Leni David
A minha madrugada nessa noite insone
tem cor de tulipas vermelhas
e sabor de vinho quente.
a minha solidão nessa noite fria
lembra a melodia
de uma canção antiga.
O meu espaço está impregnado
de cores, cheiros
e sons difusos.
Existo
Numa bem-aventurada solidão
Paris, junho de 83
Quantas saudades de minha querida professora! Mulher firme, assertiva, energética, ensolarada, colorida, pulsante, vívida, protetora. Leni, como professora e como ser humano, me ensinou que se deve acreditar no sonho; me ensinou que sonhos se projetam, se ninam, se arquitetam e se conquistam. 2009, curso de civilização francesa no Centro de Cultura e Arte da Universidade Estadual de Feira de Santana. Ali conheci esse ser que se faz presente em minha vida habitando as minhas mais queridas lembranças. Leni me revelou a França, o poder de fazer do querer uma verdade. Jamais me esquecerei dos jantares na companhia de amigos como Juraci Dórea, Antônio Brasileiro, Glória Fernandes, Letícia Azevedo, Selma Oliveira e tantos outros. Momentos de poesia, de vinho, de sorrisos, de projetos, de celebração da vida e da amizidade. Quantas saudades! Quantas saudades! Sei que a vida é esse ir sempre… mas fica a lembrança como testemunha inegável do quanto fomos e pudemos ser felizes. Tudo é uma passagem, um rito na tessitura da eternidade. Amo-te, pró Leni, graças por tudo e, nos espaços metafísicos onde habitas ponho o meu sorriso e as minhas lágrimas ao lembrar-te como a minha prece ao teu coração.
passagem
o tempo não apaga rasuras;
abre fendas.
o tempo não desmancha amores;
eterniza-os nas paredes da memória.
o tempo não destrói caminhos;
constrói desvios na imensidão.
o tempo, o tempo…
um deus, um demônio;
uma cicatriz aberta
sobre a pele no crepúsculo das horas.
o tempo, o tempo…
uma marca, um sinal;
um vórtice no vértice
sobre a tessitura ventanosa da vida.
(Angelo Riccell Piovischini)
Muta paz, pró Leni David.
<3