até a execução dos projetos e programas, com o planejamento territorial nas diversas escalas. Na outra, “Planejamento territorial e geoprocessamento”, o objetivo é realizar estudos de ordenamento territorial tendo por base a interface entre a sociedade e a natureza.

Outras informações através dos telefones (75) 3161-8142 e 3161-8211 ou pelo e-mail: mppt@uefs.br.

Ascom/Uefs

 

Universidades Estaduais da Bahia – Manifestação dos docentes na Lavagem do Bonfim

O Movimento Docente (MD) das Universidades Estaduais da Bahia (Ueba) continua realizando mobilizações como parte da campanha salarial de 2012, cuja pauta foi protocolada junto ao governo em junho do ano passado. Nesta quinta (17), vão realizar uma manifestação na tradicional Lavagem do Bonfim para denunciar a condição de piores salários pagos aos professores entre as Universidades estaduais nordestinas. A concentração será às 8h, em frente ao Elevador Lacerda.

Vestindo as camisas da campanha salarial, que trazem as principais reivindicações do movimento, e portando faixas, pirulitos, balão e cartazes, ao som de uma banda de fanfarra, os professores irão denunciar a política de descaso do governo com as universidades estaduais, em particular o estrangulamento orçamentário das Ueba e a desvalorização do trabalho docente.

As mobilizações ganham mais força principalmente porque a Mesa de Negociação com o governo sobre a incorporação do restante da CET, instalada em 8 de janeiro deste ano, e a discussão do reajuste salarial de 28% precisam ser aceleradas, pois existe um indicativo de greve para ser avaliado nas assembleias das quatro universidades no início de abril.

Segundo a diretoria da Adufs, a participação nas festas populares da Bahia é muito importante para dar visibilidade à luta dos professores, além de manter um diálogo com a população baiana e contribuir para que o Movimento Docente se fortaleça ainda mais.

Para os que residem em Feira de Santana, a Adufs disponibilizará transporte. Os veículos sairão da Uefs, em frente ao Módulo IV, às 6h30, retornando de Salvador às 15 horas. O DCE e o Sintest também estão convidados a participar da manifestação.

 .

Caminhada do Folclore volta às ruas de Feira de Santana

A Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) já tem tudo pronto para a realização da 13ª Caminha do Folclore, no próximo domingo (26). A iniciativa tem o propósito de preservar, valorizar e divulgar as manifestações culturais do povo nordestino, a chamada cultura de raiz, dando visibilidade aos diferentes aspectos dos traços culturais de Feira de Santana e de outros municípios da Bahia, com expectativa de participação de mais de milhares de pessoas.

O cortejo, mais uma vez, vai percorrer cerca de dois quilômetros da Getúlio Vargas, uma das principais avenidas de Feira de Santana, dando oportunidade para que o público presencie as manifestações culturais. A saída está prevista para as 8h do Centro de Cultura Amélio Amorim, localizado na esquina da rua Frei Aureliano com a avenida Presidente Dutra, no bairro Capuchinos. Os grupos prosseguem pela  avenida Getúlio Vargas até confluência com a avenida Maria Quitéria, local da dispersão.

Estão inscritos 108 grupos de Feira de Santana e de outras cidades baianas.  Eles vão apresentar puxada de rede, quadrilha, capoeira regional e de angola, literatura de cordel, bumba meu boi, samba de roda, afoxé, reisado, samba e caretas, dentre outras manifestações.

Inserida no Guia de Bens Culturais do Brasil, a Caminhada do Folclore, promovida pelo Centro Universitário de Cultura e Arte, o Cuca/Uefs, é o único evento com esse perfil em toda a Bahia. Vem há 13 anos desencadeando um movimento de resgate e revitalização dos grupos locais, evitando a extinção. Marca também o encerramento das comemorações da Semana do Folclore.

Celismara Gomes, diretora do Cuca, observa que ao longo desses 13 anos, “a Caminhada vem passando por um processo de revitalização, levando às ruas os grupos realmente comprometidos com a cultura de raiz”. A partir desse enfoque, o evento tem apresentado várias mudanças, alcançando repercussão fora dos limites de Feira de Santana.

Ascom/Uefs